Que se lixe a gripe por uns minutos, pois já estou demasiado irritado com tanto disparate que oiço à volta da alegada venda dos direitos económicos do jogador André Gomes. Vamos por partes:
- O facto da megalomania e populismo de Luís Filipe Vieira o terem levado, com o "sonho" de chegar à final da Champions League, a não ter vendido o passe de nenhum jogador no Verão; do não apuramento, sequer, para os 1/8 de final da mesma competição; e, de forma mais estrutural, da situação financeira do clube, o SLB precisava, neste momento, de financiamento a curto prazo, eventualmente mesmo de tesouraria.
- Como todos também sabemos, o financiamento bancário fácil e barato acabou e a situação financeira do clube já está demasiado desequilibrada para suportar um agravamento. Mais ainda, um qualquer empréstimo deste tipo apareceria nas contas do clube como dívida.
- Depois da venda do passe de Matic - um jogador.chave da equipa - dificilmente LFV poderia arriscar a venda de mais alguma das figuras essenciais da equipa (Rodrigo, Gaitán) sem colocar demasiado em causa os resultados desportivos, num momento em que a equipa lidera o campeonato, o FCP parece fragilizado e o SCP ameaçador.
- O recurso a uma operação com os contornos da venda dos direitos económicos do jogador André Gomes (um "não-titular") a um empresário, actuando este, como tem sido habitual em relação a muitos clubes portugueses, como "financiador de último recurso", surge assim, no curto-prazo, como um excelente negócio: consegue-se o financiamento, este não é contabilizado como dívida mas como uma venda e, mais tarde, em ocasião conveniente, tudo será acertado com recurso aos esquemas do costume: compra do passe de um jogador por valores inflacionados, de um jogador excedentário representado por esse empresário, etc, etc.
Problemas? No curto-prazo e do ponto de vista financeiro o negócio é excelente. Mas a longo prazo deixa o clube demasiado dependente de interesses de terceiros na gestão dos seus recursos, principalmente humanos. Entretanto, é pesar e decidir.
Nota final: Nada disto significa que esteja de acordo alguém que não um clube de futebol profissional possa deter os direitos económicos de um jogador ou que aceito a quase total desregulação do mercado actualmente existente. Mas, infelizmente, esta é a lei e os clubes, quaisquer que sejam, não podem deixar de aproveitar as oportunidades.
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