Parece estar a assistir-se no PSD a uma “autarcização” (não sei se a palavra existia no momento anterior a este) do partido, entregando-o à província, às suas estruturas locais, ao arbítrio dos seus pequenos gauleiters, à lógica da concelhia e da secção, das quotas e das lealdades, das fidelidades traficadas. Sob a capa do poder das bases, da crítica aos barões, do “ouvir os militantes” prepara-se o nepotismo, o discricionarismo porque legitimado pela “vontade do povo” tornada estrutura orgânica, a “desidiologização” em nome dessa razão única, última e indiscutível, onde o apego às ideias, à política e aos conceitos se tornará numa incomodidade, e os seus defensores em personagens de um qualquer Farenheit 451 destinados a ler livros no degredo das florestas. Não vale sequer a pena pensar e especular sobre os nomes escolhidos para os orgãos do partido, porque, em última análise, esta será a lógica, e os nomes – pormenor de somenos - serão os que a ela se submeterem, apenas e enquanto o fizerem. Tenham medo; tenham muito medo.
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