Culpados ou não se verá (?), e esperemos a justiça seja capaz de o determinar sem qualquer ponta de dúvida. Mas algo se pode dizer desde já com toda a justiça e com uma grande chapelada: o enorme profissionalismo da defesa dos McCann, que actua com a precisão de um relógio e mexe as suas pedras com o rigor de um grande mestre do xadrez. Tudo acontece como e quando deve acontecer: o regresso a Inglaterra; o perfil dos advogados contratados; a mudança dos assessores de comunicação e o seu perfil e antecedentes; as notícias, nada inocentes, saídas nos media, mesmo nos portugueses - sendo escolhidos os mais “sérios” como o “Público” -, sobre casos anteriores e semelhantes em que se provaram erros judiciais; o surgimento de peritos altamente qualificados na área cientifica e, por fim, o foco no grande telhado de vidro da PJ que constitui o “Caso Joana”. E, claro, simultaneamente com tudo isto e em pano de fundo, a normal cooperação entre polícias, actuando a inglesa na sombra com o silêncio dos inocentes.
Todo um rigor e profissionalismo que me parece, por contraste, começar a abrir algumas brechas na coesão do lado da investigação, que durante alguns dias viveu e se alimentou de uma “fuga para a frente” talvez não inteiramente consistente em função dos dados recolhidos e parecendo eventualmente reversível: recusa do Conselho Superior da Magistratura a divulgar elementos sobre o caso; indecisões sobre futuras audições e recusa do juiz de instrução à sua audição em Portugal; demissão ou afastamento de Olegário Sousa; hipóteses fantasiosas sobre o destino do corpo(?) e afirmações ridículas e irrelevantes para o caso, sopradas para os media, sobre a personalidade de Kate McCann, o seu perfil psicológico e o relacionamento com os filhos.
Gostaria de ter a certeza que os responsáveis pela investigação têm a perfeita noção dos terrenos que pisam e do que está em jogo. Infelizmente, em função do que vejo e dos antecedentes, estou longe de ter essa mesma certeza. Esperemos, pelo menos, que a televisão do Serviço Público não volte a cair na armadilha Barra da Costa, seja ela qual for ou chame-se como se chamar. É que é o mínimo...
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
terça-feira, setembro 18, 2007
O profissionalismo dos McCann e o "lado de cá"
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