Entrei há pouco, para uma compra rápida, num daqueles cafés "de muita gente e ainda mais barulho" e de relance vi que a televisão transmitia um daqueles programas para "donas de casa" e viúvas com mais de oitenta anos. Não sei qual o canal, mas pareceu-me ver Manuel Luís Goucha. Pela "nota de rodapé" percebi também se discutia o "ensino de hoje e o de ontem", o que teve como consequência saísse ainda mais apressado.
Dei por mim a pensar porque não se comparam com igual frequência, exaltando os mesmos valores do passado, a medicina de hoje e de ontem, a ciência "idem, idem", a qualidade de vida das crianças de hoje e no tempo da "revolução industrial, o saneamento básico nas cidades de hoje e no tempo do "lá vai água", etc, etc. Talvez porque nada evoque tanto a nossa juventude como a escola; talvez porque, no fundo, quem faz normalmente este tipo de comparações nas áreas do ensino, filtradas pelo olhar benigno com que se olha sempre a juventude, seja quem "no seu tempo" já tinha acesso aos seus escalões mais elevados, olhando com igual desvelo e culto para um passado privilegiado retratado nas séries de época da BBC onde se evidencia sempre o "glamour". Francamente, também sinto por vezes igual nostalgia por um colégio onde nos tratávamos pelos apelidos e as professoras da primária eram "senhoras donas"; um passado onde as "criadas" tratavam as "patroas" por "minha senhora" e traziam galinhas e coelhos da terra. Mas quando resvalo demasiado para a visão nostálgica de um qualquer passado, próprio ou alheio, vivido ou imaginado, faço logo um esforço para me lembrar, como certeira e metaforicamente disse Woody Allen no seu "Midnight in Paris", que não existiam antibióticos. Pois...
2 comentários:
Além de que o Goucha não me parece ser criatura fadada para discussões inteligentes...
Pois, Queirosiano,não sei nem nunca o ouvi. Desta vez, mtº menos.
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