quinta-feira, abril 09, 2009

Como v. pode contribuir para minorar e abreviar a crise no fim de semana da Páscoa

  1. “Vá para fora cá dentro”. Deixe-se dessas coisas de Cancún, Varadero, Punta Cana, Pipa e outras possidoneiras semelhantes que isso só contribui para resolver a crise dos outros. Mas vá para longe, para gastar mais gasolina. E livre-se de ir abastecer o carro a Espanha! Para já, porque por lá vão dizer que você tem um “coche” e isso pode ofendê-lo; depois, quando a tentação da gasolina mais barata for muito forte e se lembrar de Oscar Wilde tentando não lhe resistir, lembre-se que um dia destes a crise lhe pode bater à porta sob a forma de desemprego ou de “lay off”. Já agora, quando meter gasolina compre toda a série de bugigangas que por lá encontrar, incluindo a “Hola!”, ovos Kinder, etc, etc. E dê gorjeta à empregada da casa de banho, se a houver.
  2. Mesmo que tenha levado o carro à revisão recentemente, mande fazer verificações de última hora àquele mecânico “jeitoso” que você conhece: pastilhas de travão, limpa vidros, focagem de faróis, trocar um pneu já um pouco mais gasto. E nada de poupar na condução!: toca a acelerar, travar mais perto das curvas, “puxar” segundas e terceiras”, travar com a “caixa”. Vá lá, impressione as “pikenas”, pois agora tem finalmente uma boa desculpa para o fazer sem passar por “grunho”.
  3. Leve a família toda, incluindo a empregada doméstica e o(a)s namorado(a)s dos filhos. Se eles não quiserem ir, diga-lhes que lhes oferece dinheiro na semana seguinte para uma noite no Íbis (preservativos incluídos) e um jantar de “picanha”. E nada de sanduíches: todos a "enfardar" e a comer fora. Neste caso evite as tascas, mas também os restaurantes muito caros. Tanto uns como outros sofrem pouco com a crise: os primeiros porque são baratos e beneficiam do downgrade de muitos cidadãos já atingidos pela crise; os segundos porque quem é rico ou já se atirou do alto do Empire State, falido, ou sempre vai conseguindo continuar a frequentá-los.
  4. Pelas mesmas razões escolha um hotel “middle of the road”, nem muito caro nem muito barato. E, já agora, nada de camas extra: quartos para todos! Um bom conselho também é, pela primeira vez na sua vida, não tentar roubar os roupões turcos e tratar de os comprar na loja do hotel! Utilize o “room service” com frequência: que raio, está a descansar!
  5. Por onde passar, compre artesanato e produtos regionais, mesmo que não saiba o que lhes fazer depois. Talvez seja também uma oportunidade para começar já a comprar os presentes de aniversário e de Natal até 2010, quando se pensa a crise possa estar mais aligeirada.
  6. Já que vai estar fora, aproveite para fazer aquelas pequenas obras lá em casa, mesmo que não sejam urgentes. E nada de pensar que afinal não vai para fora e se mete você ao trabalho. Nada disso!, que “bricolage” está fora de moda e você nem um prego sabe pregar. Mande chamar aquela pequena empresa lá do bairro ou o “Sr. Não Sei Quantos” do costume que as farão muito melhor do que você alguma vez sonhou e sem a confusão de você e família estarem em casa a atrapalhar.
  7. Já que vão de fim de semana prolongado, há sempre coisas “muito em conta” que se compram nas lojas da província: lençóis, mantas, tapetes, loiças, chinelos... Ah!, e quando regressar vá comprar mais uns DVDs, jogos para a “Playstation” e o que mais lhe aprouver.
  8. Por último, os presentes de Páscoa. Esqueça isso de dar dinheiro aos filhos, abrir-lhes uma conta-poupança, etc, etc. Dinheiro a circular é que é. Por isso, junto com os bem escondidos ovos de Páscoa que eles vão tentar descobrir, de certeza que os seus filhos e netos vão encontrar uns cheques-brinde, uns vales de compras, um cartão de crédito novo, uns "coupons" de gasolina.
  9. Vá lá, não hesite! Quer ou não quer contribuir para apressar o fim da crise enquanto pode e esta, tal qual morte traiçoeira, não lhe bate à porta? De certeza que, cumprindo este plano à risca ou tentando ainda ampliá-lo, vai regressar domingo ou segunda-feira com a conta bancária mais aligeirada. Mas também, certamente, com a alegria e satisfação do dever cumprido nesse inadiável combate. Obrigado, caro concidadão!

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