terça-feira, janeiro 14, 2014

Matic e Jesus; Queiroz e Cristiano

  1. A saída de Matic do SLB, para além do que já aqui tinha afirmado, coloca um problema a Jorge Jesus que vai muito para além da sua substituição pura e simples, jogador por jogador. Sendo um centro-campista polivalente, que recupera bolas, sabe sair a jogar, acima da média no "um para um" e que ocupa uma enorme área de terreno (assim um género de "6" que também é "8" e até faz de "10"), isso tem permitido à equipa jogar frequentemente com apenas dois homens no meio-campo e começar a construir os lances de ataque bem "cá atrás". Daí o SLB poder adoptar quase sempre um sistema 4x2x4, com dois "pontas de lança" e com muita gente a aparecer na área contrária. Isto significa que qualquer que seja o substituto do sérvio, e porque não há por aí muitos jogadores como ele (só me lembro de Ya Ya Touré), Jesus vai ter, provavelmente, não só de alterar o seu sistema de jogo, como também de efectuar correcções significativas a alguns dos princípios de jogo da equipa, o que não é tarefa fácil a meio da época.  
  2. A eleição do "jogador do ano" pela FIFA não é um concurso de patriotismo, seja lá o que for essa história do patriotismo. Por isso mesmo, e não pertencendo eu ao séquito de aduladores de Carlos Queiroz nem tendo por ele ou pelos seus métodos de trabalho qualquer simpatia, não percebo porque se aponta o ex-seleccionador a dedo, quase o acusando de "traidor à Pátria", por não ter votado em Cristiano Ronaldo e ter preferido Messi (digo eu, que votaria em Cristiano e acho o seu prémio justíssimo). Colectiva ou individualmente, votou naquele que achou ser melhor e, para si, esse não foi Cristiano Ronaldo. E depois?
  3. Se é normal Cristiano ter mencionado Eusébio na sua declaração (são ambos futebolistas, de origem humilde e oriundos de regiões periféricas do país - no caso de Eusébio mesmo de uma colónia onde se travava uma guerra pela independência), o que justifica aquela menção a Mandela? Como é óbvio, não está em causa grandeza política e humana de Mandela, mas, de facto, constata-se que o politicamente correcto está a tornar-se insuportável a a "abafar" qualquer tentativa de pensamento e expressão mais autónomos.

6 comentários:

Vic disse...

Meu caro JC, não quero comentar a saída de Matic (que ao que parece afinal não se tratava de especulação dos jornais)), mas penso que se deveria ter informado melhor no caso do Carlos Queiroz. É que o meu amigo está enganado, Carlos Queiroz votou em Cristiano Ronaldo. Ele próprio já explicou que no Irão a eleição não é feita individualmente pelo seleccionador, mas sim da soma dos votos do seleccionador, restante equipa técnica e também todos os treinadores das equipas da 1ª divisão do Campeonato Iraniano. E como ele referiu, a maioria "deu" Messi, tendo CQ ficado em minoria.
Quanto ao caso Mandela, penso que terá sido ideia do gabinete de imagem do CR7. Não tinha nada a ver com aquilo tudo? Pode ser. Mas a verdade é que também presidentes de clubes portugueses o fizeram sócios do seu clube, sem se saber muito bem o porquê da decisão. Jogada de marketing, diria eu.

Abraço

Anónimo disse...

Um questão simples. Saberá Ronaldo quem foi Nelson Mandela ?
Se calhar pensa que terá sido alguma estrela de futebol africano.
E já agora porquê não referiu, na altura da recepção do prémio, os outros dois concorrentes (Messi e Ribery). Falha dos consultore$$ de imagem ?
"A eleição do "jogador do ano" pela FIFA não é um concurso de patriotismo, seja lá o que for essa história do patriotismo" subscrevo integralmente.
Saí se Ronaldo é o melhor do mundo, Messi continua a ser o melhor do sistema solar.

Cumprimentos

Rato disse...

Relativamente ao "falso assunto" Carlos Queiroz, O Vic já disse aí em cima o que realmente se passou. Explicação que aliás vem hoje no semanário "A Bola", para quem quiser ler.
Quanto ao anónimo apoiante da pulga, convém lembrar que Cristiano Ronaldo foi recebido por Nelson Mandela durante o último campeonato do Mundo, na África do Sul. E dada a proximidade do seu desaparecimento, nada mais natural do que ter falado num homem que o impressionou. Ou será que os desportistas só podem falar da morte de outros desportistas?
Uma nota final para lamentar a triste "homenagem" prestada pela FIFA a Eusébio e, simultaneamente, o gozo que foi ouvir o Platini lamentar-se pela sua grande decepção. E viram a expressão de desalento do Zidane? Continuam uns completos chauvinistas, estes franceses!

JC disse...

Ora vamos lá ver:
1. Não está em causa o voto de Queiroz, individual ou colectivo, nem estou a criticá-lo; antes pelo contrário. O que estou a constatar e criticar é exactamente o contrário: as críticas, explícitas ou veladas, quando se soube que Queiroz (ainda sem o esclarecimento posterior) tinha votado Messi. Esclarecidos?
2. Vic: nunca disse, especificamente, a venda do passe de Matic era especulação jornalística: disse - e digo sempre - que até confirmação, todas as compras e vendas mencionadas nos "media", quaisquer que sejam os clubes envolvidos, são tratadas por mim como especulação. Até costumo dizer, entre amigos, que até qualquer informação oficial à CMVM tudo é especulação, e nisso não entro. Acho a realidade me tem dado razão. Que raio, meu caro, falo mandarim?
3. Pronto, lá vem o chauvinismo dos franceses à baila, Rato. Ficaram, e com todos os motivos, tristes por um seu compatriota não ter ganho, num ano em que tinham fundadas esperanças. Nada mais normal e gostaria de ver as reacções aqui e em Espanha se Cristiano não tivesse ganho.
4. Cristiano foi recebido por Mandela? Não sei, mas é isso suficiente para aquela menção? Desculpa, mas não faz sentido.
5. Cristiano ganhou merecidamente e sou um seu admirador.
Cumprimentos a todos.

Vic disse...

Eu entendi perfeitamente, meu caro JC. Mas afirmar que tudo o que vem nos jornais sem ter o preto no branco é pura especulação, é algo com que não concordo porque isso é por em causa todo o jornalismo de investigação. Sabemos ambos que há bons como maus jornalistas, mas essa é uma característica que é transversal a todas as profissões.
Quanto à questão do Mandela, concordo com a opinião do Rato, embora considere esse facto um fait-divers.
Quanto ao Zidane, relembro que ele fazia parte da embaixada do Real Madrid que apoiava CR7. No máximo, penso que se terá sentido um tanto dividido.
Acima de tudo, dois factos: CR7 é o melhor do mundo e não esqueceu Eusébio. Esses é que são factos positivos e que merecem ser realçados, acho eu.

Abraço

P.S - Já agora, é uma pena que os comentários não tenham "corrector ortográfico", porque parece que há gente que ainda não sabe escrever correctamente o nome do S-P-O-R-T-I-N-G (é assim que se soletra para os semi-analfabetos, não é?)

JC disse...

O jornalismo desportivo não é confiável, caro Vic, e o restante, salvo uma ou outra excepção, vai pelo mesmo caminho. É o que temos, infelizmente. Além disso, como sabe,não entro em especulações.