segunda-feira, dezembro 20, 2010

Tiro à FIFA e à UEFA: o passatempo favorito dos jornalistas desportivos portugueses

Existe em Portugal um passatempo muito comum entre os jornalistas e comentadores desportivos que poderíamos denominar “tiro à FIFA e à UEFA”. Como pensam normalmente pouco e a maioria são impreparados - e fica sempre bem bater nos “ricos e poderosos” desde que saibam tal coisa não lhes trará consequências (a excepção é o presidente do FCP, pois pudera!) – toca a considerar, por preguiça de raciocínio ou opção apriorística, que tudo o que FIFA e UEFA fazem está mal feito. FIFA e UEFA decidem “A”? Então é porque andam apenas atrás do dinheiro. É “B”? Então é porque Michel Platini (chamam-lhe “o senhor Platini”...) quer agradar a alguém, e assim sucessivamente... No meio de tanta estupidez, esquecem que FIFA e UEFA tornaram as fases finais de Europeus e Mundiais em dois dos três maiores espectáculos desportivos do mundo, que a Champions League é um sucesso absoluto, que a Liga Europa, depois de um arranque titubeante, com este novo formato se tornou bem mais interessante e competitiva, que europeus e mundiais de jovens evoluíram extraordinariamente, etc, etc.

Bom, agora parece que a blasfémia - vá lá saber-se porquê!? - é o facto de os terceiros classificados dos grupos da Champions League passarem para a Liga Europa, algo que não conseguem compreender... Se quisesse ser “má língua” diria que é pelo facto do FCP jogar este ano a Liga Europa, que assim se torna mais competitiva, mas como gosto pouco de teorias da conspiração e prefiro raciocínios mais estruturados aqui vai uma explicação.

Em primeiro lugar, e como disse anteriormente, a entrada dos clubes vindos da CL torna a Liga Europa mais competitiva, aumentando o interesse dos aficionados do futebol e conseguindo assim gerar maiores receitas para a UEFA e para os clubes – são os clubes de maior nomeada que dão notoriedade e trazem público para uma prova. Em segundo lugar, e até talvez mais importante, essa passagem dos terceiros classificado da para a Liga Europa permite a muitos clubes que realizaram investimentos significativos para participarem na CL mais uma hipótese de os rentabilizarem (a um outro nível, claro, mas sem caírem no zero absoluto), continuando a angariar receitas e a dispor de uma “montra” e de um incentivo para os seus jogadores. Ora esses investimentos são absolutamente necessários não só para se conseguir um maior equilíbrio na CL, como também para elevar o nível do futebol praticado na Liga Europa.

Caros senhores jornalistas, comentadores, opinadores e afins: será isto assim tão difícil de entender?

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