Burt Bacharach e Hal David
Marty Robbins - "The Story Of My Life" (Burt Bacharach-Hal David)
Bacharach e David (I)
A primeira coisa que me ocorre dizer sobre Burt Bacharach e Hal David é que serão os compositores daquilo que, muito genericamente, se pode designar por "Pop/Rock" que mais perto e mais pontes farão com a chamada música ligeira, tal como era entendida antes de 1954, isto é, antes de Elvis ter gravado o "blues" de Arthur Crudup “That’s All Right” e a idade do "rock n’ roll" ter começado em todo o seu esplendor.
Claro que isto não acontece por acaso: Bacharach já não era um adolescente em 1954 (nasceu em 1929) e David era ainda mais velho, pois nascera em 1921, ambos novaiorquinos. Burt de adopção, pois viu a luz do dia em Kansas City, Missouri, e David de nascimento. Para além disso, Burt Bacharach tinha uma formação musical tradicional (a maioria dos rockers não tinha qualquer uma, e isso acabou por se tornar numa virtude), universitária, tendo inclusivamente estudado música e composição, e começou a sua vida musical lado a lado com a geração de "crooners" como Vic Damone, que acompanhou ao piano, e Perry Como. David, esse, era jornalista, mas convém lembrar que ele próprio tinha uma ligação musical desde a infância, pois era um razoável executante de violino.
Esse facto curioso, de estarem na vida musical com um pé lá (música ligeira) e outro lá ("rock n’ roll"), reflecte-se mesmo nos seus inícios, enquanto parceria, já que depois de assinarem um tema para o filme “Don’t Knock The Rock” (“I Cry More”, interpretado por Alan Dale) compõem também para o “romântico" Johnny Mathis, cujo tema mais conhecido em Portugal será, talvez, “Chances Are”, pelo qual suspiravam as adolescentes dos anos 50 nas festas bem comportadas. Mas o seu primeiro sucesso, também reflectindo um pouco essa mesma ambivalência, essa hesitação que acabou por se manifestar como o seu ponto de diferenciação e a sua mais-valia, foi “The Story Of My Life” escrito para alguém quase desconhecido em Portugal mas que nos USA e na “Rolling Stone” é alvo de elevada cotação e respeito: estou a falar de alguém cuja carreira se centrou no "country", mas, ele próprio, tal como Bacharach e David, tendo passados por várias fases e sofrido influências diversas, do "rockabilly" ao "rock n’ roll". Refiro-me a Marty Robbins, alguém que só relativamente tarde descobri (para aí no início dos anos 90) e cujo número de referências na minha discoteca se limita ao CD “Rock’n Roll’n Robbins” - da Bear Family Records, pois claro - onde constam versões de temas tão conhecidos como “That’s All Right” (Crudup), “Maybelline” (Chuck Berry) e “Long Tall Sally” (Little Richard). Pois foi para este Marty Robbins que Bacharach e David escreveram, em 1957, “The Story Of My Life”, com que inicio este capítulo a eles dedicado.
Claro que isto não acontece por acaso: Bacharach já não era um adolescente em 1954 (nasceu em 1929) e David era ainda mais velho, pois nascera em 1921, ambos novaiorquinos. Burt de adopção, pois viu a luz do dia em Kansas City, Missouri, e David de nascimento. Para além disso, Burt Bacharach tinha uma formação musical tradicional (a maioria dos rockers não tinha qualquer uma, e isso acabou por se tornar numa virtude), universitária, tendo inclusivamente estudado música e composição, e começou a sua vida musical lado a lado com a geração de "crooners" como Vic Damone, que acompanhou ao piano, e Perry Como. David, esse, era jornalista, mas convém lembrar que ele próprio tinha uma ligação musical desde a infância, pois era um razoável executante de violino.
Esse facto curioso, de estarem na vida musical com um pé lá (música ligeira) e outro lá ("rock n’ roll"), reflecte-se mesmo nos seus inícios, enquanto parceria, já que depois de assinarem um tema para o filme “Don’t Knock The Rock” (“I Cry More”, interpretado por Alan Dale) compõem também para o “romântico" Johnny Mathis, cujo tema mais conhecido em Portugal será, talvez, “Chances Are”, pelo qual suspiravam as adolescentes dos anos 50 nas festas bem comportadas. Mas o seu primeiro sucesso, também reflectindo um pouco essa mesma ambivalência, essa hesitação que acabou por se manifestar como o seu ponto de diferenciação e a sua mais-valia, foi “The Story Of My Life” escrito para alguém quase desconhecido em Portugal mas que nos USA e na “Rolling Stone” é alvo de elevada cotação e respeito: estou a falar de alguém cuja carreira se centrou no "country", mas, ele próprio, tal como Bacharach e David, tendo passados por várias fases e sofrido influências diversas, do "rockabilly" ao "rock n’ roll". Refiro-me a Marty Robbins, alguém que só relativamente tarde descobri (para aí no início dos anos 90) e cujo número de referências na minha discoteca se limita ao CD “Rock’n Roll’n Robbins” - da Bear Family Records, pois claro - onde constam versões de temas tão conhecidos como “That’s All Right” (Crudup), “Maybelline” (Chuck Berry) e “Long Tall Sally” (Little Richard). Pois foi para este Marty Robbins que Bacharach e David escreveram, em 1957, “The Story Of My Life”, com que inicio este capítulo a eles dedicado.
Sem comentários:
Enviar um comentário