Atenção: os primeiros desafios que o Syriza vai ter de enfrentar não são tanto de natureza europeia, da pressão dos "países do norte" e de Bruxelas e Frankfurt, de financiamento. Esses serão cruciais, mas virão talvez mais tarde. É que, em primeiro lugar, e em certa medida em simultaneidade com esses, o Syriza vai ter de enfrentar e resolver dois problemas sem os quais estará à partida condenado ao fracasso:
- A sua coesão interna perante adversidades, contrariedades, pressões de toda a ordem e a luta política, que não deixará de incluir "golpes mais ou menos baixos", que os agora derrotados, com a Nova Democracia à cabeça, não deixarão de lhe mover com o provável apoio de algumas estruturas da UE; é mesmo assim a vida política, e todos sabemos, não só como funciona a política grega, como coesão interna é sempre algo que escasseia nos partidos radicais de esquerda, mesmo que o poder e a necessidade de alianças possam suavizar a sua habitual tendência para dissensão por minudências ideológicas.
- A necessidade de manter a funcionar com alguma eficácia um aparelho de estado que imagino construído muito provavelmente à medida das necessidades da Nova Democracia e do PASOK, e que por isso mesmo pode não ser colaborante (é o mais provável) com a governação do Syriza, um partido que posso imaginar com estruturas relativamente frágeis e quadros políticos e administrativos escassos e pouco preparados. Posso estar errado, claro, mas antes das chamadas "grandes questões, acho que muito do que irá acontecer na Grécia pode passar por aqui.
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