Nos anos cinquenta e sessenta a televisão ainda não tinha tomado conta do espectáculo desportivo e, dizia-se, a Volta a Portugal levava-o à porta de casa de cada um, num país rural, de vilas e aldeias. Mesmo assim não terão sido tanto Nicolau e Trindade que moldaram a grandeza e rivalidade de Benfica e Sporting, mas antes os sucessos dos “cinco violinos” e do “Benfica campeão europeu”, entrando na casa de cada um ou no café da aldeia, via rádio. Talvez Nicolau e Trindade tenham ajudado um pouco; mas não mais do que isso, esse pouco.
Para além de o país ter mudado, urbanizando-se, hoje é a televisão que faz esse espectáculo entrar nas nossas casas, quer se chame "Champions League", “Tour”, "Formula 1" ou "Premiership". O filho de uns amigos, por exemplo, com sete anos, é um apoiante entusiasta do Chelsea, aguardando os pais a oportunidade de o levar um dia a Stamford Bridge. É aí, no campo internacional via TV, que, na sociedade global, a grandeza dos ídolos e dos clubes se joga e decide. Por isso, pretender que a participação dos principais clubes do futebol português - chamem-se Benfica, Sporting ou FCP - na Volta a Portugal em bicicleta, com as suas equipas de ciclismo, lhes trará alguma vantagem ou valor acrescentado significativos é um erro fruto do saudosismo e de um passado que se quer à força mitificar. Poderá, quanto muito, trazer mais umas centenas ou poucos milhares de pessoas à estrada, ou alguns mais milhares (não muitos) aos ecrans de TV; mas disso só beneficiarão a organização e a própria cadeia de televisão escolhida, que, assim, terão justificação para cobrar mais algum dinheiro a patrocinadores e anunciantes. Daí a insistência.
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
quinta-feira, agosto 16, 2007
A Volta a Portugal e os "três grandes"
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