Ao contrário do que já adivinho vou ouvir e ler por aí, não entro em choro convulsivo pela cedência, por empréstimo, de três jogadores da formação do meu clube. Todos eles, principalmente Cavaleiro, tiveram as suas oportunidades para integrar o plantel principal e, ao contrário do que aconteceu com João Teixeira e também a época passada com André Gomes, apesar das limitações que sempre reconheci a este último, não demonstraram qualidade e maturidade suficientes para tal. Cancelo foi mesmo, neste jogos de pré-época, um autêntico "susto". Em si mesma, e em abstracto, foi mesmo uma boa decisão, sendo que outra coisa, bem diversa, é a política de contratações do clube e a qualidade das opções tomadas nesta área. Mas sejamos honestos, nem mesmo o nosso rival de Alvalade, reconhecidamente com a melhor escola de formação do país e uma das melhores da Europa, escapa à febre das contratações em catadupa.
Já questionável, nesses empréstimos, serão os clubes escolhidos, todos eles, curiosamente, clubes "de" Jorge Mendes, cuja influência se tem vindo a tornar cada vez maior no futebol do SLB e em outros clubes portugueses, com as vantagens e desvantagens que daí advêm. Se, no Depor, Cavaleiro poderá ter reais oportunidades de jogar com alguma frequência, não se percebe o mesmo possa vir a acontecer com Cancelo e Bernardo Silva no Valência e no Mónaco, respectivamente. Mas nestas opções estamos já a entrar em áreas bem pouco transparentes, tais como acertos de contas, modelos de engenharia financeira, trocas de favores, gestão de influências, etc, etc. E como não há almoços grátis, o clube estará aqui a devolver, talvez com juros, alguns "favores" prestados e que lhe terão possibilitado ou pelo menos ajudado bastante a alcançar os títulos da época passada e a melhoria das prestações desportivas dos últimos anos. É mesmo assim a vida: quem não tem ou não consegue gerar recursos próprios em quantidade suficiente, sujeita-se.