quarta-feira, maio 29, 2013

O SLB e as responsabilidades da "estrutura"

No futebol português, quando se fala dos grandes clubes, das selecções e dos seus fracassos, responsabiliza-se-se a "estrutura", ou seja, a hierarquia e a organização que comandam e precedem a área técnica do futebol profissional. Percebe-se porquê: numa indústria da qual quase todos esperam benesses, seja um notícia em primeira mão ou colocada "a pedido", um qualquer lugar na tal "estrutura" de um desses clubes ou na FPF, uma vaga como comentador das TVs (e aí cuidado, não se vá desagradar a "quem manda") ou no próximo "site" sobre desporto, é melhor ter cuidado, e a "estrutura" é um lugar anónimo e suficiente difuso para não comprometer demasiado quem a nomeia nem desagradar directamente a ninguém. Claro que neste momento de decisões da vida do meu clube, a questão da tal "estrutura" não poderia deixar de vir "à baila", citada por muitos jornalistas e comentadores como causadora de todos ou quase todos os problemas que levaram se passassem quatro anos com apenas com um título de campeão e uma última época sem qualquer conquista e com um final desastroso. Mas, não conhecendo "por dentro" o clube e a tal "estrutura", deixem-me colocar algumas questões:
  1. Por acaso é a tal "estrutura" responsável por um modelo de jogo tremendamente desgastante e pelo facto da equipa acabar sempre as épocas física e mentalmente de rastos?
  2. Por acaso é também tal "estrutura" que impede a equipa de saber gerir adequadamente todos os tempos e ritmos de jogo, sabendo guardar a bola e resguardar-se quando necessário?
  3. É essa estrutura responsável pela desastrada e desastrosa comunicação do seu treinador nas conferências de imprensa? Claro que me dirão estas podem ser sempre devidamente preparadas, mas se tal pode ser verdade relativamente a entrevistas de fundo, não me parece isso possa acontecer nas conferências de imprensa após os jogos, onde é quase impossível evitar que o treinador tenha ampla liberdade para dizer de sua própria justiça. Além disso, não me parece Jorge Jesus seja muito do género de, nesse aspecto, se cingir à "rédea curta".
  4. Será também tal "estrutura" responsável por treinador e presidente mandarem recados um ao outro, em público, sobre a renovação do contrato daquele, entre a sala de imprensa e a "zona mista", depois de uma final europeia perdida?
  5. Será também a tão falada "estrutura" responsável por uma final da Taça de Portugal autenticamente gerida, do ponto de vista técnico, "com os pés"? Onde, por exemplo (e é apenas um exemplo), se colocou a defesa-esquerdo, contra um limitadíssimo VSC, um jogador sem pé esquerdo e, por isso mesmo, incapaz de dar profundidade ao flanco?
Não nego existam questões do foro da condução e gestão do grupo de trabalho - disciplinares, recursos humanos (contratações e dispensas), motivacionais, responsabilidades para com o espectáculo e os adeptos, etc -  em que uma competente e profissional "estrutura" não possa fazer a diferença. No caso do SLB, uma tal "estrutura" teria talvez evitado o encontrão de Luisão ao árbitro no início da época, a triste figura após a final da Taça de Portugal e até talvez a questão da renovação do contrato com o treinador fosse tão mal gerida. Mas ponto final. Adaptando a frase de Karl Marx, a cada um segundo as suas responsabilidades. Está bem? 

4 comentários:

joao duarte disse...

Mas nao foi a estrutura que nao precaveu com antencedencia a saida dos dois medios essenciais da equipa? E que chegou a Janeiro e em vez de reforcar o sector vendeu a unica alternativa existente (Bruno Cesar) ainda q uma adaptacao. Nao foi essa estrutura que assumiu q para lateral esquerdo chegava um tal de Luisinho? Que foi a correr oferecer 1 M€ ao pacos de ferreira por dois inuteis, e olhem de quem o pacos agora se fez muito amiguinho. O Jesus gere mal o plantel, nao sabe controlar os jogos. Todos concordamos com isso. Mas com outro e sem a capacidade de inventar um meio campo e um lateral numa semana tinhamos feito uma epoca muito mais ruinosa e sem as mais valias financeiras que se avisinham e sao essenciais ao modelo de negocio do Benfica. E verdade, existem culpas dos dois lados, mas nao aceito que se esqueca o trabalho fabuloso que o Jesus fez durante quase todo o ano!

JC disse...

1. Witsel saiu com mercado já fechado e pela cláusula de rescisão. Nada a fazer. E JJ disse na altura tinha alternativa a Javi - e teve razão. Não sei se seria possível ir buscar uma alternativa decente em Janeiro.
2. Bruno César não era alternativa para o 1/2 campo. quando mtº para o lugar de Gaitán quando este fazia de 3º médio.
3. Tem razão quanto ás comprar ao Paços de Ferreira. O problema é que em casos como esse e o de Emerson, Capdevilla, César Peixoto, etc, nunca sabemos de quem é a responsabilidade (e tb não é normal o saibamos).
4. Nunca neguei o facto do clube c/ JJ conseguir gerar mais valias. Mas o FCP tb o faz e ganha e, como digo em outro "post", sem títulos tal valorização é sustentável, pelo menos a um nível elevado.
5. JJ faz um trabalho fabuloso quase todo o ano, não o esqueço; mas falha sempre nas decisões. Em que medida esse trabalho fabuloso - o seu modelo de jogo - não é responsável por falhar no fim?
6. Já agora: v. não viu a Final da Taça. O modo como JJ geriu a equipa no jogo foi, no mínimo, assustador (e já aqui tenho elogiado o modo como geriu alguns jogos).

Vic disse...

Bem, pelo que é do meu conhecimento, da estrutura do Benfica fazem parte o LFV, Rui Costa(ao que parece agora é mais ou menos um relações externas), José Eduardo Moniz, o João Gabriel (comunicação), o António Carraça e o JJ. Portanto:
1- Sim, é responsável porque é ao presidente que cabe escolher o treinador.
2 - Idem
3 - Sim, para alguma coisa pagam ao Gabriel. Agora se ele não é capaz de controlar a forma de comunicar de JJ, já é uma questão de competência (ou antes, falta dela)
4 - Sim, porque ambos fazem parte da mesma, sendo que um até é o principal responsável.
5 - Tendo em vista as outras alíneas, é óbvio que sim.
Ao que parece - pelo menos é o que tem vindo a público - diz-se que episódios como o do Luisão e do Cardozo, cabem no ãmbito das responsabilidades do Carraça, que será um dos "sacrificados" neste defeso. Não sei se isto responde às suas questões, mas muito simplisticamente, parece-me que não há como não responsabilizar a estrutura - que, pelos vistos não funciona - e principalmente, o presidente por nunca ter conseguido erguer uma que funcionasse em condições.
(tenha em atenção meu caro, que quem dá esta resposta é, não um sportinguista, mas tão simplesmente alguém que observa com algum interesse o fenómeno futebolístico nacional)

Abraço

JC disse...

Vic: Quando se fala em estrutura, não se fala na Administração da SAD, mas na estrutura para o futebol, neste caso LFV e Carraça. E claro que é LFV quem escolhe o treinador, mas quando oiço as referências à "estrutura" por parte de alguns comentadores (Freitas Lobo, por exemplo) tal significa: "JJ é um excelente treinador, adequado ao SLB, a "estrutura" é que não funciona". Como digo e tento provar, penso a questão é essencialmente técnica, relacionada com as suas várias vertentes: modelo de jogo, mentalidade, liderança e comunicação (da equipa e não do clube)