quarta-feira, novembro 08, 2006

América...

Sou e sinto-me profundamente europeu, ainda por cima de muitas e variadas origens, felizmente. Mas se vivesse nos Estados Unidos (de que gosto muito, diga-se), na América como gosto mais de dizer, votaria certamente democrata. No entanto, numa coisa têm os nossos “neo cons”, de trazer por casa, razão: contrariamente ao que diz a esquerda, de modo demasiado apressado, não existe uma “boa” e uma “má” América. Não se pode querer uma sem ter a outra e é, isso sim, essa sua pluralidade, essa sua enorme contradição, que faz com ela se mova e com ela o mundo. Não se pode ter o New Deal "rooseveltiano" sem o fundamentalismo "bushista", a “aristocracia” de New England sem a América “rasca” do white trash, a intelectualidade da "Village" sem a ignorância da América profunda, os gay do "Castro" de Frisco sem as ligas de temperança, os amish e os quakers, o rock n’ roll sem a segregação. A beat generation e a América do cinema sem a miséria que foi a imigração. Os vinhos de "Napa Valley" sem a memória da Prohibition. Podemos gostar mais de um ou de outro lado, sentirmos ou não identificações aqui e ali, acharmos mesmo que não pertencemos àquele mundo, mas teremos de a ver, com olhos de europeu, sempre, mas também com uma noção perfeita das suas origens, da sua história e dos seus percursos. Para que possamos compreendê-la.
América "boa" ou América "má"? América, pura e simplesmente!

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