Se esta crise tem algum aspecto positivo, alguma utilidade, é permitir introduzir alguma racionalidade nas taxas do IVA. Por exemplo, alguém me diz qual a razão daqueles boiões de comida para bebé, normalmente utilizados apenas aqui e ali, numa emergência (nenhum bebé que seja um consumidor intensivo de tal coisa pode crescer saudável), estarem, até agora, na taxa intermédia do IVA? Ou porque razão a restauração beneficiava da mesma taxa? Bom, neste último caso podem dizer-me que o aumento do IVA para a taxa normal, acontecendo neste momento, é uma medida (mais uma) recessiva. Certo, o momento é péssimo; mas pena é ninguém ter ousado antes, quando o país ainda crescia, enfrentar o "lobby" do sector. Podem ainda contrapor que a concorrência de Espanha também mantém um IVA a taxa mais favorável, e que a restauração é, de facto, um sector com uma grande componente turística, logo exportadora. Mas alguém, no seu perfeito juízo, acha que o aumento de uma dezena de pontos percentuais no IVA dos restaurantes e ofícios correlativos terá sério impacto no turismo? Enfim... estranho é um PS à deriva ou muito mal pilotado vir cavalgar a onda populista, a puxar à lagriminha ao canto do olho, no caso do IVA dos "blédina" e fazer o papel de ponta de lança da corporação restauracionista no IVA do caldo verde, das bifanas e do arroz de pato. Perante o descalabro que por aí vai na UE e no país, não tem mesmo nada mais sério com que se preocupar?
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