quarta-feira, abril 22, 2009

5 breves notas 5 sobre a entrevista do primeiro-ministro

  1. Tenho ouvido aí pelas rádios (ou telefonias...) que o primeiro-ministro não anunciou, durante a sua entrevista, novas medidas de combate à crise, com excepção do aumento do valor do subsídio social de desemprego. Estranho tal crítica, e por várias razões. Em primeiro lugar porque o primeiro-ministro e o governo têm sido sistematicamente acusados, por vezes com alguma razão, de lançarem medidas avulsas, de forma pouco estruturada. Em segundo lugar porque me parece que o lugar adequado para serem anunciadas, e discutidas, novas medidas governativas é por excelência a Assembleia da República, onde podem ser confrontadas pelas oposições (assim exige a democracia). Em terceiro lugar porque uma entrevista deste tipo, para ser comunicacionalmente correcta e o seu conteúdo ser devidamente apreendido pelos destinatários (os cidadãos), não deve conter mais de duas ou três ideias-chave (por exemplo, alguém fixou ou se lembra de algumas das vinte medidas em tempo propostas por Ferreira Leite?), em vez de se dedicar a elencar um qualquer conjunto de medidas. Por último, mas não menos importante, do ponto de vista jornalístico exige-se que se centrem em elementos de actualidade e estes eram, em primeiro lugar e nas circunstâncias actuais, o relacionamento com o Presidente da República e o “caso Freeport”.
  2. Pergunta: os comentários dos partidos da oposição à entrevista do primeiro-ministro foram produzidos antes ou depois da entrevista ter sido transmitida. Fiquei com dúvidas...
  3. Uma chapelada para Paulo Portas: O CDS foi o único partido a perceber que a uma comunicação do primeiro-ministro deveriam ser os líderes partidários, e não segundas ou terceiras figuras dos partidos, a responder. A influência da política anglo-saxónica foi aqui bem evidente. Saúda-se. Por alguma razão consegue subir nas sondagens.
  4. Não me parece haja algo a apontar tanto à agressividade dos jornalistas como à do primeiro-ministro na forma como a eles se dirigiu e respondeu. A agressividade, desde que contida nos limites da boa educação e da deontologia profissional, do comportamento institucional, não contém em si nada de negativo, muito antes pelo contrário. É bom que os portugueses, que gostam demasiado do “atento, venerador e obrigado”, se habituem.
  5. Por último, que me desculpem, mas mau “timing” para a entrevista: privou-me de ver aquilo que deve ter sido a extraordinária 2ª parte do Liverpool-Arsenal. Oh! senhor primeiro-ministro, mas então isso é coisa que se faça?

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