Juro não tenho qualquer procuração para defender o ex-ministro Álvaro Santos Pereira, nem sequer o conhecendo pessoalmente ou, muito menos, tendo com ele qualquer ligação. Acrescento que nem sequer achei a sua acção à frente do Ministério da Economia especialmente competente, ou incompetente. Santos Pereira limitou-se a "pôr-se a jeito" com aquelas histórias do "Álvaro" e dos "pastéis de nata" e como teve o azar de ficar responsável pelo Ministério em tempo de vacas esqueléticas, não tinha experiência ou peso políticos que se visse e vinha "de fora", foi trucidado por um jornalismo cobarde sempre pronto a fazer "pushing ball" dos mais fracos. Como conclusão, e isto apesar do disparatado livro de "memórias" que escreveu sobre os seus tempos de ministro, muito dificilmente alguém, nas circunstâncias, teria tido hipótese de fazer muito melhor. "Álvaro", um accadémico vindo de uma outra cultura e talvez não sendo demasiado esperto ou inteligente, expôs-se, e isso foi-lhe fatal.
Vem isto a propósito da autêntica "barracada" do ministro Pires de Lima sobre o acordo com os sindicatos da TAP e que levou ontem à incredulidade o seu companheiro de partido Lobo Xavier ("Quadratura do Círculo") e hoje a um categórico desmentido do primeiro-ministro em pleno parlamento. É que, convenhamos, não estamos aqui perante uma "boutade" (essa já Pires de Lima tinha ensaiado com as "taxas e taxinhas" e não se saiu demasiado bem), um pequeno lapso ditado pela inexperiência política, uma afirmação sem ou com irrelevantes consequências; estamos perante um acto político importante que, surpreendentemente, revela uma total falta de tacto político e de bom senso e um desconhecimento completo da legislação do trabalho inadmissível num ministro da Economia. Mas, ao contrário de Santos Pereira ("o Álvaro"), Pires de Lima, talvez por via da imagem de competência construída ao longo da sua carreira de gestor e da sua importância como putativo número dois do CDS, talvez também por, com a sua experiência e origem social, ter aprendido a "resguardar-se, sabe-se lá se também por compromissos e cumplicidades com os "media" que soube construir e gerir durante anos, tem aquilo que se chama de boa imprensa. E, convenhamos, é isto que faz toda a diferença.
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