domingo, dezembro 19, 2010

Elisabetta Canalis e o Café Delta em "pastilhas"



A campanha do café Delta em pastilhas, com Elisabetta Canalis, parece ser mais um daqueles casos, em que a publicidade é fértil, de uma ideia que parece brilhante mas que, na realidade, não passará, muito provavelmente, de um desenrascanço de “chico esperto”, contentinho de si mesmo (do género: “olha como eu sou brilhante”), e que, como tal, contém em si uma série de potenciais erros que se podem revelar fatais para a sua eficácia. Expliquemo-nos...
  1. Tenho para aqui na ideia que Elisabetta Canalis não será assim tão conhecida, o que limitará a sua eficácia enquanto “endorsee” da marca. E, caso o seja, será exactamente enquanto namorada de George Clooney, o que, obviamente, remete quem vê a campanha para o Nespresso, marca líder e genérico da categoria que todos identificamos, de imediato, com Clooney.
  2. Acresce que enquanto a imagem de Clooney nos evoca uma série de ligações e emoções ligadas com as suas ideias e o cinema (digamos que Clooney é uma personalidade com “espessura” e densidade), nada disso acontece com Canalis, a não ser suscitar nos homens a expressão “é boa como o milho”. Convenhamos que não vou desmentir o óbvio, e que “para uma noite bem passada” tal qualidade não será assim tão restritiva, antes pelo contrário; mas o mesmo já não se passa quando estamos perante uma campanha de publicidade, até porque “boas como o milho” as haverá mais conhecidas, com perfil adequado e até mais baratas (em termos de “cachet” publicitário, entenda-se!).
  3. Acresce ainda que não só Bruno Nogueira me parece ser mais conhecido, em termos gerais e em Portugal, do que Canalis, como os respectivos perfis me parecem ser demasiado incompatíveis (Nogueira é mais Maria Rueff) para se exprimirem consistentemente numa mesma marca. Tal coisa poderá levar muita gente a perguntar-se “quem é a “estupendaça” ao lado do Nogueira?”, ou a Nogueira tornar-se, de facto, como único “endorsee” da marca (ignorando os consumidores o papel de Canalis), nesse caso para um “grupo-alvo” bem menos sofisticado. Se a ideia era essa, o que está lá a fazer Canalis?
  4. Ao fazer humor com o "spot" da marca líder (Nespresso), a Delta está implicitamente a reconhecer a superioridade desta e a contribuir para a respectiva notoriedade. Se a ideia é vender no "rasto", no género "me too, but cheaper", até poderá ter algum potencial. Mas é um risco... Muitos consumidores até poderão achar graça mas acabarão por comprar Nespresso.

Convenhamos que estou a falar “de fora” – desconhecendo “briefing”, objectivos, estratégia e etc e tal - o que é sempre fácil. Acresce também que continuo e continuarei fiel ao meu café de balão, ou feito naquelas pequenas cafeteiras prateadas de “ir ao lume”. E a moê-lo na altura (normalmente o Colômbia Supremo) guardando os grãos no frigorífico fechados num Tupperware. Por isso, caros Nestlé e Delta: façam favor de não perder tempo comigo. Sou mesmo um caso perdido!

1 comentário:

Karocha disse...

JC

Como estamos no seu blog,podemos ser maus.
Os tugas quando imitam, fazem-no mal!
O anúncio do Clooney é brilhante e, agora até reciclam eheheh