Se Scolari está certo ao estabelecer como objectivo os 28 pontos no apuramento para o Europeu de 2008, erra quanto á periodização no modo de os alcançar, digamos assim, uma vez mais, fruto da sua pouca flexibilidade e questionável rigor no modo como perspectiva os jogos. Podendo o grupo ser dividido em dois - cinco equipas candidatas a dois lugares de apuramento e as restantes três para “atrapalhar” –, Scolari deveria saber que iria disputar alguns jogos decisivos (Polónia e Finlândia fora e Polónia e Sérvia em casa) no início da época, os primeiros na “ressaca” de um mundial desgastante, e sendo obrigado a mexer na equipa-base dado o abandono de alguns jogadores, e os segundos no início da preparação e, conhecendo o mercado, com hipótese de alguns dos jogadores-chave da selecção estarem em período de mudança de clube e/ou de país, com toda a instabilidade e problemas de adaptação que tal alteração implica. Mais ainda, sabe também que, ao contrário do acontecido na qualificação para o Mundial de 2006, terá oito e não quatro jogos contra adversários directos, três deles incómodos para os princípios e modelo de jogo portugueses (Finlândia, Polónia e Bélgica), estando assim a selecção mais exposta a variações de forma, lesões, imponderáveis, sorte e azar e... a ter dificuldades nesses jogos em casa. Não minimiza os riscos, mantendo demasiada rigidez nos seus princípios de gestão (não sugiro que os mudasse radicalmente – o que seria um erro – mas que introduzisse alguma flexibilidade), optando com demasiada frequência por jogadores fora de qualquer forma aceitável e não possuindo um sistema de jogo alternativo. O resultado é um empate lisonjeiro na Finlândia e uma derrota na Polónia (por números que poderiam ter sido bem mais dilatados). Em ambos os jogos, Portugal não consegue impor os seus princípios de jogo contra equipas que jogam rápido e simples e de grande poder físico-atlético, essencialmente porque o meio-campo, em forma deficiente, defende baixo, encostando á defesa, e a equipa, sentindo-o, tem medo de atacar (ou ataca com pouco apoio) e, quando o faz, não recupera, expondo-se. Mesmo quando domina, vê-se em dificuldade para controlar o jogo. O mesmo irá passar-se na Arménia e no Estádio da Luz contra a Polónia. Acresce que, sabendo isto – e as dificuldades que Portugal poderia encontrar em casa contra Polónia, Finlândia e Bélgica (neste último caso, não confirmadas) – teria sido bem mais prudente definir à partida como objectivo, sem qualquer hesitação, vitória nos seis jogos contra Arménia, Cazaquistão e Azerbaijão (seriam 18 pontos) gerindo os jogos e resultados contra os adversários directos, disputados – alguns – com grandes intervalos entre eles, em função do momento da equipa, incidências do jogo, etc.
Penso ser este o problema actual de base: se os princípios de gestão de Scolari (um grupo fechado, ainda mais fechado se considerarmos os onze iniciais, modelo de jogo com poucas ou nenhumas “nuances” e sem sistema alternativo) se revelam extremamente adequados a uma fase final, concentrada, ou a uma qualificação com poucos jogos decisivos, já não o serão tanto, sem a introdução de alguma agilidade, para um período longo e com muitos jogos disseminados por esse mesmo espaço de tempo. Acresce que quando introduz alguma flexibilidade nesses princípios o faz não de uma forma prospectiva, mas sempre em função de algo que já correu mal, como aconteceu no Europeu de 2004 e, recentemente, depois do jogo com a Arménia. É exactamente o contrário do que manda a gestão (gerir é prever) e confirma um dos seus defeitos, já aqui citado, de alguma falta de rigor na abordagem e preparação dos jogos. E perde o controle: antes do problema acontecido no jogo com a Sérvia, será bom lembrar as declarações no final do jogo com a Arménia sobre o modo como “corriam” os jogadores desta equipa. Aparentemente, o disparate ficou esquecido, e interrogamo-nos se terá merecido alguma chamada de atenção por parte da FPF, prevenindo o futuro. Em vez de afirmações dignas de qualquer treinador de terceira categoria (que Scolari não é), deveria, com o seu grupo, ter procurado as respostas para o acontecido.
Provavelmente, directa ou indirectamente comandará a equipa até ao final da qualificação. Se falhar, abandonará; se conseguir o apuramento, o que é bastante provável, ficará até Julho de 2008 e será bem possível consiga uma boa presença nessa mesma fase final, onde os seus princípios de gestão se revelam mais eficazes. Mas acabará aí, mesmo que campeão, o seu contrato com a FPF. Restará a esta, com aquilo que entretanto terá aprendido, não voltar atrás, ao tempo dos Oliveiras e dos casos Paula, do corropio de jogadores entrando e saindo porque sim, à época de tornar jogadores internacionais à força por mor da sua valorização, contratando um treinador estrangeiro (europeu) que potencie os importantes “activos” deixados por Scolari e minimize os seus pontos fracos. Não há caminho de regresso!
Penso ser este o problema actual de base: se os princípios de gestão de Scolari (um grupo fechado, ainda mais fechado se considerarmos os onze iniciais, modelo de jogo com poucas ou nenhumas “nuances” e sem sistema alternativo) se revelam extremamente adequados a uma fase final, concentrada, ou a uma qualificação com poucos jogos decisivos, já não o serão tanto, sem a introdução de alguma agilidade, para um período longo e com muitos jogos disseminados por esse mesmo espaço de tempo. Acresce que quando introduz alguma flexibilidade nesses princípios o faz não de uma forma prospectiva, mas sempre em função de algo que já correu mal, como aconteceu no Europeu de 2004 e, recentemente, depois do jogo com a Arménia. É exactamente o contrário do que manda a gestão (gerir é prever) e confirma um dos seus defeitos, já aqui citado, de alguma falta de rigor na abordagem e preparação dos jogos. E perde o controle: antes do problema acontecido no jogo com a Sérvia, será bom lembrar as declarações no final do jogo com a Arménia sobre o modo como “corriam” os jogadores desta equipa. Aparentemente, o disparate ficou esquecido, e interrogamo-nos se terá merecido alguma chamada de atenção por parte da FPF, prevenindo o futuro. Em vez de afirmações dignas de qualquer treinador de terceira categoria (que Scolari não é), deveria, com o seu grupo, ter procurado as respostas para o acontecido.
Provavelmente, directa ou indirectamente comandará a equipa até ao final da qualificação. Se falhar, abandonará; se conseguir o apuramento, o que é bastante provável, ficará até Julho de 2008 e será bem possível consiga uma boa presença nessa mesma fase final, onde os seus princípios de gestão se revelam mais eficazes. Mas acabará aí, mesmo que campeão, o seu contrato com a FPF. Restará a esta, com aquilo que entretanto terá aprendido, não voltar atrás, ao tempo dos Oliveiras e dos casos Paula, do corropio de jogadores entrando e saindo porque sim, à época de tornar jogadores internacionais à força por mor da sua valorização, contratando um treinador estrangeiro (europeu) que potencie os importantes “activos” deixados por Scolari e minimize os seus pontos fracos. Não há caminho de regresso!
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