Claro que ninguém é suficientemente ingénuo (acho) para pensar que não houve uma faceta de oportunidade política no "timing" de divulgação do relatório do Tribunal de Contas sobre as parcerias público-privadas, numa conjuntura muito desfavorável para o governo em função do caso das "secretas" e das dificuldades com a execução orçamental. Mas não só essa faceta de luta política é legítima, até desejável e mostra que um dos partidos (PSD) está atento e fez o seu trabalho de casa (devíamos até congratular-mo-nos por isso), como, e mais importante, o PS não pode servir-se desse argumento para camuflar aquilo que é essencial: a necessidade de análise aos factos apontados pelo TC que, mesmo que se prove não se revestirem de qualquer ilegalidade, necessitam de ser cabalmente esclarecidos perante os cidadãos para que estes possam concluir se o interesse público foi devidamente salvaguardado, podendo assim fazer o seu subsequente julgamento político. Mais: não pode o PS escudar-se apenas na legalidade dos actos praticados, remetendo para os tribunais o seu julgamento. Como acima digo, existe uma avaliação política que sobreleva tudo o resto e é essencialmente sobre ela que o PS tem de responder.
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