sexta-feira, junho 29, 2012

Os Jogos Olímpicos e a participação portuguesa

Agora que estão para aí a chegar os Jogos Olímpicos, eis o que escrevi há quatro anos, quando dos jogos de Pequim, neste "blog". Penso que mantém toda a actualidade.

  • Não me parece fazer qualquer sentido seleccionar para os JO quem apenas conseguiu obter os mínimos com demasiada dificuldade e em provas realizadas em condições muito específicas, “desenhadas” especificamente para o efeito. Claro que depois de ultrapassado esse “pico” de forma, que deveria ser programado para acontecer durante os Jogos e não para alcançar o “mínimo”, e em condições longe das ideais, mesmo em termos de “pressão” competitiva, o atleta, sabendo que se irá arrastar pelos últimos lugares e sem qualquer possibilidade de lhes fugir, não terá qualquer incentivo a continuar a sua preparação e concentração, preferindo o “turismo” e o “convívio”.
  • A selecção deveria, para além dos mínimos, basear-se também em outros parâmetros, tais como a evolução recente e frequência dos resultados dos atletas, as classificações e marcas obtidos anteriormente em grandes competições, a margem de progressão existente, capacidade psicológica demostrada, etc. Por exemplo, não faz qualquer sentido seleccionar para uma grande competição quem, já ultrapassado o auge da sua carreira e sem margem de progressão evidente, nunca tenha alcançado qualquer lugar ou resultado, no mínimo, dentro da média de uma grande competição.
  • Também não me parece ser defensável continuar a investir em Federações desportivas cuja evolução de resultados o não justifica, sem que estas apresentem um plano estratégico coerente que prove a sua capacidade para inverter essa tendência, sempre tendo também em atenção que, em condições idênticas, acções semelhantes geram necessariamente os mesmos resultados. Será este o caso da Federação Portuguesa de Natação. Os investimentos devem, isso sim, ser canalizados para onde mostrem ser rentáveis. O mesmo se passa em relação a atletas e treinadores.
  • Deve ser seleccionado um conjunto de modalidades (poucas) nas quais, historicamente, o país tenha demonstrado capacidade para obter resultados consistentes (vela, atletismo, judo e mais uma ou outra por razões de conjuntura), ou ainda algumas outras, emergentes, nas quais as potencialidades sejam evidentes, tanto pelo facto de terem atletas ganhadores já com provas dadas, como por estarem em franco desenvolvimento (v.g. triatlo, canoagem). Nessas modalidades e atletas deve ser concentrado o investimento.

Sem comentários: