O “Bloco de Esquerda” resolveu denominar de “Forum Socialismo” o seu encontro de Verão de quadros e militantes (peço desculpa se a composição não era bem esta, mas dá para entender sobre o que estou a falar). O que o “Bloco” parece ainda não ter entendido é que, com a queda do “muro” e a implosão da URSS e dos países do leste europeu, autodenominados de “socialistas”, o que foi posto em causa não foram os regimes políticos aí vigentes, apenas, mas toda a concepção do socialismo, em si mesma, enquanto conceito oposto e alternativo ao capitalismo e à sociedade de livre iniciativa e baseada no mercado. Note-se que estou a falar de socialismo, enquanto alternativa global, e não de social-democracia ou outro qualquer modelo de regulação, controle e organização política do capitalismo e da sociedade de mercado “pura e dura”, conotados ou não (democracia-cristã) à esquerda, que, enquanto tal, permitiram às sociedades europeias do norte e centro europeu atingirem níveis de bem estar, progresso social e igualdade invejáveis e sem paralelo no passado recente ou longínquo. A não ser que Louçã, ao falar de socialismo, se refira apenas a um qualquer conceito mítico e não a uma forma de organização e funcionamento da sociedade, com o seu quadro normativo e institucional, o que não parece poder depreender-se da ideologia e prática políticas do “Bloco” apesar do pós modernismo militante e da tentativa de caminhar no fio da navalha. Aliás, seria interessante que Louçã e a direcção do “Bloco” auscultassem os seus votantes e simpatizantes sobre a questão do socialismo, pois me parece que, muito mais do que a ideia mítica do socialismo, o que os moverá é bem mais um improvável modelo social que conjugue um largo liberalismo de costumes promotor da individualidade e da pluralidade e uma estatização e regulamentação férreas da economia e do trabalho tendo como objectivo a igualização forçada. A “quadratura do círculo”, enfim!
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