A jornalista Fernanda Câncio apresenta uma vantagem sobre muitos dos seus pares: o seu relacionamento com o primeiro-ministro José Sócrates é público e conhecido. Se nunca o confirmou, também nunca o desmentiu nem teria que o fazer. Por isso, não estando em causa a sua qualidade profissional, reconhecida, ao lermos o que escreve todos podemos considerar que pode, ou não, estar a ser influenciada por esse seu relacionamento e equacionar o modo como ele poderá, eventualmente, estar na base dos interesses e objectivos que defende. Mesmo no seu trabalho puramente jornalístico. Está pois, abertamente, sujeita a escrutínio público.
Num campo de relacionamento absolutamente diferente, mas inserindo-se na mesma lógica, está Marcelo Rebelo de Sousa: é conhecido e reconhecido como militante do PSD e já foi seu presidente. Ao escutarmos (quem se der ao trabalho) os seus comentários, sabemos que poderá ter uma agenda política própria e de que modo as suas lealdades políticas e partidárias poderão, ou não, influenciar o que afirma. Também aqui, no seu caso, tudo é claro.
Pelo contrário, relacionamentos e interesses vários de muitos jornalistas e comentadores não são conhecidos por quem os lê, mantendo-se o desconhecimento ou a dúvida sobre os reais interesses e objectivos que os movem e efectivamente prosseguem. Sobre o que, na realidade, determina as suas convicções de momento. Convém, para maior eficácia da sua acção, que esse secretismo assim se mantenha, que as suas ligações assim se estabeleçam. Alguns, mesmo, trabalham simultaneamente em orgãos de informação e, na sombra, mantêm ligações com agências de comunicação e outros, como Sandra Felgueiras, saltitam alegremente entre a assessoria (neste caso de sua mãe) e a televisão pública. Curiosamente, não me lembro de ver alguém pôr isso em causa.
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
domingo, abril 12, 2009
A propósito de Fernanda Câncio
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