quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Frederico García Lorca (10)

"Jarrón en el tejado", 1929-1930. Ilustração de FGL para "Poeta En Nueva York"

O futuro político de Paulo Portas

Perguntar não ofende...
Parece que Paulo Portas marcou para amanhã uma conferência de imprensa sobre o seu futuro político. Será que vai anunciar o lançamento de uma OPA sobre o PSD?

História(s) da Música Popular (33)


Lets Go Surfin'? (III)
Ora continuemos com a surf music e com Quentin Tarantino e o seu “Pulp Fiction”, passando agora aos Tornadoes, os de San Bernardino/Riverside Valley e não os britânicos, que também os houve parece que sem o “o” (Tornados) e que levaram o “Telstar” aos píncaros da fama. Pois os de Riverside CA, que momentaneamente chegaram a chamar-se Hollywood Tornadoes para evitar confusões, foram também, como muitos outros na surf music, um one hit wonder, e esse one hit chama-se “Bustin' Surfboards”, diz-se que o primeiro tema do género a conseguir audiência na rádio a nível nacional. Foi gravado no Verão de 1962 e um dos seus elementos distintivos é o barulho do mar (“o marulhar das ondas”!...) o que hoje nos fará sorrir na sua santa ingenuidade. Mas aqui estão eles, os Tornadoes de Riverside Valley CA e as suas “Bustin' Surfboards”.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

A Guerra Aqui (mesmo) Ao Lado (15)

Cartaz de Puyol para o "Socorro Rojo Internacional" (1936)

Comentário (muito despretensioso) de um não-professor às imagens de uma aula (3)

Na Educação, o que se tem passado até aqui é uma luta pelo poder; uma luta entre sindicatos e ministério que são quem o tem efectivamente exercido e partilhado. Nada mais. Por isso, a nenhum deles interessa uma efectiva liberalização do sector no sentido de cada escola poder vir a ter uma interferência significativa na escolha dos seus docentes e poder avaliá-los e penalizá-los em função dos resultados obtidos, que é a única maneira de o fazer de uma forma efectiva. Ao abdicar do poder de nomeação e ao permitir uma avaliação objectiva por quem pode efectivamente fazê-la (a hierarquia de cada escola, nomeada e obrigada a apresentar resultados e ela própria também sujeita a avaliação) o Ministério perde uma parte significativa do seu poder e controle. O mesmo acontece com os sindicatos, que perderão influência na justa medida em que uma avaliação rigorosa, em função dos resultados, dê origem a uma diferenciação das competências, com o estabelecimento de competitividade entre os professores e de uma diferenciação salarial entre escolas, competências ou graus de dificuldade apresentados por cada turma. Ou até mesmo por cada disciplina leccionada, não percebendo eu, por exemplo, a razão porque um professor de matemática qualificado, ou de português ou inglês (áreas que são chave no aproveitamento), não possa ser beneficiado em termos salariais. Uma das razões porque os "estes" sindicatos perderam poder e influência fora da função pública e dos professores, foi exactamente porque a electrónica e as novas tecnologias (mas não só) permitiram uma restruturação e reorganização das empresas que minimizou as funções indiferenciadas e pouco qualificadas, pagas com o mesmo salário, subalternizando a importância das grandes contratações colectivas para as quais estes sindicatos (organizados ainda em função daquilo que Toffler chamou a segunda vaga industrial, no século XX) estavam fundamentalmente vocacionados. Basta verificar o contraste que oferecem com outras formas mais modernas de organização laboral - em empresas também elas mais modernas - como, por exemplo, a comissão de trabalhadores da AutoEuropa, e o contraste apresentado nos resultados obtidos...

Por isso, as medidas propostas pela actual equipa ministerial, embora na sua grande maioria vão no sentido correcto, não atingem o essencial, o “santo dos santos” da questão educativa: a autonomia das escolas na contratação e avaliação do seu quadro docente e o estabelecimento, em função disso, de uma hierarquia de valores, competências e salários.

Duas pequenas questões para terminar de vez:
  1. Ainda ninguém me conseguiu explicar, até hoje, porque deve um professor com mais anos de serviço ser aligeirado da sua carga horária, algo que não acontece noutras profissões, sabendo, ainda por cima, que a experiência adquirida o fará investir menos tempo na preparação das aulas. Ou seja, ganha mais e trabalha menos. Nada mal!...
  2. Não é o objectivo essencial das aulas de substituição, mas, segundo uma reportagem da RTP1, parece que isso conseguiu diminuir um pouco o absentismo dos professores. Simples de perceber: se sabem que vão prejudicar um colega, pensarão duas vezes antes de faltar. Ou então sofrerão pressões do colega. Óptimo!

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

"Dica"...

Se as informações que tenho estão correctas, penso valerá a pena ver "Tough Love", uma produção da Granada Television, na SIC Mulher, quinta e sexta feira pelas 23.15h.

O Mundo em Guerra (28)

Italy

Comentário (muito despretensioso) de um não-professor às imagens de uma aula (2)

Vamos lá tentar dar sequência a post anterior e, simultaneamente, responder a alguns comentários recebidos por e-mail e caixa de comentários.

Claro que a “culpa” (melhor: a responsabilidade) é do Ministério (e não desta ministra, especificamente, mas lá iremos), mas o que é um facto é que, pelo menos ao nível daquilo que é perceptível para os observadores distanciados como eu, a conivência dos professores, ao nível dos seus organismos representativos, foi e tem sido enorme ou total. Senão vejamos:

Costumo dizer que na questão da Educação está tudo ao contrário, e que esse é de facto o pecado original, o key issue ou o Santo Graal fonte da vida ou, neste caso, de todos ou quase todos os pecados: os conselhos directivos, ou os respectivos presidentes, deviam ser nomeados pelo ministério e não eleitos pelos seus pares, e os professores não deviam ser maioritariamente nomeados pelo ministério mas escolhidos e contratados pelas escolas, ou mediante um processo em que estas tivessem uma influência decisiva. Só este sistema permitiria uma avaliação justa do desempenho de cada escola, pois ninguém, ou nenhuma entidade, pode ser justamente avaliada se não escolher os seus próprios colaboradores, ou ser eleita pelos seus pares e responder a um ministério que não a nomeou ou elegeu. Claro que o actual sistema é muito cómodo e serve ás mil maravilhas a todos, professores e ministério: ninguém pode ser responsabilizado, ninguém é portanto responsável! É o “mundo perfeito”!!! Como, para mais, os professores lá vão progredindo na carreira por via dos “créditos” ganhos em pseudo acções de formação do tipo “curso de Excel” ou de “modelação do barro de Estremoz”, estamos conversados... Digam-me, por favor: como pode funcionar um sistema em que as escolas têm os professores que não querem, os professores as escolas de que não gostam e os conselhos directivos (sem qualquer preparação específica) são eleitos tipo “chefe de turma” dos meus tempos de liceu (género: “oh! pázinho, vota em mim que eu não deixo que te batam no recreio”)? Resposta: não pode e não funciona! Pois, dir-me-ão: mas se cada escola pudesse contratar professores funcionavam as “cunhas”. Claro que era um risco isso acontecer, por vezes. No “privado” também acontece. Mas no privado, quer em escolas quer em empresas que têm de competir no mercado e responder a donos e accionistas, isso só funciona até um certo ponto, pois está limitado pela competitividade e pelos resultados e objectivos – e ninguém é masoquista! Se na escola pública existisse alguma autonomia de gestão e contratação, de facto, e subsequente controle pelo ministério dos resultados obtidos, com recompensas e penalizações, a questão das “cunhas” seria claramente atenuada e tenderia para a minimização. Ora nunca vi os professores pugnarem por este tipo de soluções, antes pelo contrário!

Tudo isto é agravado, claro está, pelo chamada “progressão nas carreiras” e pelo modo como ela se processa. Começo por contestar a própria noção de “carreira”, com tudo o que isso significa: uma progressão na profissão assegurada, à partida, desde que se não dê grossa bronca (e mesmo assim...). Quando comecei a trabalhar, ainda frequentava a universidade, ninguém me disse que iria começar como trainee, dali a dois anos seria “junior”, depois “senior” e assim sucessivamente até manager, director ou lá o que fosse. A minha única garantia era que se trabalhasse com qualidade e os meus méritos fossem reconhecidos, nessa ou noutra empresa, poderia eventualmente (friso: eventualmente) progredir e chegar a lugares de direcção. Mais nada! E é isso que contribui para fomentar a qualidade de desempenho! No caso do ensino, se a avaliação, na prática, não existe e a progressão na carreira é quase garantida, para quê o esforço? Como explicar a alguns amigos professores (juro que tentei) que as quotas são absolutamente necessárias e que, na minha vida profissional, a director só chegaram alguns, poucos?

Quanto às aulas de substituição... Discutia o assunto um dia destes com um velho amigo, professor de matemática conceituado e, on the top of that, com uma vasta cultura humanista. Perante os seus protestos, face ao assunto, e ao facto de ter de ir substituir um professor de uma outra cadeira da qual desconhecia a matéria, limitei-me a responder que seria com certeza, para ele, muito fácil ter três ou quatro tipos de temas tipificados previamente (consoante a idade dos alunos), para a eventualidade, e aplicá-los. Sugeri mesmo que podiam passar pela própria matemática, usando aquelas charadas matemáticas divertidas ou algo do mesmo género, ou por temas interessantes e engraçados, mas fora dos programas, de História ou Literatura (matérias de que ele é conhecedor). Não obtive resposta, nem qualquer contra-argumentação. Repeti a sugestão a duas amigas próximas. De uma não tive igualmente qualquer resposta e de outra (tida como a mais interessada na profissão) soube que era isso exactamente o que estava a fazer. Sem comentários, portanto!

Quanto ao facto, apresentado por uma leitora habitual, de ser difícil manter a ordem numa turma não sendo sua professora, admito que possa ser mais complicado; mas também sei que a questão da autoridade depende mais da “imagem” que se tem na escola, em função das práticas habituais conhecidas de todos os alunos, do que do facto de se ser ou não professor da turma. Sempre foi assim. Não o será ainda hoje?

E pronto. Hoje fiquemo-nos por aqui. Pode ser que volte à questão da ministra...

Grandes Séries (7)

Claro que hoje não podia deixar de ser esta: "Dame" Helen Mirren (Óscar, mais do que merecido, para a melhor actriz em 2006 pelo seu desempenho como Queen Elizabeth II em "The Queen" de Stephen Frears) como Detective Chief Inspector (mais tarde Superintendent) Jane Tennison em "Prime Suspect" (1991 - 2006). As primeiras séries de episódios passaram na RTP nos anos 90 (não sei se todas). A última série na RTP 1 há bem poucos meses. Seria uma excelente oportunidade para a mesma RTP passar toda a série. Uma justa homenagem!

domingo, fevereiro 25, 2007

Anglophilia (28)


"Purdey" - Gun & Rifle Makers

Comentário de um não-professor às imagens de uma aula

Primeiro ponto: nunca fui professor e a minha experiência didáctica limita-se a meia dúzia de vezes em que fui convidado para apresentar temas e casos da minha vida profissional em outro tanto número de aulas em estabelecimentos do ensino superior. Talvez por isso tenha ficado surpreendido (não tanto assim), há pouco, ao ver na RTP1 imagens de uma aula de substituição numa escola secundária. O facto de ser uma aula de substituição é aqui irrelevante, pois as duas coisas que me surpreenderam nada têm a ver com isso. Foram, isso sim, a professora entrar na aula perante a total indiferença dos alunos e um deles ter continuado todo o tempo com um capuz enfiado na cabeça. No meu tempo, os alunos levantavam-se, e o facto marcava não só o respeito por alguém mais velho, e que na escola representava uma certa hierarquia, como o início de um período de concentração face ao trabalho que se seguiria. E não me parece que sem essa concentração se possam obter resultados... Quanto ao capuz enfiado na cabeça... Já que não me parece isso seja aceite nos locais de trabalho, não seria bom ir habituando os alunos a algumas convenções sociais que irão encontrar na sua vida futura? Além de que não será mau impor alguma “ordem, método e disciplina”, o que estando muito longe de significar falta de liberdade ou ambiente opressivo só pode contribuir para um clima mais responsável e propiciador do estudo. Se, depois disto, me chamarem reaccionário ou “cota”, paciência...

Sugestão de Domingo

Ambiente sórdido, mesquinho, “rasca”, como que iluminado por lâmpadas já gastas de 25 watts. Cores “encardidas”, em que nenhuma delas é “pura”; o branco nunca é branco e tudo é reduzido a uns tons indefinidos, sujos, como se a roupa tivesse sido lavada anos a fio a 90º com todas as cores misturadas. Um filme sobre a pequenez humana, sobre uma cidade e um país taciturnos, feitos apenas de subúrbios e de ruas desertas. Isto é “Das Leben Der Anderen” (“A Vida Dos Outros”), de Florian Henckel von Donnersmarck, um retrato da ex-RDA, que poderia também sê-lo de qualquer outro país do antigo leste europeu antes da queda do “muro”. Um ambiente que eu ainda tive oportunidade de visitar algumas vezes em viagens de turismo à Hungria e Checoslováquia. Difícil perceber como alguns de nós se deixaram seduzir. Difícil olhar para aquelas personagens e não nos lembrarmos de alguns dirigentes do “nosso” PCP.
Nota de dia seguinte: soube esta manhã, segunda-feira, que tinha ganho o Óscar para melhor filme estrangeiro. Os Óscares valem o que valem, mas, neste caso, seja ou não o melhor, é um merecido reconhecimento.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Notícias de Espanha

A seguir com atenção: em Espanha, o Tribunal Constitucional avalizou o despedimento de uma professora de religião, contratada e paga pelo Estado no âmbito de um acordo com o episcopado, por esta viver com um homem que não era o seu marido, de quem se encontrava separada.

Clássicos do Cinema (26)

"Triumph Des Willens", de Leni Riefenstahl (1935)

A direita... (2)

Falta à "direita", na sociedade portuguesa, uma questão política fracturante e única, permanente e fundamental, que sirva de aglutinador e permita uma separação clara das águas com tudo aquilo que lhe não pertence e lhe é estranho. Em Espanha ela existe, e depois de resolvida a questão monarquia/república - uma falsa questão nos dias de hoje, mais fruto de ressentimentos históricos do que de antagonismos reais e que Salazar também resolveu cá pelo “rectângulo” – ela está centrada na questão das nacionalidades e na natureza do estado espanhol. Em Portugal, depois de resolvida a questão colonial e tornada obsoleta a opção economia de mercado/economia “estatal”, ela não se vislumbra, o que está a dificultar o rassemblement da direita e o seu necessário “reposicionamento” no “mercado” eleitoral. Veremos o que nos reserva o futuro.

A direita...

Um dos problemas da direita portuguesa é que de um lado tem um partido com gente mas sem ideias e sem líder; e do outro um partido com um líder latente (Paulo Portas), algumas ideias mas sem gente. Com quem, de que modo e quando se fará a síntese?

A propósito de José Afonso

Considero José Afonso e Alfredo Marceneiro as duas personalidades mais importantes da música popular portuguesa do século XX, só aparentemente tão afastadas como o possa parecer à primeira vista. Ambos nascem no fado: o primeiro no fado/balada de Coimbra, evolução e adaptação do fado de Lisboa levado para o Mondego pelos estudantes, e cuja influência é quase sempre bem visível na sua obra; o segundo no fado de Lisboa, que cultivou durante toda a sua longa vida. Ambos, cada um no género musical que foi o seu, foram inovadores. Ambos cultivaram uma certa “marginalidade e boémia, no caso de Marceneiro a de Lisboa dos fadistas, dos bairros populares, no caso de José Afonso a boémia coimbrã das repúblicas e das serenatas. Ambos foram ferozmente individualistas nas suas opções, embora os puristas de José Afonso possam achar esta afirmação sacrílega face às suas opção políticas. Ambos assumiam tiques de “prima dona”, numa arrogância mascarada de humildade e anarquia. Ambos foram geniais.

Depois e antes deles, quem? Amália foi uma intérprete extraordinária, demasiado breve nas suas opções fadistas, cedo trocadas pela “música de variedades”; pelo “Diga lá Oh Senhor Vinho” com palmas do público a compasso, o que lhe terá rendido a fama, o dinheiro, mas afastado os que põem a música em primeiro lugar. Comparo-a a Elvis Presley, também com uma carreira musical longa, mas demasiado curta enquanto originalidade autêntica: basicamente entre 1954 e 1958, nas suas gravações para a “Sun” e primeiras para a “RCA”. Oiça-se, pois, o extraordinário “Amália no Café Luso” e guarde-se essa memória. Variações foi demasiado breve, na sua genialidade, mas também ficará para sempre. Paredes? Claro, Carlos Paredes talvez seja o que mais perto fique dos dois primeiros, faltando-lhe talvez vida para além da música, que é genial.

Pois, “que vivam mil anos”!... Todos eles.

Outras Músicas (18)


José Afonso (2.08.29 - 23.02.87)
"Verdes São Os Campos" (José Afonso - Luís de Camões)

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

William Blake: "Songs of Innocence and of Experience" (5)

Ilustração de William Blake para "Songs of Innocence and of Experience" - "Infant Joy"

The Classic Era of American Pulp Magazines (26)

Ilustração de Norman Saunders para a história de Donald Dale "...And The Blood Of A Maiden", publicada em Uncanny Tales (Agosto de 1939)

O "patrioteirismo" dos comentadores desportivos

Eu sei que sou do “Benfica”. Sei que torci pelo Chelsea e até gritei golo quando Shevchenko meteu a bola da baliza de Helton. Também sei que não gosto que o FCP ganhe nem ao berlinde e a feijões. Mas irrita-me o “patrioteirismo” dos comentadores desportivos, quer jogue o FCP, a selecção portuguesa ou o meu clube. É um sinal de menoridade intelectual que desprezo.

Posto isto, reconheço que o FCP fez um bom jogo e que o Chelsea fez um jogo apenas um pouco melhor do que miserável. Durante largos momentos, nem sequer controlou o jogo. Reconheço também que o FCP poderia até ter ganho, tal como o Chelsea, o que, dada a diferença de recursos, é um elogio para os portistas. Parabéns, pois. Mas gostava de ter ouvido ou visto escrito, com toda a nitidez, que a equipa de Londres teve a sorte do jogo contra si, já que:
  • Perdeu o seu capitão John Terry (para mim, actualmente o melhor central do mundo) aos 12 ou 13’ de jogo, não tendo mais nenhum central no banco e isso obrigando a recuar Essien, descompensando o meio campo e jogando com um central de recurso.
  • O golo do FCP foi marcado quando o Chelsea jogava com dez e a bola tabelou em Frank Lampard impossibilitando a defesa de Petr Cech.
  • Robben teve de sair ao intervalo, lesionado, obrigando a novas modificações tácticas (sim, eu sei que Mourinho iria sempre “meter” Obi Mikel, reequilibrando a equipa, mas sem a lesão de Robben seria talvez Shevchenko a sair).

Seria igualmente interessante, em vez de dizer que "tudo está em aberto", salientar que o resultado (1-1) permite ao Chelsea entrar em vantagem no jogo de Stamford Bridge* e, mais ainda, permitir-lhe-á jogar como melhor sabe e gosta.

Espero, e desejo, menos “patrioteirismo” na análise do jogo do meu “glorioso”, logo ao fim da tarde.

*Já agora, nome que evoca uma importante batalha no Yorkshire, em 1066, em que os anglo-saxões, sob o comando de Harold, venceram os Vikings pondo fim ao seu domínio sobre a Inglaterra. Umas semanas depois Harold morrerá em Hastings às mãos dos Normandos de William the Conqueror, iniciando um novo período na História de Inglaterra... O futebol também pode servir para aprender alguma coisa!

As Capas de Cândido Costa Pinto (26)

Capa de CCP para "As Quatro Potências Do Mal" ("The Big Four") de Agatha Christie, nº 25 da "Colecção Vampiro"

Ainda Lisboa

Todos nós, portugueses e “alfacinhas”, conhecemos o suficiente da vida política, e até pessoal, dos vereadores Rúben Carvalho e Mª José Nogueira Pinto para ter por ambos respeito pessoal, intelectual e profissional, enquanto vereadores ou no desempenho de outras actividades que exerceram ao longo da sua já longa vida política. Concordâncias e discordâncias políticas á parte, que as tenho com ambos, acresce que a nenhum deles teria qualquer problema em emprestar o último euro que tivesse no bolso. No caso de Rúben Carvalho, partilho mesmo com ele o interesse pelo fado - ele mais estudioso e conhecedor do que eu, claro está. Um dos seus livros sobre o assunto ali está na estante. Mesmo em relação ao vereador Sá Fernandes, o único que conheço pessoalmente (para além de conhecimentos familiares, fomos, anos a fio, vizinhos de lugar cativo no antigo Estádio da Luz), penso que a importância da sua actuação no cargo, para o qual foi eleito, tem sido inquestionável. Por isso, “tremo de medo” quando vejo os actuais porta-vozes do PS (único partido que pode consubstanciar uma alternativa ao actual executivo de Lisboa) para os assuntos da CML. Quem são? O que pensam? O que fizeram até agora? O que pretendem? Ao que vêm, de onde vêm e para onde vão? Se é dali que se espera alguma alternativa, não será certamente com o meu voto. E se Lisboa bem precisa de “ir a votos!...

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

História(s) da Música Popular (32)


Let's Go Surfin'? (II)
Pois nesta incursão pelo mundo surfista vamos agora ao cinema. Isto porque foi Quentin Tarantino quem também contribuiu para fazer reviver a "surf music", incluindo-a no seu filme “Pulp Fiction” em cuja banda sonora vamos encontrar pelo menos três clássicos do género: “Surf Rider”, dos Lively Ones, “Bustin’ Surfboards”, dos Tornadoes e o inesquecível (daqueles, mesmo, para levar para uma ilha deserta) “Misirlou” de Dick Dale & The Del-Tones.

E vamos começar pelos “Lively Ones”, uma banda da Califórnia do sul (Orange County) do início dos anos 60 e que começou por ser conhecida como “Surfmen”. “Surf Rider” é uma composição de Nokie Edwards, guitarra-solo dos Ventures, outro grupo associado à "surf music" mas não só (um equivalente americano dos “Shadows”), e foi gravada pelos “Lively Ones”, para a Del-Fi, em 1963. Atingiu o #1 de vendas no... Hawaii!!! Onde houvera de ser???

O "norte" e o investimento público

Aproveitando o jogo de futebol FCP–Chelsea, o novo Rádio Clube Português emitiu hoje o seu programa matutino do Porto-cidade, do estádio dito do “dragão”, elegendo como tema do dia a alegada discriminação no investimento público de que o norte se diz vítima. E lá tivemos que ouvir um ror das queixas do costume, choradinhos “caliméricos” das forças vivas do norte (leia-se Porto e arrabaldes), incarnadas em personagens tão habituais como a antiga governante Elisa Ferreira e o comentador do “Trio de Ataque” Rui Moreira (os outros, se os houve, não me lembro). Só faltou Manuel Serrão, para ser um ramalhete de respeito! A “história”, mais coisa menos coisa, resume-se em duas palavras: o investimento público (claro!) deveria compensar a quebra do investimento privado na região e, assim, fomentar o crescimento do PIB regional. “Porque o novo aeroporto vai ser na OTA (ficamos a saber que o problema não é o novo aeroporto mas sim o facto de ser mais ou menos em Lisboa), o TGV vai para Madrid (calculo que se fosse do Porto para Vigo, com paragem em Custóias, Mafamude e apeadeiro na Cedofeita, o caso mudaria de figura) e o metro do Porto é descriminado". Enfim... o costume: que dê um passo em frente o candidato a Alberto João lá do sítio.

Ora vamos lá ver:

O declínio da região norte (e estou a referir-me à área do Porto litoral acima e abaixo do Douro e que vai até Braga/Guimarães) era previsível já há, pelo menos, vinte anos, tal como o do modelo de desenvolvimento que lhe deu origem e o sustentou. E é na estrutura, ela própria, desse modelo de desenvolvimento que encontramos as razões da sua ascensão, apogeu e declínio. Quando do 25 de Abril, a estrutura empresarial nortenha beneficiou das suas características (micro e pequenas empresas, distância ao centro de efervescência e decisão política e económica, trabalhadores ainda muito influenciados pela ruralidade o que dificultava a intervenção dos sindicatos e a influência dos partidos como o PCP e os situados à sua esquerda) para a “escapar” à vaga de nacionalizações, ocupações, saneamentos, intervenções estatais, etc. A seguir ao 25 de Novembro era a estrutura empresarial que restava fora do Estado, e de onde veio a nascer a 1ª vaga do empresariado português no pós revolução (Belmiro de Azevedo, Ilídio Pinho, Américo Amorim, para só citar alguns). O facto de se tratar de uma estrutura empresarial baseada fundamentalmente na indústria transformadora vocacionada para a exportação (hoje em dia, fonte de uma boa parte dos problemas que agora enfrenta) foi ao tempo uma vantagem acrescida, quando os problemas crónicos de balança de pagamentos tornavam imperiosa uma maior dinâmica nesta área. A menor pressão sobre os salários (factor de produção mais importante na sua estrutura de custos), fruto da menor influência sindical sobre os seus trabalhadores e de, muitas vezes, estes partilharem o trabalho na fábrica com alguns proventos de uma actividade agrícola de subsistência, e a desvalorização constante do escudo (a célebre “crawling peg”, lembram-se?) foram elemento decisivo na manutenção da sua competitividade e, logo, do status quo. Foram portanto razões históricas e um forte apoio estatal baseado na desvalorização da moeda e na contingentação das importações (o que é isto senão apoio estatal!?...) que viabilizaram este “modelo”. E temos de ser claros e afirmar que este não foi, de facto, um “modelo” de modernidade”, antes o possível, tendo correspondido mesmo a um retrocesso real face à estrutura empresarial anterior à revolução, o que fez o país abordar a integração na então CEE em condições bastante desfavoráveis. Essa integração, primeiro, a entrada na moeda única, a globalização e, antes disso, as privatizações, principalmente do sector financeiro, colocaram esse modelo num beco de que não me parece, felizmente, venha a sair... Quem previu o seu fim e teve oportunidade de se reconverter (o caso de Belmiro de Azevedo é o mais emblemático: a Sonae era uma empresa de laminados e aglomerados) não deixou de o fazer... Sobreviveu e fortaleceu-se!

E vamos lá ao investimento público... Independentemente das asneiras que se fizeram e, inevitavelmente, se irão continuar a fazer (espero que em menor grau e número); independentemente do dito investimento público poder e dever servir também de compensação e correcção de algumas assimetrias regionais, ele não pode deixar de, em certa medida, acompanhar também, no seu crescimento, o maior dinamismo de algumas regiões. Isto significa que, no fundo, se uma determinada região tem mais tendência para crescer fruto do dinamismo do sector privado ou da apetência das empresas para nela preferencialmente se instalarem, o investimento público estruturante, de forma proporcional ou não, à priori ou à posteriori, poucas vezes poderá escapar, pelo menos em parte, a esta mesma lógica. Portanto, o “norte”, que gosta de se fazer notar pelo seu tradicional liberalismo e empreendorismo, acaba por estar agora a pagar, também ao nível do investimento público, o preço de um “modelo” – baseado numa estrutura empresarial ainda maioritária - que durante algumas dezenas de anos lhe trouxe um apoio do Estado, directo e indirecto, então inquestionado e inquestionável. É a modernidade que o está finalmente a pôr em causa... Como dizia alguém que não deixou muitas saudades, “é a vida”...

London pubs (3)

"Leicester Arms" - Glasshouse Street/Warwick Street

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Grandes Séries (6): a WWII na TV (à "boleia" de Iwo Jima)

"Wish Me Luck" (1987) - sem vídeo disponível.
Histórias das voluntárias civis do SOE britânico ("Special Operations Executive") na França ocupada. Kate Buffery, que vimos recentemente no excelente "Trial And Retribution" no papel da Inspectora Pat North (SIC Mulher) é uma das protagonistas. A série passou na RTP, penso que ainda no final dos anos 80.
"Piece Of Cake" (1988) - sem vídeo disponível.
A vida num esquadrão de caça da RAF antes e durante a Batalha de Inglaterra, onde se espelha também o sistema de classes da sociedade inglesa. A série passou na RTP (penso que no 2º canal) se bem lembro por mais do que uma vez. Memorável! À venda através da Amazon.


A história da companhia "Easy", da 101ª Divisão Aerotransportada, desde o período de treino até ao final da guerra na Europa. Uma produção de Steven Spielberg (que também produz o díptico de Eastwood) e Tom Hanks. Também uma lição de História, já que acontecimentos tão importantes como o desembarque em Omaha Beach e o lançamento de paraquedistas no dia D, a operação Market Garden, a batalha das Ardenas e a libertação dos campos de concentação nazis passam por aqui. A série foi exibida na SIC, por duas vezes, nos últimos anos e é bastante fácil de adquirir na FNAC.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Madeira...

Ao demitir-se forçando novas eleições e responsabilizando o PS e o governo por essa demissão, Alberto João Jardim “força” o PSD de Marques Mendes a conceder-lhe o seu apoio incondicional, colocando o partido numa situação de ainda maior fragilidade. É que, em primeiro lugar, tendo em atenção a imagem e os antecedentes de Alberto João a nível nacional, a situação não deixará de criar algum desconforto no seio do partido e mesmo levar ao alheamento de alguns dos seus sectores. Segundo, porque em função dessa mesma imagem global de AJJ, por certo o apoio do PSD traduzir-se-á provavelmente mais por uma perda futura de votos no continente do que por quaisquer ganhos significativos. Por último, e exactamente pelas mesmas razões, enfrentar e afrontar AJJ é popular entre os eleitores, o que talvez signifique que pouco desgaste isso pode trazer para o PS e para governo, não sendo de excluir mesmo algum fortalecimento. Coloca ainda o PSD em rota de colisão com o PR, que promulgou a lei. É este o preço que o PSD irá pagar pela sua condescendência de muitos anos para com tal personagem, ou seja, pelo sacrifício da estratégia à táctica, da inteligência à esperteza. AJJ irá ganhar as eleições, talvez mesmo com uma maioria reforçada. Espero que o PSD resista a fazer disso a sua grande vitória, pois para Marques Mendes e para o partido, a nível nacional, será talvez a de Pirro.

Frederico García Lorca (9)

"Pareja: hombre y joven marinero", 1929 - Ilustração de FGL para "Poeta En Nueva York"

Para ver em casa


Para ver em casa depois de ter visto "Letters From Iwo Jima" no cinema.
"Cross Of Iron", de Sam Peckinpah é, que me lembre, o primeiro (único?) filme que mostra a WWII na Europa do ponto de vista do "inimigo", de um grupo de soldados alemães em fuga da Rússia.
Quanto a "The Bridge On The River Kwai" a razão é outra: a figura do general Kuribayashi, no filme de Eastwood, apesar das diferenças óbvias, não deixa de me remeter para o coronel Saito da "Ponte". Qualquer dos dois, excelentes filmes.

domingo, fevereiro 18, 2007

Carnaval...

“Vergonha” é o sentimento que me assalta quando vejo os meus concidadãos nos pindéricos carnavais que por aí pululam, sem qualquer sentido de humor, em terras como Ovar, Loulé, Sesimbra e não sei bem quantas mais. Mais uma oportunidade para os portugueses demonstrarem a sua subserviência recente face a certos fenómenos da cultura brasileira, numa tropicalização que nos afasta da Europa onde, na realidade, parece que nunca estivemos - e á qual, por mentalidade, parece nunca iremos pertencer. Escusado perguntar se as autarquias envolvidas, que nesses carnavais devem investir dezenas ou centenas de milhares de euros, alguma vez fizeram desse mesmo investimento uma análise custo/benefício. Que tristeza!

"Letters From Iwo Jima"

Ainda há filmes que nos emudecem, sobre os quais até escrever é algo que está a mais. Está neste caso a segunda parte do díptico de Clint Eastwood sobre Iwo Jima, “Letters from Iwo Jima”. Para aqueles que dizem que já não se fazem filmes como antigamente...

sábado, fevereiro 17, 2007

Outras Músicas (18)

Canções da guerra aqui (mesmo) ao lado
"El Ejercito Del Ebro" - canção popular do século XIX cantada pelos guerrilheiros espanhóis que lutavam contra as tropas de Napoleão. Durante a guerra civil (1936-1939) foi adaptada (e adoptada) com diversas letras como canção revolucionária do campo republicano.
"Cara Al Sol" - Hino da "Falange" adoptado em 1936 (J.A. Primo de Rivera/Juan Telleria)

O Mundo em Guerra (27)

USSR

Desemprego...

Parece que foi o antigo ministro da Economia de António Guterres, Daniel Bessa, que disse, nos primórdios do actual governo, que “se a economia corresse bem o desemprego iria aumentar”. Alguém teve pois a coragem de afirmar aquilo que todos os que de Economia conhecem um pouco mais do que o “rol” das compras já sabiam: o crescimento económico estaria muito dependente da capacidade de regeneração/reconversão da economia portuguesa e isto geraria necessariamente, numa primeira fase, mais desemprego. Na Espanha, aqui ao lado e habitualmente tão citada quando dá jeito, chegou aos 20%. Eu sei que a Economia não corre bem, mas apenas um pouco menos mal do que há uns (poucos) anos. Better than nothing. Mas também sei (e muito mais gente também) que essa regeneração/reconversão não é “coisa” para dois ou três anos. Porquê então tanto “enxoframento”, aí pela "blogosfera", sobre o número record de desemprego? "Sol na eira e chuva no nabal"? Ou afinal querem mesmo a OTA que eu não quero?

Espero é que a tentação de resolver (diria antes “atamancar”) matéria tão sensível não leve o governo a recorrer às habituais receitas de curto prazo, que, mais tarde ou mais cedo, se iriam pagar bem caro.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Self explanatory...

Português do século XXI segundo Alberto João Jardim (peço desculpa mas não resisti...)

Salazar

Olhando pela "blogosfera" e pela edição parece que Salazar está prestes a transformar-se em pop star. Significa isto que está em plena fase de esvaziamento político. Mais um esforço e travestir-se-à de ícone gay. Suprema ironia!...

A Guerra Aqui (mesmo) Ao Lado (14)

Cartaz de Juan António (1937)

O novo RCP

Tenho acompanhado com alguma atenção estas primeiras semanas do novo RCP, com João Adelino Faria no espaço da manhã. Alguns reparos:
  1. A informação é seguramente menos actual e abrangente do que a da TSF. Menos “incisiva”, também, o que me leva sempre a tentar ouvir pelo menos um dos noticiários da TSF, das oito ou das nove.
  2. Tornar a informação sobre o trânsito uma “estrela” (o mesmo acontecendo ao respectivo jornalista) parece-me inadequado; deveria ser apenas uma informação acessória. Importante, mas acessória.
  3. No dia em que houve de facto notícias relevantes (o caso Fontão de Carvalho, a intervenção do PR na questão do aborto e a nova oferta da Sonae pelas acções da PT, por exemplo – para só falar das nacionais) eleger como tema do dia o rapto de um bebé, há uns anos, num hospital de Penafiel só pode interessar mesmo aos leitores de tablóides. Suficiente, portanto, para mudar rapidamente de frequência e não regressar.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

DN...

Ultimate Challenge: como mudar o posicionamento de uma marca que significa alinhamento com o poder há uma centena ou mais de anos?

Saudades...


Eu sei que em Lisboa é difícil comprar boas sanduíches, daquelas de salmão com rodelas de pepino cortadas bem finas, de camarões com mayonnaise, de «camembert » com alface ou de atum com ovo cozido e tomate, tudo em fatias de bom pão fresco de centeio escuro. Mas também acho que os portugueses não gostam de ar livre, e lembro-me bem da confusão e estranheza que, quando eu era criança, isso causava no meu pai, protestando contra a falta de boas esplanadas em Lisboa com “anteparos” para aquela nortada típica e “chata” do litoral “a sul e a norte do Cabo Carvoeiro”. Talvez por isso, um dia desta semana em que fazia bom tempo (uns 17 ou 18º, céu aberto sem vento), quando tive que atravessar com prazer aqui o vizinho Jardim da Estrela à hora de almoço o tenha encontrado deserto ou apenas com os velhos reformados do costume, quando seria natural o ter visto repleto de alunos do Pedro Nunes ou de alguns funcionários aqui da zona almoçando as ditas sanduíches e uns tantos sumos sentados nos bancos ou na relva. À mesma hora, os restaurantes atascados e infernalmente barulhentos ali da Calçada da Estrela e do Largo do Rato, toalha de papel, Porta da Ravessa (peço desculpa, mas a marca para mim é um genérico do vinho que me recuso a beber) e chocos com tinta ou feijoada à transmontana, ofereceriam por certo acentuado contraste, em ambiente e número de comensais. Mas pronto, eu é que devo estar cheio de saudades da “minha terra” e da esplanada sobre o Tamisa do "Pub" em frente ao escritório.

Fotografias (10)

"Homem" - Fotografia de JC

Grandes Séries (5)

"You Rang M' Lord?" (1988 - 1993)
"This series examines the relationships between the servant staff and the occupying family of an upper class British Household during the 1920's. What is good about it is that each character is extremely well analyzed and developed and when you follow the series from one episode to the next, their is a rigid consistency in the way each of the characters behaves. What is good is that the satire concerns everyone, it is not an anti-upper-class satire, the humbler characters are portrayed to be just as scheming and below-the-belt as the aristocratic ones"... ..."The series is typically English humour, I am not sure whether it could be appreciated by foreign audiences as some prior knowledge of the English class system is necessary - but once you get into it and become familiar with each of the characters - you cannot do without it !"
A série passou em Portugal no início dos anos 90, penso que na RTP2 em horário pré-telejornal das 20h. Em memória ficaram-me para sempre algumas das suas personagens, como Lady Lavender sempre vestida da respectiva cor. Existe em DVD e também se recomenda à RTP Memória a sua reposição. Imperdível!

O PR, o "NÃO", o PS e o referendo

Uns dias após o referendo já é claro que os esforços dos defensores do “NÃO” se centram agora em quatro vectores fundamentais:
  1. Desvalorização dos resultados da votação argumentando com a elevada abstenção e com o facto desta tornar o referendo juridicamente não vinculativo.
  2. Contestação da constitucionalidade da futura lei alegando incompatibilidade com o “direito á vida” inscrito na constituição.
  3. Tentativa de condicionar a elaboração da futura lei na Assembleia da República, tornando-a o mais restritiva possível, por via do recurso a consensos alargados aos defensores do “NÃO” (note-se que não discordo que se procurem consensos mais alargados, desde que isso não altere, na sua essência, o que os portugueses aprovaram no passado dia 11 – veremos, em breve, que não será isso o que os partidários do “NÃO” pretendem).
  4. Tentar, no terreno e na prática, dificultar o mais possível a implementação da futura lei, através, por exemplo, do recurso à objecção de consciência dos médicos ou ao “domínio”, pelos seus “militantes”, de eventuais comissões de aconselhamento.

Com as suas últimas declarações o Presidente da República está objectivamente a colocar-se ao lado da causa do “NÃO” (o que não constitui qualquer surpresa), defendendo os seus pontos de vista no que refere ao ponto 2. e não fechando mesmo a porta a um eventual veto político que forçasse, no limite, a uma re-apreciação e revisão da lei, na AR, num sentido mais favorável ao “NÃO”. Significa isto uma crítica à actuação do PR neste processo? De todo, embora, enquanto defensor do “SIM”, me situe no campo oposto ao de Cavaco Silva. Penso que o PR soube resistir aos “cantos da sereia” dos defensores do “NÃO” para que se pronunciasse antes do referendo (o que seria inaceitável em função do enquadramento constitucional das suas funções) e pronuncia-se agora no exercício do poder “moderador” que é o seu. Não do meu lado, claro, mas é assim mesmo a democracia. Esperemos que assim se mantenha e resista às pressões que se irão seguir e para as quais abriu a porta.

Quanto ao PS, prepara-se para um exercício de solidão... Terá de saber resistir ao PCP e Bloco, que tentarão forçar a uma confrontação com o PR, e a cedências fundamentais aos partidos à sua direita (e no limite mesmo ao próprio PR) que ponham em causa os resultados da votação. Esperemos que também o saiba fazer.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

História(s) da Música Popular (31)


Let's Go Surfin'?
Pois para os que pensam que surf music são só (ou quase) os Beach Boys, aqui vai um desgosto: isso não é verdade. E não o é por duas razões. Em primeiro lugar, porque a surf music se divide em duas áreas fundamentais, vocal e instrumental, sendo que esta última, embora menos conhecida, é a mais “pura” e “autêntica" (pelo menos digo eu, que gosto de dizer coisas) e como sabemos os Beach Boys integram mais a primeira, embora, iremos ver, tenham também gravado alguns - poucos - instrumentais. Em segundo lugar, porque os mesmos Beach Boys acabaram, e ainda bem, por enveredar por outros caminhos, tendo mesmo editado aquele que é, para mim, o melhor álbum de sempre da música popular ("Pet Sounds”), se é que tal coisa pode alguma vez existir. Acresce que, no caso da surf music vocal, os pioneiros foram Jan & Dean, em 1959, e não os Beach Boys que acabaram por açambarcar o género a nível nacional e internacional.

Bom, mas vamos ao que interessa. A surf music não é mais do que um “ramo” do rock instrumental, área que por aqui passou há algumas semanas. Mas, mais do que isso, é a expressão musical de um estilo de vida da Califórnia do início dos anos sessenta. Sobre isso, não resisto a citar a descrição de Philippe Bouchey no seu “Le Guide du Rock”: “O surf sempre foi (e ainda é) um universo marginal, com os seus princípios ( o fun, a provocação), o seu vocabulário e os seus locais (Califórnia, Hawai, Austrália). Aparece de facto como um modo de vida completo, uma espécie de gesto de desprezo pelos valores adultos de responsabilidade, pela consciência do perigo... ...É portanto, se quiserem, um paraíso protegido do mundo adolescente, e mais ainda nos anos sessenta, devido à economia próspera. Não é portanto de admirar que surf e rock se encontrassem ligados por uma música específica...”

Se no campo dos vocals, os Beach Boys e Jan & Dean são incontornáveis, é na surf music instrumental que encontramos o verdadeiro “rei”, na pessoa e no som de Dick Dale (“the king of surf guitar”) and his Del-Tones, criadores de “Misirlou” o verdadeiro hino da surf music. Mas grupos como os “Surfaris”, “Chantays”, “The Lively Ones” e “The Tornadoes” irão também por aqui passar, e semelhanças com Link Wray and the Wraymen, que por aqui se fizeram ouvir nos posts dedicados ao rock instrumental, serão claramente audíveis.

E por onde começar? Como diria um tal senhor francês, pelo princípio, claro, e isso significa aquela que é considerada a primeira gravação do género: “Moon Dawg”, editada pelos Gamblers em 1959. Os Beach Boys gravariam também uma versão do tema em 1962, integrada no álbum “Surfin’ Safari”.

Let’s go surfin’?

PS. Recomendações: da fase surf music dos Beach Boys não faltam colectâneas e re-edições em CD dos álbuns editados. Para Jan & Dean “Surf City: The Best Of Jan and Dean – The Legendary Masters Series” (EMI, 1990). Para surf music instrumental: “King of the Surf Guitar”: The Best of Dick Dale & His Del-Tones (Rhino, 1989) e a colectânea “Surfin’ Hits” (Rhino, 1989).

Colaboração enviada pelo meu amigo Pedro Quadros, surfista entusiasta e marido de ex-campeã nacional da modalidade:
"Curiosamente a verdadeira surf-music (que não a dos Beach Boys*) teve um papel fundamental na história do Rock’n’Roll, como percursora do Hard Rock (e mais tarde do Heavy Metal) devido aos riffs rápidos e cadenciados do Dick Dale – basta ver que Jimi Hendrix foi influenciado por esta forma original de tocar guitarra, que por sua vez combinou com a sua influência original Blues.

Já agora, outra curiosidade : as bandas sonoras dos filmes de surf dos anos 60 (mais uma vez refiro-me aos verdadeiros, realizados pelo Bruce Brown…) tinham ambiente essencialmente Jazz, compostas particularmente por um músico surfista de que agora não me lembro o nome (mas posso obter). Aqui o objectivo era captar a postura mais “cool” e “counter culture”.

Por fim, é interessante verificar que o meio surfista é frequentemente percursor de novos estilos musicais que vai apresentando e divulgando pelo Mainstream – por ex. no final dos anos 80/inicio dos anos 90 era o New Punk (Californiano) com os TSOL, Bad Religion, Pennywise, Offspring…; No final dos anos 90/inicio do novo século com o Ben Harper primeiro, e de seguida com o Jack Johnson – já agora, ambos fazem surf; e o Jack Johnson nos seus 20 anos era mesmo semi-profissional de surf…..

*Abordavam o surf como expressão do Mainstream 60’s Califórnia Teenage LifeStyle, pois dos quatro só um fazia e não era ávido. "
(Pedro Quadros).

"The End Of The Affair"

Não sei se estou a dizer asneira, pois no "Público" a informação não é consistente (informções diferentes em sítios diferentes). Mas, se valer uma das informações, parece que o canal AXN exibe hoje, às 23.15h, "The End Of The Affair", de Neil Jordan, baseado no romance homónimo de Graham Green. Ralph Fiennes e Julianne Moore completam o "ramalhete". Uma boa razão para menos umas horas de sono e, para quem ainda não o leu, também uma excelente razão para entrar numa livraria e gastar uns (poucos) euros na compra do livro. Graham Green era um escritor católico; recomendação acrescida, portanto, para os crentes.

William Blake: "Songs of Innocence and of Experience" (4)

Ilustração de William Blake para "Songs of Innocence and of Experience" - Introduction

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Anglophilia (27)


Clássicos do Cinema (25)

"Rebecca", de Alfred Hitchcock (1940)

Referendos e abstenção

Muito se tem discutido, nestes últimos dias, a fraca participação dos portugueses nos referendos, imaginando as mais rebuscadas razões e garantindo as mais do que infalíveis receitas. Ora “ele” é porque a pergunta era complexa, porque o tema dizia pouco aos homens e às mulheres na menopausa, porque chovia, porque estava sol e a praia era uma atracção, porque haveria muitos que não se teriam conseguido decidir, porque, não sei quantos mais, o divórcio dos portugueses da política e etc. A juzante, o voto electrónico é que sim, que iria acabar com a abstenção (o voto electrónico em Casais da Parvónia de Baixo, estão a ver?) e outros disparates no género. Esquecem-se também de que, para muitos, o dia de ir a votos representa um corte na sua monotonia diária, uma oportunidade para algo diferente que não passe por uma ida ao centro de saúde local para queixa das maleitas, muitas vezes imaginárias. O terem de se deslocar para votar pode funcionar como um estímulo, e o não terem necessidade de o fazer poderia acabar por os desinteressar da própria votação. Bom... será preciso ter algum cuidado com as aprendizagens de feitiçaria. Mas será que não ocorreu ainda a ninguém que a elevada abstenção nos referendos nacionais se deve, pura e simplesmente, ao atraso do povo português e à sua menoridade intelectual, coisa que nenhuma electrónica resolve? Expliquemo-nos melhor. Uma coisa é votar em partidos que têm um “chefe”, nacional e/ou local, que tem um rosto, uma personalidade com quem é fácil o “bom povo” identificar-se, simpatizar ou rejeitar por razões a que muitas vezes a política “pura e dura” é quase alheia. Ainda por cima que aparece junto deles e lhes promete ou fala sobre meia dúzia de lugares comuns que todos entendem ou pensam entender. Muitas vezes é como um clube, com um sentimento de pertença, cuja lealdade foi formada e cimentada por muitos e bons anos de convívio, de militância, de partilha de emoções ligadas a campanhas, vitórias e derrotas. Outra, bem diferente, é ser chamado a pronunciar-se sobre questões gerais e abstractas, esporádicas e sem um rosto, que muito do bom povo tem dificuldade em entender ou, quando muito, só entende em ligação com o real e concreto lá do sítio, da sua terra. Talvez por isso o referendo sobre a regionalização tenha sido o que menor abstenção registou (espero ninguém se lembre de desenterrar novamente a ideia), pois era relativamente mais fácil entender o que estava em jogo, serem “eles próprios a mandar” ou “aqueles políticos lá de Lisboa”. Quanto mais gerais e abstractas forem as questões e mais complexos os assuntos e as perguntas a referendar maior tenderá, pois, a ser a abstenção. A questão não é, no fundo, muito diferente da razão pela qual os portugueses têm dificuldades na matemática ou porque, nos ubíquos “fóruns” radiofónicos e televisivos, tendem frequentemente a focar a intervenção no seu caso concreto, que conhecem de perto ou consigo se passou. Em última análise, porque julgam que a pressão no sentido de se referendar o Tratado Constitucional Europeu vem precisamente dos chamados “eurocépticos”?

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Uma nova direita

Uma das conclusões mais interessantes a retirar do referendo é que ele marca a primeira intervenção política de grande visibilidade mediática de uma direita moderna, liberal e laica. É uma direita que maioritariamente nasce ou se consolida - e intervém - na blogosfera, com uma visão cosmopolita do país e que não se revê no conservadorismo e no catolicismo tradicionais da direita portuguesa. A participação activa, no lado do “SIM”, de personalidades como Carlos Abreu Amorim, Helena Matos, Vasco Rato, Pedro Lomba ou, até, Tiago Barbosa Ribeiro, do “Kontratempos”, aí está para provar que as mudanças na sociedade portuguesa (v.g. crescimento urbano, maior literacia, terciarização e crescimento das classes médias), que deram origem ao nascimento e consolidação do “Bloco de Esquerda”, se reflectem também à direita, num “arejamento” saudável no campo das ideias que também tem feito caminho no interior do próprio PS. Gostaria de sublinhar que, a nível dos media tradicionais, quem melhor disso se apercebeu foi a RTPN, fazendo reflectir esta nova realidade no seu “Choque Ideológico”, uma lufada de ar fresco no debate político das televisões. Convergências (algumas) e divergências (outras) à parte, é o país que fica mais respirável.

Outras Músicas (17)

Miriam Makeba - "Pata Pata"

"La Razón"???

Na sua primeira página de hoje, o jornal espanhol “La Rázon” titula em primeira página: “La alta abstención tumba el intento de legalizar el aborto libre en Portugal”. E acrescenta em sub- título: “Venció el “SI” pero lá participación no llegou al 44% lo que invalida el referéndum”. Mais ainda: “Para que el resultado fuera vinculante se necesitaba un minimo del 50% del censo”. Como exemplo de péssimo jornalismo (atenção, José Pacheco Pereira) dificilmente se encontraria melhor num jornal que se pretende “respeitável”. Nem uma palavra, nesta sua 1ª página, sobre as percentagens do “SIM” e do “NÃO” ou sobre o facto de terem votado mais cerca de um milhão de eleitores do que no referendo anterior. Ah, um pequeno pormenor que justifica esta minha citação: o “La Razón” é o porta voz da “Associação das Vítimas do Terrorismo” e dos sectores mais radicais e revanchistas do PP, cujas teses políticas se têm vindo a tornar cada vez mais dominantes desde o 11 de Março. Não é, Helena Matos???

domingo, fevereiro 11, 2007

O "day after"

A vitória do “SIM” abre caminho para, nas questões de “sociedade”, tornar a sociedade portuguesa mais aberta, mais plural e mais liberal. Individualmente mais responsável. Esperemos que também socialmente mais justa, por via de uma adaptação do Serviço Nacional de Saúde às novas situações criadas.

Esperemos também que o caminho agora aberto nesse sentido se prolongue em outras áreas bem fundamentais, como a reforma do Estado e da Administração Pública, distinguindo os seus funcionários e a progressão nas respectivas carreiras pelo mérito, e a descentralização do ensino público concedendo maior liberdade e responsabilidade às escolas na contratação dos seus professores e na responsabilização pelos resultados obtidos. São questões fundamentais na sociedade portuguesa, não esquecendo o cumprimento das metas estabelecidas pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento que, só aparentemente, não parece ser para aqui chamado. Para todas estas, 2007 é uma ano chave.

Frederico García Lorca (8)

"Retrato de una dama española sentada" (1929). Ilustração de FGL para "Poeta En Nueva York"

Porque perdeu o Benfica...

Quando uma das equipas “grandes” é eliminada da Taça de Portugal por outra de um escalão inferior, a crítica escuda-se normalmente na questão do “facilitismo”, na "leviandade com que se encarou o jogo", na “falta de respeito pelo adversário”. Compreende-se: no jornalismo desportivo a preguiça mental parece ter feito escola e este tipo de raciocínio dispensa uma análise mais profunda das condições reais e concretas em que o jogo decorreu. Tendo dito isto, vejamos, então, o que se passou ontem com o meu SLB na Póvoa de Varzim.

Em primeiro lugar, o Benfica perdeu o jogo porque nunca ganhou o meio-campo. Na primeira parte a “coisa “ ainda andou “ela por ela” mas na segunda o meio-campo do SLB nunca conseguiu pegar no jogo. Ok, tudo bem, dirão. E porquê? Em primeiro lugar porque sentiu demasiado a falta de Petit e Karagounis, muito mal substituídos por Beto e João Coimbra. Aquele não acertou um passe e contou com a complacência do árbitro para não sair do trabalho mais cedo e este foi ausente (ou quase). Nenhum deles é melhor jogador do que qualquer dos seus pares “poveiros”, antes pelo contrário. Pior ainda, o verdadeiro descalabro originado pela presença em campo de Beto e Coimbra, obrigou a que um jogador com a classe de Katsouranis andasse permanentemente sem saber muito bem o que fazer e quando o fazer, no meio de tanta desafinação, não tendo a mesma influência, decisiva, no jogo da equipa. Ah, e há Rui Costa... Pois, sabe o que anda a fazer e normalmente faz bem, principalmente nas "bolas paradas" e no passe. Mas, sejamos claros, quando o jogo é assim para o “rasgadinho” e o ritmo um pouco acima do habitual, Rui Costa já não tem lá muito vida para aquilo. Foi assim na primeira parte com o Boavista, jogo onde Rui Costa só apareceu na segunda parte quando o ritmo baixou e os espaços foram maiores. Para que este handicap possa ser ultrapassado é necessário que o restante meio-campo compense, faça aquilo que Rui já não pode fazer e também nunca foi o seu forte, o que manifestamente ontem não aconteceu por ausência de Petit e Karagounis com reflexos no trabalho de Katsouranis.

Perdeu também o jogo porque ninguém ainda explicou (ou ele não aprendeu) a Nelson como se joga “à bola”. O lateral não tem cultura táctica, não domina os processos defensivos do jogo - questão essencial na posição - e apresenta um deficiente entendimento das suas funções e um desigual balanceamento entre as acções ofensivas e defensivas. O defeito não é de agora, mas será que ainda ninguém reparou? Ontem, até 80% dos centros, normalmente o seu ponto forte, saíram “para o pinhal” por falta de consistência na execução técnica. É que se quer aprender, basta olhar para o outro lado, onde um Léo, que nem sequer é um jogador de classe mundial (faltam-lhe dez centímetros e uns quilos, mas se os tivesse também não jogaria no Benfica), domina perfeitamente os processos de jogo de um lateral. Mesmo quando não joga bem - e ontem não jogou!

Por fim, Nuno Gomes. É um jogador com a chamada “boa imprensa”, daqueles dos quais se diz que se “movimenta bem”, “abre espaços” e outros epítetos “quejandos” com os quais se tende a desculpar a falta de eficácia goleadora de um avançado. Admito que o faça, mas em um de cada 5 jogos, com alguma boa vontade. Ontem foi um dos quatro jogos em cinco em que não fez: não ganhou uma disputa de bola com a defesa contrária (em 90% dos jogos não o consegue), não fez um remate, um passe ou uma desmarcação. E quanto a golos, a estatística fala por si. Alguém me explica porque, no meio de tantas entradas e saídas, o SLB ainda não conseguiu contratar um ponta de lança razoável desde a saída de Pierre Van Hooijdonk e João Tomás? Como diria o Herman José do “antigamente”: “é como a vida dos pobrezinhos, um mistério”.

sábado, fevereiro 10, 2007

Grandes Séries (4)

"Inspector Lynley Mysteries" (2001... últimos episódios exibidos na BBC One em 2006)
As aventuras policiais e as desventuras amorosas do inspector Thomas Lynley, oitavo Visconde de Asherton, - Nathaniel Parker - e da sua partner Sgt. Barbara Havers - Sharon Small - , oriunda da working class. Ou os amores difíceis de Lynley por Helen e a ausência de amores de Barbara. Ou ainda a vida pessoal complicada de cada um deles. Ou também profissional - de um Lynley, aristocrata, olhado com desconfiança pelos seus pares da Metropolitan Police e de uma Barbara tida como incapaz. Uma parceria improvável de funcionar, mas... Também alguns carros clássicos que fazem as minhas delícias, entre os quais um quase desconhecido Gordon-Keeble dos anos 60.
As quatro primeiras séries de episódios têm passado em Portugal na SIC mulher e na BBC Prime (c/ legendas em inglês). Os 4 primeiros episódios da 5ª série passaram em 2006 na BBC One. Esperemos não tardem cá pelo rectângulo!

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

"Que floresçam mil flores..." (4)


The Classic Era of American Pulp Magazines (25)

Capa de William F. Temple para "The Brain Beast", em "Super Science Stories" (Julho de 1941)

O referendo e a hipótese "revanchista"

Um interessante comentário de uma leitora deste blog leva-me a escrever esta nota, completando o que afirmei, em post anterior, sobre o que poderá estar em causa neste referendo:

O modo como os partidários do “Não” têm conduzido a campanha, nesta última semana - apresentando uma proposta que, na prática, é um incentivo ao aborto clandestino -, obriga-me a interrogar, uma vez mais, sobre o que estará em causa neste referendo, para além daquilo que consta da respectiva pergunta e que é bem claro. Para além dos números do próximo domingo poderem significar uma vitória ou derrota da efectiva influência política da Igreja Católica (e, principalmente – friso -, de alguns dos seus sectores e organizações mais conservadoras), na sociedade portuguesa, parece-me que, “cavalgando” oportunisticamente questão da IVG, poderá estar a desenhar-se em torno da campanha um fenómeno de revanchismo e radicalismo político de cariz semelhante ao acontecido em Espanha com o PP. E se em Espanha esse fenómeno se organizou em torno da Associação das Vítimas do Terrorismo e da questão das nacionalidades, os temas politicamente mais “fracturantes” – o que está verdadeiramente em causa é não é o terrorismo mas a natureza do estado espanhol -, conduzindo ao domínio do PP pelos seus sectores mais radicais, em Portugal o movimento parece ter algumas dificuldades em se definir partidariamente, fruto do tema em si, da especificidade de nascimento e crescimento dos partidos políticos, da fragilidade do CDS, da natureza catch all party do PSD e da política reformista e liberal do PS nos sectores económico e estatal. Será que as questões de sociedade poderão, no futuro, contribuir para o necessário rassemblement, “à direita”, do espectro partidário que se situa à direita do PS? Para já, parecem causar alguns problemas à esquerda, retirando ao Bloco algumas das causas que formatavam a sua personalidade e, assim, encostando-o ao PCP com o qual partilha uma concepção conservadora da organização económica e das relações empresariais. Quanto ao resto... uma certeza: a sobreposição de interesses com a Igreja Católica nas questões de “sociedade” dificilmente conseguiria a mesma intensidade e identidade em outras áreas da organização do estado e da economia, e estas áreas são hoje em dia incontornáveis na sociedade portuguesa.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

London pubs (2)

O'Reilly's - Chandos Place

O "major" e a IVG

"O presidente da Câmara de Gondomar, Valentim Loureiro, apelou hoje ao voto no "sim" no referendo de domingo sobre a despenalização do aborto e pediu a introdução de uma cadeira de educação sexual nas escolas básicas".

Comentário: chama-se a isto "escrever direito (votar "SIM") por linhas tortas" ou então "no melhor pano (votar "SIM") cai a nódoa". Só não sei de a educação sexual terá algo a ver com a "fruta" e o "café com leite" do processo apito dourado! Ah, "ganda" major!!!

História(s) da Música Popular (30)



The Moonglows - "Sincerely"
The Gladiolas - "Little Darling"
"Doo-Wop" (V)
Ora vamos lá ao último capítulo dedicado ao "doo-wop" que já outras músicas estão no horizonte, tais como a “surf music” a que dedicarei os próximos capítulos. E, adianto já, com muitas surpresas para os que pensam que a dita “surf music” é só Beach Boys e, quando muito, Jan & Dean.

Mas vamos lá então a este último capítulo do "doo-wop" featuring os inevitáveis Moonglows (era impossível passar sem...) mas também os bem menos conhecidos Gladiolas.
Os Moonglows são um grupo formado em Louisville, Kentucky, mas que cedo debandou para Cleveland, Ohio (que por sinal tem uma boa orquestra sinfónica!) onde foram lançados pelo célebre disk jockey Alan Freed. Os seus lead singers são Bobby Lester (cantava as canções mais românticas) e Harvey Fuqua (estava encarregue das mais uptempo, quer dizer, das mais “mexidas”). Depois de terem gravado este “Sincerely”, em 1954, para a “Chess” (canta Bobby Lester), gravaram alguns outros sucessos que culminaram com “10 Commandments Of Love” o seu maior e último êxito com a formação original, mas já como Harvey & The Moonglows.

Já os Gladiolas vêm de Lancaster, South Carolina. Mudaram de nome um ror de vezes e, depois de se chamarem Royal Charms e Gladiolas, acabaram como Maurice Williams & The Zodiacs em 1959. Foram um dos grupos-bandeira da Excello, uma importante etiqueta de música negra Nashville, Tennessee, e este “Little Darling”, escrito por Maurice Williams quando este tinha treze anos e gravado em Janeiro de 1957, possui a curiosidade de ter alcançado sucesso (mais de 4 milhões de discos vendidos) não nesta sua versão original mas através de um cover do grupo canadiano branco, The Diamonds, também em 1957. Mais tarde foi também gravado por Elvis Presley e pelos “Four seasons”. Pois aqui fica como despedida do "doo-wop".

Os quiosques e a imprensa gratuita

Segundo o “Público”, “os quiosques de Paris protestam contra novo gratuito”. Parece que um dirigente do “Sindicato Nacional de Livrarias e Imprensa” terá mesmo afirmado: “Se amanhã não houver senão jornais gratuitos nas ruas de Paris, o que é que vamos vender?”

Bom, tenho a maior estima pelos quiosques de Paris, parte integrante de uma das paisagens urbanas que me são mais queridas, mas convenhamos... Os quiosques de Paris, tal como outros, nasceram e cresceram como resultado do rápido desenvolvimento da imprensa no século XX – e muito particularmente na sua segunda metade – fruto também ele da crescente urbanização das sociedades e do desenvolvimento das classes médias e da literacia. Não consta que o SNLI alguma vez se tenha manifestado para agradecer a oportunidade de negócio que isso constituiu. Agora, que a imprensa paga parece estar em crise, fruto da internet, da televisão e dos jornais gratuitos, compete aos quiosques encontrarem outra forma de rentabilizar o seu negócio, tal como, por exemplo, os CTT o estão a fazer em Portugal (basta entrar numa loja e ver) Muitos irão consegui-lo, outros optarão por mudar de ramo de negócio, outros abrirão falência e outros, ainda, os seus proprietários optarão pela reforma. É isto que torna uma sociedade competitiva, pujante e dinâmica, desde que se assegure a todos uma vida dentro dos padrões da dignidade...

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

William Blake: "Songs of Innocence and of Experience" (3)

Ilustração de William Blake para "Songs of Innocence and of Experience". "Title Page for Songs of Innocence"

"Right on target"

Citado pelo “Público”, José Luís Ramos Pinheiro escreve no “Correio da Manhã”: “José Sócrates fez uma opção: governar a economia com a direita e rever os costumes com a esquerda”. Ora aí está, preto no branco. Significa isto reformar a sociedade portuguesa tornando-a mais aberta, mais liberal e menos conservadora e imobilista. Mais civilizada, certamente. Se assim for, terá o meu apoio.

O Mundo em Guerra (26)

USA

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Fotografias (10)


"Velha" (estudos) - fotografia de JC

Portugal - Brasil

Com muitas e variadas origens, de sangue e de afectos, nunca fui muito de “torcer” pela selecção, situação agravada pela minha pouca ou nenhuma identificação com aquilo a que se convencionou chamar os “valores nacionais”. Isto acarreta-me normalmente problemas e incompreensões várias, situação a que já me vou habituando sem grande sofrimento. Nos últimos europeu e mundial, lá me afeiçoei um pouco mais e até cheguei a sofrer (embora fosse achando um pouco estranho que o Steven Gerrard e o Frank Lampard estivesssem a jogar contra a minha equipa), porque ser por Portugal era ser contra o FCP, situação a que nenhum verdadeiro benfiquista, por muito que afirme o contrário, se poderia eximir.

Mas, agora perder com o Brasil?... Isso é que nem a feijões, está bem?

Ana Gomes, o referendo e a participação do PR

Ao seu estilo “Pasionaria” retardada, Ana Gomes, cuja proverbial falta de senso político quase teve o efeito contrário ao pretendido no caso dos voos ilegais da CIA, afirmou no RCP que gostaria de ver o Presidente da República envolver-se na campanha do referendo, tal como acontece com José Sócrates, por exemplo. Já frequentemente tenho afirmado aqui que considero a legislação sobre o aborto, e o referendo respectivo, questões eminentemente políticas, deixando a “intimidade” e a “consciência” para a decisão a tomar por cada um dentro dos parâmetros admitidos por essa mesma lei. Disse, mesmo, que considerava que o PS (em 1998) e o PSD (agora) ao não tomarem uma posição oficial estão a demitir-se das funções para o exercício das quais foram criados, existem e são pagos pelo erário público. E que o governo, o primeiro ministro e a AR, enquanto orgãos executivo e legislativo, têm todo o direito (e o dever), individual ou colectivamente (se for o caso) de manifestarem a sua opinião e participarem activamente na discussão e debate prévios. Já me parece que diferente deve ser a posição do PR, em face do poder “moderador” que é o seu, sendo talvez o único português que não deverá pronunciar-se a não ser através do seu voto, uma vez que lhe compete a ele “submeter a referendo questões de relevante interesse nacional, nos termos do artigo 115.º, e as referidas no n.º 2 do artigo 232.º e no n.º 3 do artigo 256.º”. Mas a questão do PR no quadro constitucional português é complexa, e há muito que defendo que se trata de uma instituição “disfuncional”, pela pouca clareza do seu enquadramento constitucional, podendo dar origem a situações de potencial instabilidade política, sendo a prazo - ou seja, depois de passados os cinco anos da actual magistratura mais os cinco da possível reeleição -, mais clarificador optar por um regime parlamentar uma vez que as condições que estiveram na origem do actual regime semi-parlamentar (a questão da consolidação democrática e da normalização do então poder político/militar) já se não verificam. Mais ainda, assistimos a uma cada vez maior “presidencialização” do primeiro ministro, o que contribui para agravar o problema. Acho que, mais cedo ou mais tarde, se terá que voltar ao assunto.

Quanto a Ana Gomes, se está mesmo do lado do “SIM” no referendo (como eu) talvez seja bom que mantenha algum low profile até às 20h do próximo domingo.

As Capas de Cândido Costa Pinto (25)

Capa de CCP para "Os Crimes da Viúva Vermelha" ("The Red Widow Murders"), de Carter Dickson, nº 24 da "Colecção Vampiro"

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Grandes Séries (3)

"Presents the lives and loves of a family of cousins from 1939 to the present. Follows very closely the Mary Wesley novel. Begins with a funeral and uses the reminiscences of those gathered to fill in details in the lives of Richard and Helena and their nieces and nephews."

Jardim o os subsídios

Alberto João Jardim justificou a concessão de subsídios no valor de cinco milhões de euros ao “Jornal da Madeira” com “a necessidade de manter o pluralismo”. Acho que Chavez, Morales ou Castro dificilmente conseguiriam fazer, e dizer, melhor.

Clássicos do Cinema (24)

"Suspicion" de Alfred Hitchcock (1941)

Duas notas sobre o referendo

Duas notas de fim de semana sobre o referendo:
  1. Os países da UE onde a legislação sobre o aborto é mais restritiva são a Irlanda, Polónia e Malta (sim, aqui há uns anos tinha mesmo um familiar maltês, padre católico, com quem o meu pai, por vezes, se correspondia), todos eles países onde a Igreja Católica detém ainda uma enorme influência e poder político. Quer se queira quer não, é isto que também está em jogo no próximo domingo, a influência política que queremos a Igreja tenha na sociedade portuguesa. Note-se – para que não restem dúvidas – que nada de especial me move contra tal instituição. Penso, mesmo, que a Igreja Católica portuguesa soube fazer com inteligência e com um sucesso assinalável a sua integração na sociedade democrática e no estado laico. Tenho, mesmo, admiração cívica e respeito intelectual por alguns dos seus dirigentes. Mas não me revejo em muitas das suas propostas políticas, que considero não contribuírem para tornar Portugal um país mais moderno e uma sociedade mais aberta e liberal.
  2. Com a sua nova proposta, defendendo uma solução legislativa que evite os processos judiciais sobre mulheres que abortem (clandestinamente, subentenda-se, já que não aceitam a alteração da lei que regulamenta a respectiva prática), os defensores do “Não” (agora transformado em “Nim”, “não sei bem”, “talvez” ou “já não sabemos o que fazer para ganharmos”) estão de facto a propor algo de espantoso: a promoção, de facto, do aborto clandestino (para algumas) ou das idas a Badajoz (para outras). Será que já se deram conta ou para os portugueses lá porem a cruzinha no "Não" já vale tudo? É que, sendo assim, já começamos a desconfiar que o que está, no fundo, em jogo para os partidários do "Não" é muito mais do que a alteração de uma lei... Será?

O empolgante Man. United

O actual Manchester United cada vez mais me faz lembrar aquele outro da minha adolescência, onde pontificavam George Best, Dennis Law e Bobby Charlton, em minha opinião um dos melhores jogadores de todos os tempos. Fiquei a admirá-los à custa do meu “glorioso”, goleado por cinco a um no antigo Estádio da Luz com uma exibição de sonho de George Best pautada pela geometria de Bobby Charlton, que uns anos antes enganara a morte em Munique. Agora foi à custa do também “meu” Tottenham, simpatia começada quando, desta vez já adulto mas com a emoção de uma criança perante um novo brinquedo, transpus, no ínicio dos anos oitenta, pela primeira vez os portões do velho White Hart Lane (ainda antes da remodelação) para ver os “Spurs” ganharem por três a um ao célebre Nottingham Forest de Brian Clough, na altura na ribalta europeia. Foi o meu primeiro jogo de futebol em Inglaterra, e posso dizer que o vício veio para ficar ao ponto de, mais tarde, passando por vezes uma semana inteira a trabalhar na Alemanha, em vez de regressar directo a Lisboa, apanhar o primeiro avião da manhã de sábado de Colónia para Londres (o que me obrigava a levantar antes das seis da manhã) para não perder a minha “febre de sábado á tarde”. Já não o faço, mas o futebol empolgante do Man. United de Cristiano, Rooney e Vidic, mas também de Ryan Giggs e Paul Scholes (dois dos meus heróis injustiçados), agora via TV, aí está para me entusiasmar.