Do que ouvi hoje no debate quinzenal na Assembleia da República que guardo na memória? Em primeiro lugar mais uma prestação de Seguro que ficou aquém de uma quase envergonhada mediania, deixando que Passos Coelho o enredasse no passado. Mas isso já pouco ou nada surpreende, até porque, também na política, e por muitos documentos de Coimbra que possam ser elaborados, o mensageiro não é independente da mensagem. Em segundo lugar, e bem mais importante, o modo como o discurso e linguagem do primeiro-ministro se deixaram colonizar pelo pior jargão da vida empresarial e financeira, sinal destes tempos em que a instância política tende a perder qualquer grau de autonomia. Não que a experiência empresarial não posa levar consigo para a política elementos enriquecedores e positivos; sem dúvida que pode é bom tal aconteça. Mas isso é bem diferente de uma colonização ao nível da linguagem, análise e processos, mais a mais limitada à utilização de um jargão redutor que torna o discurso pouco ou nada escorreito e ainda menos inteligível, e o que está a acontecer acaba por contribuir, não para o enriquecimento da vida política, mas para um seu radical empobrecimento que, ao contrário do que possa parecer, acaba por resultar num cada vez maior afastamento dos cidadãos.
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