A desrespeitosa resposta (para com a deputada Ana Drago e para com a Assembleia da República) de Vítor Gaspar ("eu não fui eleito coisíssima nenhuma") sobre um dos maiores escândalos do regime (talvez mesmo o maior depois do caso BPN) põe a nu um problema fundamental da democracia portuguesa: o facto de, ao contrário do que acontece no Reino Unido (por exemplo), poderem ocupar lugares no governo personalidades não eleitas, que assim se eximem ao escrutínio democrático dos cidadãos. Só isso explica e permite a resposta arrogante de Vítor Gaspar, alguém para quem a democracia é um empecilho que fragiliza a actuação ministerial em vez de a fortalecer por via do mandato obtido.
"Abrir os partidos à sociedade", aos não-militantes (embora qualquer cidadão possa livremente aderir e ser militante do partido do qual se sente mais próximo e assim participar activamente na sua vida interna e externa) , pode ter a sua importância política, não o nego, mas acontece muitas vezes parte importante da solução estar bem mais próxima do que à primeira vista pode parecer. Talvez não fosse mau começar por aí, colocando como condição prévia à ocupação de um lugar no governo o ter sido eleito deputado pelos cidadãos-eleitores deste país.
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