Segundo o "Publico" de ontem,
"Os patrões do sector têxtil e do vestuário português querem que o Governo ponha travão às expectativas de aumentos salariais para os próximos anos e que suprima alguns feriados do calendário nacional. É a única forma, segundo Paulo Nunes de Almeida, o presidente da Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal (ATP), de "garantir a competitividade das empresas de mão-de-obra intensiva, em particular as confecções". Falando na abertura do 9.º Fórum da Indústria Têxtil, que decorreu ontem no Citeve, em Vila Nova de Famalicão, e de olhos voltados para o ministro da Economia, Manuel Pinho, o presidente da ATP argumentou que o objectivo de o Governo chegar a 2011 com um salário mínimo de 500 euros mensais - o que implica uma actualização anual de 5,5 por cento - coloca "uma boa parte das empresas numa situação de não poder continuar a laborar, pois é-lhes impossível acomodar o aumento de custos, os quais jamais se poderão repercutir nos preços praticados aos clientes, em especial nos mercados internacionais".... ...Mas as reivindicações não se ficaram por aqui. Além de preconizar a redução do número de feriados, e como forma de contrabalançar a subida do salário mínimo, a ATP reclamou a isenção dos descontos para a Segurança Social das horas suplementares, a limitação dos montantes globais das indemnizações por despedimento, bem como a alteração do pagamento do total do rendimento anual dos trabalhadores de 14 para 12 meses, ou seja, o fim dos subsídios de Natal e de férias.
Quase me apetece dizer, à laia de comentário, que, já agora, para evitar quebras de produtividade, os trabalhadores passem a trabalhar algaliados, evitando "nefastas" perdas de tempo com idas à casa de banho, e almocem no posto de trabalho utilizando aquela maquineta inventada para o efeito nos "Tempos Modernos" de Chaplin.
Mais a sério - se é que, com estas propostas, a ATP ainda merece que a tratem com alguma seriedade - será esta desvalorização permanente do factor trabalho a alternativa que algumas associações empresariais têm a propor face à rigidez contratual e à falta de flexibilidade sindical? Pessoalmente, e conhecendo um ou outro dirigente de algumas delas, acho que não, e penso não estar enganado, mas não seria mau que aproveitassem para se demarcar de tais disparates. É que, por este caminho, ainda acabamos por dar razão a Carvalho da Silva e à CGTP, o que não me parece ser lá muito boa ideia. O problema é que estas afirmações foram feitas perante o ministro Pinho que, parece, segundo o "Público", "não tugiu nem mugiu" e com a concordância de Daniel Bessa, ex-ministro do governo de Guterres. Caso para perguntar: "choque tecnológico"? Finlândia? Afinal em que ficamos?
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