Em França, Manuel Valls, filho de um catalão e de uma italiana e que apenas adquiriu a nacionalidade francesa em 1982, é agora primeiro-ministro e, ao que se diz, será futuro candidato à Presidência da República. Por sua vez, Anne (Ana) Hidalgo, filha de imigrantes espanhóis, nascida em 1959 e que adquiriu a nacionalidade francesa em 1973, ocupa agora a Presidência da Câmara Municipal de Paris. Em Portugal, um qualquer cidadão que não tenha tido sempre a nacionalidade portuguesa nunca poderia candidatar-se à Presidência da República, por lhe ser constitucionalmente vedado, e, pelo contrário, chega-se ao ridículo de discutir se jogadores de futebol naturalizados devem ou não representar a selecção do seu novo país.
A diferença? França convive há mais de cem anos com forte imigração e por isso, apesar do chauvinismo que lhe é tradicionalmente atribuído, muitas vezes com razão, tornou-se, até pela sua situação geográfica, mais cosmopolita e soube perceber o que de positivo poderia absorver dessa mesma imigração. Com Portugal passou-se exactamente o contrário: periférico e país de emigração, só no último decénio do século XX, e apenas por um relance, se abriu de facto à diferença. O importante e significativo não é pois saber quando um luso descendente ocupará um cargo político de primeira linha em França ou na Alemanha, por exemplo, mas quando um cidadão português nascido brasileiro, ucraniano, moldavo (etc) poderá vir a ocupar cargo idêntico em Portugal.
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