domingo, setembro 07, 2008

Das eleições angolanas

No que se refere às eleições angolanas, interessante verificar as opiniões antagónicas, sobre o modo como decorreram, da deputada europeia Ana Gomes e do “único observador oficial português”, José Nobrega Ascenso. Nem sempre estando de acordo com Ana Gomes e não apreciando particularmente o seu estilo de Pasionária “aprés la lettre”, considero-a alguém de honestidade insuspeita e o facto de José Nóbrega Ascenso ser o “único observador oficial português” não me deixa, devo dizer, nada tranquilo. Não pela pessoa em si, que desconheço quem seja, mas por ser “único”, algo que estou muito longe de apreciar. Mas tendo em atenção que naquilo que a Angola diz respeito, quer se trate de UNITA, quer se trate de MPLA, quase ninguém em Portugal “sai ileso”, será melhor de ambos tomar as devidas distâncias, bastando, mesmo de longe e independentemente da forma como decorreu o acto eleitoral, ter uma certa noção da vida e do mundo para se perceber da qualidade democrática do que por lá se passa. Infelizmente...

4 comentários:

Anónimo disse...

Houve um lapso no tratamento das minhas declarações pois nunca afirmei "ser o único observador oficial português". Aliás, ao início da noite de dia 05 de Setembro, quando, em directo na SIC Notícias, ouvi essa expressão, tive oportunidade de a rectificar de imediato. Agora, não retiro uma palavra daquilo que disse. Não estive em Cabinda como a Dra Ana Gomes. Estive em Luanda. Não temo contrapor a minha seriedade e a minha isenção como Observador Internacional à de ninguém, por muito voluntarista que seja. Reitero tudo quanto afirmei ao longo destes dias no que me honro de ter sido secundado pela generalidade das Organizações Internacionais presentes, incluindo a Senhora Eurodeputada Ana Gomes que ontem, Domingo, à tarde, já se aproximou, em muito das opinião que expendi em devido tempo. Fui Observador Internacional em Timor-Leste em 1999, 2001, 2002 e 2007 tal como a então diplomata Dra Ana Gomes cujo passado de defensora dos Direitos Humanos muito respeito, como aliás, vinquei bem. No entanto, não comunguei da análise que fez da situação em Luanda e mesma a Delegação da União Europeia na tarde desta Segunda-feira veio ao encontro da moderação e equilíbrio, sem prejuízo de se reconhecerem as falhas no processo que foram apontadas.

JC disse...

Mtº obrigado pelo seu esclarecimento e retificação, pois não tive oportunidade de ver a SIC Notícias. De qualquer modo, como pode verificar pela leitura do post, apenas coloquei em causa a sua isenção pelo facto de ser "único" e nunca por qualquer outra razão. Assim, depois do seu esclarecimento considero essa minha dúvida sem qualquer efeito, apresentando desde já as minhas desculpas. Quanto à "democracia" angolana, as minhas dúvidas, como também se depreende do post, não residem tanto na forma como decorreram as eleições mas mais no que está a montante das mesmas. Nesse aspecto particular, mantenho as minhas observaçõesOs meus cumprimentos e agradecimentos pelo interesse demonstrado.
JC

Anónimo disse...

Ainda em Luanda e em tempo de deixar-lhe aqui o meu Muito Obrigado pela gentileza e amabilidade das suas palavras.

Angola está no caminho, caminhando pelo seu próprio pé, em plena aprendizagem da democracia. Foi muito gratificante constatar a sã e natural convivência dos cidadãos eleitores angolanos, o seu sentido cívico e o sentido de responsabilidade dos membros das mesas de voto, delegados de lista e Observadores nacionais. No entanto, há outros aspectos que têm, forçosamente, de ser ponderados e melhorados. Já no ano que vem, aquando das eleições presidenciais.

Para os vencedores, gerir expectativas na casa de mais de 80% (com províncias, como o Namibe, onde a percentagem de votação no MPLA se situou à volta dos 95%) não será uma tarefa fácil. Mas foi a escolha dos angolanos, expressa livremente nas urnas nos passados dias 5 e 6 de Setembro.

Muito difícil vai ser o papel das oposições. A UNITA com cerca de 10% e PRS com uma pequena votação afirmaram-se como segunda e terceira forças nacionais. Apenas a votação em Cabinda e nas Lundas foi um pouco mais equilibrada. No entanto, o MPLA ganhou em todas as províncias. Os restantes partidos e coligações tiveram resultados, na maioria dos casos, inferiores a 1%, pouco significativos.

Fraternalmente, ao dispor,

José Nóbrega Ascenso

JC disse...

De nada. Ao seu dispôr.
JC