Pacheco Pereira afirma no "Abrupto" a propósito do novo tratado europeu: "Houve tempo em que o referendo não era decisivo, hoje é. Hoje é, por que, todas as vezes que se leva um documento aprovado pelos governos a voto referendário, ele ou passa à tangente, ou é recusado." Não poderia, pois, ser mais claro, Pacheco Pereira, embora isso já se revelasse completamente desnecessário: para ele, como para os restantes partidários do referendo europeu, não existe uma posição política de fundo, em termos gerais e abstractos, sobre o instituto do referendo, e referendar o novo tratado só é decisivo porque acham que, assim, ele poderia esperançadamente vir a ser recusado.
É pena, mas Pacheco Pereira - cujo modelo de comentários me habituei a apreciar em contraponto áquele que é aceite como padrão em Portugal, o de Marcelo Rebelo de Sousa - está a tornar-se, cada vez mais, um analista (ou comentarista) político de causas, normalmente perdidas. Foi assim com Savimbi, foi assim com Bush, é assim no seu combate contra o aprofundamento político da União. É pena, é demasiado inteligente para isso - e também para a servidão a tão ruins causas.
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