Muito se tem escrito e dito sobre os salários de executivos e gestores de topo, tendo mesmo o assunto chegado a ser objecto de comunicação presidencial para além das já clássicas afirmações demagógico-populistas (de defensores e críticos, note-se) que o assunto sempre arrasta consigo. A crise financeira, embora de forma subsidiária, trouxe a questão novamente para um primeiro plano, pelo que é chegada a oportunidade para mais uma “achega”.
Tudo, ou quase tudo, já foi dito sobre as justificações para as altas remunerações auferidas por muitos executivos de topo, a nível internacional, todas elas com a sua parte de verdade e com as quais, basicamente concordo: compensação por um investimento na sua própria formação efectuado nas melhores escolas mundiais, conhecimentos profissionais adquiridos por anos de trabalho nas melhores empresas, rede de conhecimentos e contactos políticos, capacidade para compreender o mundo para além da sua área profissional específica, influência, carisma, etc, etc. Tudo isto constitui, no seu conjunto, razão para aquilo que se poderia designar por uma escassez de profissionais qualificados no mercado, o que justifica o seu valor e, logo, a sua remuneração compensatória condizente. Se tudo isto é ou não confirmado pela sua performance no terreno, será questão importante; mas, de momento, não é essa a análise a que me proponho. De qualquer modo, não deixo sempre de me lembrar de uma frase que o meu pai utilizava para calar os que criticavam o ordenado do Eusébio, na altura elevado mas comparado com os que auferem, hoje em dia, as “estrelas da bola” ridículo: “pois é, será quase analfabeto, mas ninguém no mundo joga à bola como ele!”.
Mas existe, de facto, algo que ainda não vi por aí escrito ou mencionado por defensores ou inimigos: os salários dos executivos de topo contêm também, na sua formação, uma componente ideológica. As suas remunerações elevadas permitem enviar sinais de poder para a sociedade e para o mundo da política, valorizando um determinado modelo de organização social e económico ao mesmo tempo que ajudam a construir a imagem da empresa que se permite praticá-las. Por alguma razão, terá sido durante estes últimos anos de dominação ideológica da ortodoxia ultra-liberal, com um quase endeusamento do mercado após a derrota da URSS e a emergência de um certo novo-riquismo subsequente, que o assunto se tornou mais notório e chegou aos mais altos níveis de discussão pública. No fundo, nada disto é muito diferente, na sua essência que não na forma, das benesses concedidas aos membros das burocracias dos países comunistas ou o modo como eram, e são, apresentados “à cidade e ao mundo” os diversos “queridos líderes” ou “pais dos povos”, também contendo em si uma carga ideológica evidente de modo a acentuar a superioridade de um sistema. Felizmente, num dos casos, temos oportunidade de escolher e contribuir com a nossa actuação, enquanto cidadãos, para a melhoria das que achamos possam ser as imperfeições de um sistema.
Tudo, ou quase tudo, já foi dito sobre as justificações para as altas remunerações auferidas por muitos executivos de topo, a nível internacional, todas elas com a sua parte de verdade e com as quais, basicamente concordo: compensação por um investimento na sua própria formação efectuado nas melhores escolas mundiais, conhecimentos profissionais adquiridos por anos de trabalho nas melhores empresas, rede de conhecimentos e contactos políticos, capacidade para compreender o mundo para além da sua área profissional específica, influência, carisma, etc, etc. Tudo isto constitui, no seu conjunto, razão para aquilo que se poderia designar por uma escassez de profissionais qualificados no mercado, o que justifica o seu valor e, logo, a sua remuneração compensatória condizente. Se tudo isto é ou não confirmado pela sua performance no terreno, será questão importante; mas, de momento, não é essa a análise a que me proponho. De qualquer modo, não deixo sempre de me lembrar de uma frase que o meu pai utilizava para calar os que criticavam o ordenado do Eusébio, na altura elevado mas comparado com os que auferem, hoje em dia, as “estrelas da bola” ridículo: “pois é, será quase analfabeto, mas ninguém no mundo joga à bola como ele!”.
Mas existe, de facto, algo que ainda não vi por aí escrito ou mencionado por defensores ou inimigos: os salários dos executivos de topo contêm também, na sua formação, uma componente ideológica. As suas remunerações elevadas permitem enviar sinais de poder para a sociedade e para o mundo da política, valorizando um determinado modelo de organização social e económico ao mesmo tempo que ajudam a construir a imagem da empresa que se permite praticá-las. Por alguma razão, terá sido durante estes últimos anos de dominação ideológica da ortodoxia ultra-liberal, com um quase endeusamento do mercado após a derrota da URSS e a emergência de um certo novo-riquismo subsequente, que o assunto se tornou mais notório e chegou aos mais altos níveis de discussão pública. No fundo, nada disto é muito diferente, na sua essência que não na forma, das benesses concedidas aos membros das burocracias dos países comunistas ou o modo como eram, e são, apresentados “à cidade e ao mundo” os diversos “queridos líderes” ou “pais dos povos”, também contendo em si uma carga ideológica evidente de modo a acentuar a superioridade de um sistema. Felizmente, num dos casos, temos oportunidade de escolher e contribuir com a nossa actuação, enquanto cidadãos, para a melhoria das que achamos possam ser as imperfeições de um sistema.
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