O chamado "tiki taka" parece exercer uma tal sedução, um tal fascínio, que mesmo gente inteligente e conhecedora de futebol (são poucos aqui no "rectângulo", mas existem) parece deixar-se hipnotizar por ele, perdendo capacidade de raciocínio e rigor nas suas análises. Ontem, Carlos Daniel, talvez o comentador mais inteligente e dos poucos que perco (ou ganho) tempo a ouvir, dizia que o problema do Bayern perante o Real Madrid não foi a adopção o "tiki taka" como seu modelo de jogo, mas sim o ter ficado a meio-caminho em virtude das críticas de que Pep Guardiola tem sido alvo. Estou mais ou menos de acordo quanto ao meio-caminho (digamos que ficou a 2/3), mas Carlos Daniel devia interrogar-se um pouco mais e pensar se isso se deve às tais críticas ou ao facto de o "tiki taka", na sua plenitude, ter dificuldade em impor-se fora da sua "zona de conforto", isto é, fora de um Barça onde Xavi, Iniesta e Messi não só sempre jogaram desse modo como parecem ter já nascido a jogar assim.
Internamente, a coisa até funciona e chegará talvez para vencer sem grandes dificuldades algumas equipas medianas da Champions League. Mas quando o Bayern está na presença de outros "colossos" o caso muda de figura. Querer que jogadores como Robben, Ribéry, Schweinsteiger ou Mandzukic (para só citar alguns) joguem num modelo em que nunca jogaram e para o qual parecem não ter sido talhados, dá no que deu: "numa coisa em forma de assim", ou seja, numa grande área contrária que parecia ser terreno minado, onde era perigoso entrar, e numa equipa defensivamente desequilibrada, sem capacidade para fazer aquilo que era um dos grandes trunfos do Barça de Pep: jogando num bloco subido e com os jogadores e linhas muitos juntos, ganhar bolas no meio-campo adversário, desequilibrando-o defensivamente e impedindo-o de sair a jogar. Sem isso, foi o que se viu e apesar de ter sido inofensivo a atacar foi mais no descalabro defensivo que o Bayern perdeu o jogo.
2 comentários:
Tentar aplicar o modelo Barça (que funcionou, quer queiramos quer não)no futebol Alemão é o mesmo que aplicar em Portugal o modelo de baixos salários para criar competitividade. Dá que no dá e no que deu.
Cumprimentos
Comparação interessante, sem dúvida.
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