Independentemente do nojo, do repúdio, da revolta que sentimos e da concordância no facto dos assassinos de Paris deverem ser julgados como quaisquer outros criminosos de delito comum, "serial killers", que sem dúvida o são (inclusivamente com todos os direitos destes, é importante dizê-lo), nem sequer, nos nossos piores sonhos, pensando em lhes conceder o estatuto de "combatentes", "resistentes" ou lá o que quer que seja, convém, do ponto de vista político e para termos a noção de como devemos agir no médio-longo prazo, lembrar onde e como tudo começa. E para isso temos de voltar às velhas questões políticas, ao "eterno" conflito israelo-palestiniano, à declaração Balfour, ao acordo Sykes-Picot e a uma questão que, com Arafat e sem Arafat, com o Hamas e eventualmente sem este, parece irresolúvel. Mas também à queda da URSS, que abriu caminho ao fim das ditaduras nacionalistas árabes e criou o vazio onde o islamismo radical viu a sua oportunidade, se infiltrou e tem vindo a ocupar. E nestas duas importantes áreas da política internacional e da geo-estratégia convém reconhecer que aqueles que nós, ocidentais, que nos revemos na democracia, na tolerância e nas liberdades, temos vindo a eleger e mandatámos nem sempre terão estado à altura e agido com as necessárias prudência e sabedoria políticas. Essa é também uma nossa responsabilidade, mas, infelizmente, tenho pouca ou nenhuma esperança as coisas venham significativamente a mudar.
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