Continuando a falar da última sondagem do CESPOP para o DN/JN/TP e Antena 1, é no mínimo curioso, para não dizer extraordinário, o facto de ser o ministro Vítor Gaspar - o "rosto da austeridade" - a conseguir a melhor avaliação entre os membros do governo (9.2), o que pode mesmo parecer um contra-senso. Seria interessante a sondagem ter aprofundado esta questão, mas o que me parece evidente é que os portugueses dão mais importância à imagem projectada de seriedade e rigor, àquilo que se convencionou a "posse Estado", corresponda ela ou não à realidade, do que às medidas governamentais em si mesmas. No fundo, tendem a valorizar mais questões de ordem "moral" do que "política", o que acaba por ser confirmado pelo baixíssimo "score" de Miguel Relvas (5.6), "embrulhado" na trapalhada das "secretas" mas cuja influência directa nas medidas que definem o "bem-estar" dos cidadãos é bem menos evidente.
Preocupante? Sim, sem dúvida, porque além de revelarem a despolitização dos portugueses, o seu relativo atraso cultural e subdesenvolvimento, a atracção ainda sentida por um "mood & tone" discursivo com demasiadas ressonâncias salazarento-seminaristas, lembra-nos que as questões morais, "justicialistas", relacionadas com o "carácter", estão sempre demasiado presentes na génese e na justificação das ditaduras ou, no mínimo, dos populismos de rosto mais ou menos democrático.
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