- Uma boa parte das redes sociais e dos "blogs" dedicou estes últimos dias a discutir se era plausível o primeiro-ministro José Sócrates ir a caminho da escola no dia do Portugal-Coreia de 1966, um sábado já em período de férias escolares. No que diz respeito ao antigo primeiro-ministro e ao país, o assunto é em si mesmo politicamente irrelevante, tenha ele má memória, tenha construído uma narrativa fantasiosa igual a tantas outras que muitos de nós construímos sobre episódios da nossa infância ou tenha resolvido contar uma "história de caçador" que achava douraria a sua imagem e traria audiências ao seu comentário de domingo. Mas o facto do assunto se ter constituído como tema importante de discussão é demonstrativo da infantilização a que chegou o debate político no país, demasiado baseado em "fait-divers" e questões de carácter e muito pouco na substância política e ideológica. Custos da democratização comunicacional que a "internet" e os "fóruns de opinião" propiciam e que, como se vê, tem também o seu lado perverso.
- Penso não estar errado, mas a existência de um "Panteão dos Heróis" ou dos "símbolos da Pátria" parece-me ser um resquício dos nacionalismos do século XIX; uma espécie de Valhalla da modernidade latina (diria, "napoleónica") pouco consentânea com os valores universais e cosmopolitas, populares e democráticos que se tornaram dominantes na contemporaneidade. Essa é, fundamentalmente, a razão-base da mudança de perfil dos "eleitos" a nele entrarem e a discussão que por aí vai sobre o caso de Eusébio é bem sintoma do que digo. É-me absolutamente indiferente o local onde ficará o túmulo do cidadão Eusébio da Silva Ferreira, já que o verdadeiro Panteão de Eusébio, o seu local de culto, será sempre aquela sua estátua no exterior Estádio da Luz.
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
quinta-feira, janeiro 09, 2014
Eusébio, José Sócrates e o Panteão
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4 comentários:
Caro Amigo,
Ponto 1 :
Trata-se de um fait diver com certeza. Mas é mais uma aldrabice de alguém que tem passado a vida a tentar enganar-nos. E isso é relevante. Em qualquer democracia mais evoluída as mentiras dos políticos não são consentidas e os media não “tabloides” dão amplo tratamento a este tipo de gafes. Com certeza, que há um deficit na discussão politica e ideológica neste Portugal. Mas, não é com esta gente que vamos lá chegar.
Ponto 2 :
Inteiramente de acordo.
abraço
Claro que respeito a sua opinião, mas continuo a achar o assunto irrelevante politicamente.
Abraço
Deixe-me só acrescentar: como sabe, seguindo o meu "blog", nunca me viu dar grande importância a essa questão das "mentiras", ou assuntos semelhantes, quer no caso de José Sócrates, quer no caso de algum dos actuais governantes, p. ex.Passos Coelho.
Faço-lhe justiça.
Só que o senhor em questão quanto a mim, ultrapassa todos os limites do éticamente admissivel.
E olhe que durante muito tempo defendia-o...
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