Querer acabar com os sem-abrigo é certamente uma boa intenção, e até pode ser venha a ser bem sucedida. Mas o seu anúncio, ao estilo campanha eleitoral, pelo PS, remete bem mais para a pouca seriedade dos populismos de raiz sul-americana, de Perón a Chavez, do que para a tradição política à europeia, apesar de tudo, ainda nos dias de hoje pautada por outros valores e por algumas seriedade e sobriedade. Acresce que tal acontece quando o foco do debate tende a concentrar-se - e bem - na questão-chave da dívida e do crescimento económico, pelo que levantar agora o tema dos sem-abrigo, por muito que a questão seja preocupante, pode ser visto como uma tentativa de António José Seguro para desviar o debate de um assunto no qual ele e o partido se sentem pouco à vontade. Por todas estas razões, não me parece esta proposta possa vir a contribuir minimamente para o fortalecimento da imagem de seriedade do partido, enquanto alternativa consistente à actual situação, e, consequentemente, para a obtenção de resultados eleitorais que permitam ao PS enfraquecer o radicalismo hoje no poder e negociar uma solução governativa, em posição de força, que, idealmente, pudesse vir a incluir muitos dos sectores que se reconhecem no Manifesto dos 74. Com alguma vontade, digamos que Seguro se atrapalhou, escorregou no balde e, se não tiver cuidado, ainda se arrisca a levar com o bolo na cara.
2 comentários:
Será que o Seguro virou Maduro (o sul americano) ?
Grande gargalhada...imaginando Seguro a levar com o bolo na cara.
Seguro porque no te callas !
Calar-se, não concordo. Mas talvez tentar "não ir a todas" não fosse má ideia.
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