Vasco Pulido Valente resolveu comemorar o "seu" 25 de Abril com um texto, publicado hoje no “Público” (não linkável), digno de figurar num qualquer manual do reaccionarismo mais trauliteiro, algo que não me surpreenderia ver assinado por Dutra Faria ou Barradas de Oliveira no “Diário da Manhã” dos velhos tempos. Ou por João Coito na RTP de Valadão. Pior, já que estes ainda tentavam manter o grau de respeitabilidade (pelo menos aparente) necessário ao seu estatuto de comentadores oficiais de um regime que cultivava o distanciamento como norma, deixando para outros prosas e atitudes que, enquanto públicas, poderiam ser julgadas como indignas das elites. Está no seu direito o “Público”, e ainda bem que o pode fazer, constituindo a sua publicação uma homenagem à liberdade há 35 anos conquistada. Além de tudo o mais (les bons esprits...) o mesmo jornal dá por vezes também guarida nas suas páginas ao sovietismo mais retrógrado, na pessoa e escrita de um tal António Vilarigues, achando que assim se cultiva o pluralismo, talvez não tanto a seriedade. É opção do jornal e, como tal, apenas aos seus accionistas e dirigentes diz respeito. Como leitor diário – pelo menos por enquanto - apenas posso lamentar não estejam todos os habituais colaboradores do jornal ao nível que Sarsfield Cabral, Teresa de Sousa, Campos e Cunha, Paulo Varela Gomes, Pacheco Pereira, Pedro Magalhães e outros me habituaram, todos eles responsáveis por esta minha opção diária de leitura. Paciência. Quanto a Vasco Pulido Valente estranho apenas alguém com a sua bagagem cultural e política seja capaz, sem se envergonhar, de se rever em pensamento e raciocínios tão primários, mas, na já longa história do mundo moderno, essa é realidade que já todos nos habituámos a reconhecer, lição de longa data aprendida. Nunca é tarde para o recordarmos, e esta será pois uma excelente oportunidade para agradecer a Vasco Pulido Valente a sua contribuição para manter viva a lembrança.
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