terça-feira, janeiro 28, 2014

O "caso" André Gomes

Que se lixe a gripe por uns minutos, pois já estou demasiado irritado com tanto disparate que oiço à volta da alegada venda dos direitos económicos do jogador André Gomes. Vamos por partes:
  1. O facto da megalomania e populismo de Luís Filipe Vieira o terem levado, com o "sonho" de chegar à final da Champions League, a não ter vendido o passe de nenhum jogador no Verão; do não apuramento, sequer, para os 1/8 de final da mesma competição; e, de forma mais estrutural, da situação financeira do clube, o SLB precisava, neste momento, de financiamento a curto prazo, eventualmente mesmo de tesouraria.
  2. Como todos também sabemos, o financiamento bancário fácil e barato acabou e a situação financeira do clube já está demasiado desequilibrada para suportar um agravamento. Mais ainda, um qualquer empréstimo deste tipo apareceria nas contas do clube como dívida.
  3. Depois da venda do passe de Matic - um jogador.chave da equipa - dificilmente LFV poderia arriscar a venda de mais alguma das figuras essenciais da equipa (Rodrigo, Gaitán) sem colocar demasiado em causa os resultados desportivos, num momento em que a equipa lidera o campeonato, o FCP parece fragilizado e o SCP ameaçador.
  4. O recurso a uma operação com os contornos da venda dos direitos económicos do jogador André Gomes (um "não-titular") a um empresário, actuando este, como tem sido habitual em relação a muitos clubes portugueses, como "financiador de último recurso", surge assim, no curto-prazo, como um excelente negócio: consegue-se o financiamento, este não é contabilizado como dívida mas como uma venda e, mais tarde, em ocasião conveniente, tudo será acertado com recurso aos esquemas do costume: compra do passe de um jogador por  valores inflacionados, de um jogador excedentário representado por esse empresário, etc, etc.
Problemas? No curto-prazo e do ponto de vista financeiro o negócio é excelente. Mas a longo prazo deixa o clube demasiado dependente de interesses de terceiros na gestão dos seus recursos, principalmente humanos. Entretanto, é pesar e decidir.

Nota final: Nada disto significa que esteja de acordo alguém que não um clube de futebol profissional possa deter os direitos económicos de um jogador ou que aceito a quase total desregulação do mercado actualmente existente. Mas, infelizmente, esta é a lei e os clubes, quaisquer que sejam, não podem deixar de aproveitar as oportunidades.

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