Esta nota já vem atrasada, mas não ficaria de bem comigo próprio se não a escrevesse.
Ficámos a saber através do próprio José Sócrates, nas suas respostas à TVI24 e não por especulações jornalísticas, fugas ao segredo de justiça ou algo de semelhante moral ou criminalmente condenável e sem qualquer valor probatório, que o ex-primeiro-ministro recebeu dinheiro emprestado (quantias consideráveis) de um amigo cuja empresa foi importante fornecedora do Estado durante os seus mandatos à frente do governo. Mais, sabemos que grande parte da aprovação deste tipo de contratos (falo em abstracto) depende directamente de decisão e/ou influência governamental. Se, nestas circunstâncias, pedir dinheiro emprestado a um amigo, mesmo depois de já não exercer qualquer cargo político, está muito longe de constituir crime ou acto ilícito, penso ninguém duvidará estamos perante uma grave e inequívoca quebra daquilo que se convencionou chamar "ética republicana" (não gosto da designação, mas enfim...), para mim suficiente para definir uma personalidade e pôr término a quaisquer hipóteses de carreira política futura, por muito vagas que elas ainda fossem.
Nota: Estou a falar de ética política e não de matéria criminal ou do âmbito do funcionamento da Justiça, pelo que as minhas críticas sobre o modo como esta tem vindo a actuar, neste e noutros casos recentes, mantêm-se sem alteração.
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