Em primeiro lugar, compete-me afirmar que não sou monárquico. Convém, neste país em que quase tudo se discute em função de posições apriorísticas e categorias pré definidas. Segundo, que não alinho no disparate completo que constitui valorizar os acontecimentos históricos à luz dos valores actuais e em função de categorias morais entretanto edificadas. Por isso, não considero o regicídio um acto terrorista – e é desonesto e propagandístico mencioná-lo desse modo - com a conotação e significado que hoje em dia se atribui a tais actos, o que não implica que o aprove enquanto forma de luta política e considere o assassinato do rei D. Carlos um acto legítimo. Afirmar, no sentido de uma sua defesa, como Fernanda Câncio o faz no 5 Dias, que não estávamos numa democracia e num estado de direito, mas em regime de tirania - em plena monarquia constitucional???!!! -, o que tornaria legítimo tal acto, vai um passo que só a ignorância histórica e/ou a má fé permitem dar. Os analfabetos e as mulheres não votavam? Era um dado adquirido e ainda não significativamente contestado nos regimes parlamentares: estávamos ainda longe, tal como durante a democrática I República, do one man (women)/one vote. João Franco governou, episodicamente, em efectiva ditadura? Um facto, mas foi apenas um episódio breve que duraria de 10 de Maio a 24 de Dezembro de 1907, sendo nessa data marcadas eleições para 5 de Abril de 1908. Quando se dá o regicídio estamos, portanto, a 65 dias das eleições. Ao colocar a questão neste plano, bem me parece que Fernanda Câncio está a conceder inestimáveis argumentos aos ultra-monárquicos e aos falsificadores da História, o que ela seguramente não quererá. Ou então o 5 Dias anda em maré de azar.
6 comentários:
O assassinato político não é defensável. NUNCA!
Depende, cara Bianca, depende. Se for para acabar com um ditador ou com uma ditadura...
Se foi legítimo o Regicídio então é legítimo alguém hoje dar um tiro ao presidente da republica. Quanto a ditaduras ou ditadores, sabia por acaso que João Franco não proibiu os partidos políticos ? Pois é essa é a verdade.
p.s. : o Estado Novo foi uma ditadura republicana
Já chega andarem a mentir de que os monárquicos são de direita, não é por nada mas o PREC felizmente nunca teve sucesso. E muitos monárquicos são de esquerda, a começar pelo Arq. Gonçalo Ribeiro Teles. Eu sou monárquico e sou militante do Partido Socialista.
Espero que tenha sido suficientemente explicito.
Além disso para o facto de se dizer republicano, não percebo porque é que realça em grandes parangonas que a cruz na bandeira é de uma condecoração de um monarca. Enfim, hipocrisia.
18/11/2007
Está aberto deste a data em epígrafe o SITE EVOCATIVO DO CENTENÁRIO DO REGICÍDIO, em:
http://www.regicidio.org
Visite, para reflectir sobre o mais grave crime cometido contra o Estado de Direito em Portugal.
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