domingo, maio 31, 2015

SCP: "Garra", "sofrimento" ou, pura e simplesmente, melhor futebol?

Como o SCP conseguiu ganhar a Taça de Portugal "virando" um resultado negativo de 0-2 e jogando desde os 15' com apenas dez jogadores, vejo um pouco por todo o lado referências ao "sofrimento", `"garra" e "ambição" dos jogadores do SCP, bem como a outros argumentos do mesmo género. Pergunta: o SC Braga não teve "querer", "ambição", "garra" e por aí fora? Vamos ser claros: o SCP ganhou a Taça de Portugal - com inteiro mérito e merecimento - porque tem muito melhores jogadores do que o seu adversário (principalmente do 1/2 campo para a frente), e por isso foi melhor equipa e praticou o melhor futebol durante todo o encontro. Aliás, tal diferença de argumentos técnicos foi bem visível na marcação final das grandes penalidades. Ou será que Éder (não sabe "jogar à bola") e Pardo têm alguma coisa a ver com Slimani, Montero e Nani?

Matiné de Domingo (112)


"The Great Dictator", de Charlie Chaplin (1940)
Filme completo c/ legendas em português

quinta-feira, maio 28, 2015

Johnny & Dorsey Burnette (4)

Johnny Burnette - "You're Sixteen" (1960)

O "escândalo" FIFA e o equilíbrio necessário

Uma coisa que é necessário dizer, talvez contra a corrente ou nem tanto assim: no meio deste enorme escândalo de corrupção, que é assim uma coisa a modos que tipo segredo de polichinelo, rabo escondido com o resto do gato todo de fora, a FIFA fez nos últimos anos muito pelo futebol. Pela sua difusão e popularização a nível mundial, pela crescente profissionalização no modo como é gerido, na enorme melhoria das infraestruturas um pouco por todo o mundo, principalmente fora da Europa. Muito, claro, graças ao financiamento proporcionado pelos patrocinadores que a transformação da futebol em espectáculo mediático trouxe para a indústria, mas tê-lo conseguido foi também coisa a que os méritos da FIFA não terão sido alheios. Incluídos no pacote, como demasiadas vezes é habitual, vieram também a corrupção, o nepotismo, a prepotência e a impunidade de que se achavam possuídos os seus dirigentes. Desenvolvimento e corrupção foram pois, como tantas vezes acontece, duas faces de uma mesma moeda. Mas também convém dizer, agora, na hora em que é fácil "entrar às pernas e de carrinho", que "bater na FIFA", tantas vezes (como agora se vê) com razão mas muitas também sem ela, se tornou numa espécie de desporto por parte de uma comunicação social maioritariamente ignorante e mal preparada, sempre pronta para mais umas vergastadas nos "ricos e poderosos". Algum equilíbrio de julgamento é sempre bom conselheiro em horas como esta.

Nota Final: claro que não resta a Blatter outro caminho que não o da demissão.

segunda-feira, maio 25, 2015

Johnny & Dorsey Burnette (3)

Johnny Burnette Trio - "The Train Kept A-Rollin' (1956)

O "call center" de Vieira do Minho e o país

Não, não se trata de uma nova fábrica, seja de automóveis, lacticínios ou simples transformação de produtos agrícolas; da reabertura de uma mina há muito abandonada; até de um empreendimento turístico que requalificou o hotelaria da região e valorizou os seus recursos naturais e humanos; em última análise, de uma nova dependência bancária ou de uma seguradora. Não, não se trata de nada disso, mas de um "call center" gerido por uma empresa de trabalho temporário, supostamente criando postos de trabalho igualmente demasiado temporários, pagos a preços de saldo e destinado a emigrantes em países francófonos ou luso-descendentes que queiram regressar, já que é preciso ser fluente em francês. Mais ainda: deve-se tal iniciativa ao investimento de um empresário, grupo de empresários ou de empresas que arriscaram o seu dinheiro ou o da Banca que os financiou? Não, quem investiu cerca de 200 milhões de euros foi a autarquia de Vieira do Minho, a quem a Altice, nova dona da PT e empresa que irá explorar o tal "call center" (é assim, à americana, ou "centre", à inglesa?), pagará uma renda durante cinco anos. É esta a iniciativa empresarial que a TSF nos apresenta como exemplo, em grandes parangonas, e que o ministro Pires de Lima se prepara para ir hoje inaugurar, certamente com alguma pompa e muita circunstância já que estamos em pré-campanha eleitoral.

Mas, perguntarão: melhor do que nada? Sim, melhor do que nada, seria desonesto não o dizer. Mas este é um bom (ou mau) exemplo do que a estratégia da coligação PSD/CDS tem a oferecer ao país: trabalho demasiado precário, desqualificado, não estruturante e que não valoriza os recursos locais e a iniciativa empresarial autónoma. É a Índia, meus senhores, é a Índia. Mas esses, pelo menos, falam inglês, não precisam de importar quem o fale!

domingo, maio 24, 2015

sexta-feira, maio 22, 2015

Friday midnight movie (134) - Gothic/Horror (XXVI)

"Les Yeux Sans Visage", de Georges Franju (1960)
Filme completo c/ legendas em castelhano

Johnny & Dorsey Burnette (2)

Dorsey Burnette - "Bertha Lou" (1957) 

Tumultos no Marquês: marginais à paisana e marginais fardados

Tumultos no Marquês. PSP diz que força estava ajustada a um "contexto festivo"

Mas então não ocorreu à "ultra-profissional e bem preparada" PSP que depois da divulgação nas redes sociais das imagens da agressão em Guimarães ao cidadão José Magalhães poderia estar criado o ambiente adequado a uma tentativa de revanchismo por parte de alguns dos marginais que proliferam nas claques? E a PSP não se preparou para essa eventualidade? Vivem onde? Em Marte? Ou ninguém nas forças de segurança e no MAI vê televisão, tem conta no Facebook ou no Twitter?

O que aconteceu é que a falta de previsão e preparação demonstradas pela PSP transformou aquilo que deveria ter sido uma normal acção de manutenção da ordem pública por parte das forças de segurança, caso isso viesse a revelar-se necessário, num quase confronto entre dois grupos rivais de marginais, uns à paisana e outros fardados, como se prova pelas imagens em que se vê um polícia a arremessar uma garrafa contra os desordeiros numa total demonstração de falta de profissionalismo ao estilo "cada um por si e o resto ao ataque".

Já agora. Embora a instituição especialista e responsável pela segurança seja a PSP, alguém da CML ou do SLB também poderia ter chamado a atenção das forças de segurança para a possibilidade de acções de revanchismo. É menos grave, mas também não saem desresponsabilizados.

quinta-feira, maio 21, 2015

Johnny & Dorsey Burnette (1)

Johnny Burnette and The Rock N' Roll Trio - "Tear It Up" (1956)

O jornalista/consultor António Costa e a TSF

Esta manhã, a TSF, cada vez mais uma entusiástica apoiante do pensamento político/económico dominante, no que, como rádio privada, está no seu pleno direito, convidou o ex-director do Diário Económico, António Costa, para comentar as propostas políticas ontem apresentadas pelo PS, apresentando-o como "jornalista". Ora tanto quanto sei e foi notícia, António Costa exerce actualmente as funções de consultor da empresária angolana Isabel dos Santos. Independentemente de continuar na posse da sua "carteira profissional", a questão é: pode, nestas circunstâncias, António Costa continuar a ser referido como "jornalista"? Mais ainda: António Costa declarou ao Expresso ser avençado da Media Capital e nessa condição continuar a exercer funções como comentador da TVI. Nesse caso, será apresentado como "jornalista", comentador" ou "consultor" económico ou de comunicação? Que tem o sindicato respectivo a dizer sobre o assunto? Moral da história: assim vai, em Portugal, a promiscuidade entre o jornalismo económico e as empresas, já para não falar da que existe entre o jornalismo (tout court) e a política. Um nojo.

quarta-feira, maio 20, 2015

4ªs feiras, 18.15h (122) - Bergman (VII)

"Skammen" ("A Vergonha") - 1968
Filme completo c/ legendas em português

Um polícia sem cabeça é sempre o pior dos cidadãos

Exactamente o que um polícia, principalmente um graduado, nunca, em qualquer situação, pode fazer: "perder a cabeça". Se se sentiu ofendido, e admito isso tenha acontecido, restava-lhe identificar o cidadão, levá-lo para a esquadra e, depois, apresentá-lo a um juiz sob a alegação de desobediência e ofensas à autoridade. Não o tendo feito e tendo actuado da forma que conhecemos, o subcomissário Filipe Silva prova que não está preparado (ou foi mal preparado, o que é pior pois envolve toda a corporação a que pertence) para as funções que desempenha e é um péssimo profissional. Até admito possa continuar na PSP depois de cumprir castigo adequado, mas em funções de "back office", administrativas, nunca em situações de manutenção da ordem pública ou que impliquem contactos com o cidadão, até porque perdeu toda e qualquer autoridade e legitimidade. E a sua progressão na carreira, na PSP, a bem de todos nós, deve ficar-se por aqui. Envergonhou o país e a instituição a que pertence. Que tal retratar-se publicamente e pedir desculpa a José Magalhães e seus filhos?
E que tal a PSP, a sua direcção e a tutela, também pedirem desculpas públicas por este comportamento "abaixo de cão"?
Nota: Infelizmente, não foi só a reacção tardia da ministra Anabela Rodrigues que foi vergonhosa (um polícia agredir selvática e desproporcionadamente um cidadão não é um julgamento na praça pública?). Mostrando que já cheira a poder e sentindo que talvez possa ter um lugar de ministro da Administração Interna à sua espera, igualmente vergonhosa foi a reacção do ex-ministro socialista Rui Pereira. Por contraste, o ex-ministro Miguel Macedo, talvez pelo facto da sua carreira política ter terminado - mas não quero estar a ser injusto - produziu declarações bem mais equilibradas.

terça-feira, maio 19, 2015

PSP e segurança no futebol: e se perguntassem aos ingleses?

Não sou especialista em segurança e posso mesmo dizer sou um quase total ignorante do assunto. Mas, felizmente, tenho assistido a alguns jogos de futebol no estrangeiro, principalmente em Inglaterra, na sua maioria jogos das competições nacionais, e não me lembro de alguma vez ter visto as respectivas forças de segurança virem para os "media", na véspera dos grandes jogos, exibirem-se, numa total manifestação de poder gratuito, falando de jogo de "alto risco", do número de agentes destacados, das medidas adoptadas e assim sucessivamente, numa atitude que me parece não ter qualquer outro intuito para além da auto-promoção, propaganda e criação de um ambiente provocatório e intimidatório. Aliás, não me lembro das forças de segurança de outros países recorrerem, nos tempos mais recentes, àquelas chamadas caixas de segurança com que enquadram as claques no caminho para os estádios. Na minha opinião de leigo, o modo como a PSP comunica nas vésperas dos grandes jogos, começando pela classificação atribuída de "alto risco", e também a criação tas tais "caixas de segurança", acaba ele mesmo por estar na raiz e contribuir para a criação do ambiente de violência nos dias dos jogos, potenciando-o. 

Como é evidente, não estou com estas minhas afirmações a tentar branquear os actos de vandalismo tantas vezes verificados, ou sequer a atribuir à PSP a responsabilidade pelos mesmos. Mas talvez não fosse má ideia os responsáveis das polícias, incluindo actual ministra e ex-ministro (estou a falar das mais do que infelizes declarações de Anabela Rodrigues e Rui Pereira), tentarem saber junto dos seus colegas britânicos como conseguiram erradicar o fenómeno do "hooliganismo". É que não é mesmo preciso inventar a roda.

segunda-feira, maio 18, 2015

Justiça e polícias em "roda livre"

Depois de lermos o conteúdo de alguns acordãos, mormente dos casos Face Oculta e do julgamento de Duarte Lima; depois de sabermos da existência e conteúdo de um grupo de magistrados no Facebook destinado a comentar a detenção de José Sócrates, ficámos a saber que a Justiça em Portugal anda em "roda livre" e o melhor é nunca termos de nos defrontar com ela.

Depois de lido o comunicado da PSP sobre a bárbara agressão a um adepto após o jogo que opôs o Vitória Sport Clube ao SLB ontem em Guimarães, e perante o silêncio de ministra e secretários de Estado respectivos perante o incidente, ficámos também a saber que as polícias agem sem tutela e em descontrole total e quase absoluto.

Perante o silêncio dos deputados que, quase sempre muito céleres a pedir a comparência de governantes na Assembleia da República por "dá cá aquela palha" quando tal serve as suas cores partidárias, deveriam ser os primeiros a exigir a presença da ministra Anabela Rodrigues ou de algum dos seus secretários de Estado no parlamento, ficamos a saber que nós, cidadãos que julgamos viver em democracia, estamos afinal indefesos perante a arbitrariedade e violência policiais. 

Assim começam as ditaduras e, como muito bem diz Pacheco Pereira, para este governo a política parece resumir-se às empresas, a "fusões e aquisições", à venda a estados ditatoriais ou a empresários de reputação duvidosa (ou da qual ninguém duvida porque abaixo de toda e qualquer suspeita) de activos nacionais e à desvalorização das qualificações e do  trabalho. Não espanta que para muitos dos actuais membros da elite política dominante e do governo a referência não sejam as democracia mais desenvolvidas e os países mais civilizados, mas a praça financeira de Singapura e o seu regime autoritário.Não podemos alegar não estarmos avisados.

"Back in business" ou 4 notas 4 sobre o "34"

  1. Por várias vezes critiquei aqui Luís Filipe Vieira, por os resultados desportivos não corresponderem ao anunciado e ao que - bem - ia sendo feito na reorganização do clube. Acho tinha razão e não retiro uma vírgula ao que então afirmei. Mas da mesma maneira que o critiquei, devo dizer que Luís Filipe Vieira é o grande obreiro deste bi-campeonato e destes três títulos de campeão conquistados nas últimas seis épocas. Porquê? Fundamentalmente, porque a partir do final da década passada teve finalmente condições e/ou soube compreender que não se conquistam títulos sem investimento, nas estruturas, na organização e na valorização do plantel, e, por muito que Jorge Jesus tenha tido um papel importante nessas conquistas, foi esse investimento, que começou na época de Quique Flores e claro que acompanhado por um crescimento da dívida mas também das receitas, o principal responsável pelo sucesso obtido. Faltou uma vitória na Liga Europa para que o brilho fosse ainda maior.
  2. Este bi-campeonato é ainda mais importante por ser o primeiro dos últimos anos conquistado tendo o FCP como adversário directo na parte final do campeonato e por, com o título da época passada, o SLB ter obrigado o seu adversário a uma mudança de fundo e contra-natura no seu "modus operandi", colocando-se, literalmente, nas mãos de um treinador (o que nunca tinha acontecido), numa estratégia de curtíssimo prazo e rompendo com o modelo de negócio de décadas da valorização e venda de jogadores do mercado português (primeiro) e estrangeiros (numa segunda fase). O investimento, com pouco ou fraco retorno, a que a mudança de estratégia obrigou o FCP irá com certeza reflectir-se negativamente na estabilidade financeira e desportiva no clube em anos vindouros. Significa isto também que o SLB se torna, pela primeira vez nas últimas décadas, o clube de referência no futebol português a nível de coerência de gestão, modernidade e estabilidade de projecto. Esta é uma enorme vitória do clube e de Luís Filipe Vieira. 
  3. Deve Jorge Jesus ficar o SLB? Depende. Se a estratégia passar fundamentalmente pela consolidação dos resultados a nível interno, com alguma subalternização da Champions League, a manutenção de Jorge Jesus pode ser a decisão correcta. Se o SLB quiser e tiver condições, numa fase que se prevê de desinvestimento,  para chegar com frequência aos 1/8 de final, aqui e ali aos 1/4 de final da Champions League, já sabemos o que (não)esperar de Jorge Jesus e da sua ideia de jogo. E a tal "aposta" na formação, será Jorge Jesus o treinador indicado para gerir essa estratégia? Francamente, e se interpreto bem as palavras de Vieira, ter 4 jogadores de "campo" e um guarda-redes vindos do Seixal num plantel de 25/26, não me parece constitua uma mudança de "paradigma" (como agora se diz) suficiente para entrar na equação que possa presidir à decisão sobre o treinador.
  4. Este bi-campeonato não pode servir para disfarçar as insuficiências. Ontem, num jogo que precisava de ganhar, o SLB, passados os primeiros 20' e depois do VSC acertar nas marcações, fez aquilo a que na gíria se poderia chamar "um jogo de merda", não deixando jogar o VSC mas quase não criando situações de golo. Ah! e se Jorge Jesus continuar a equipa precisa de encontrar, dentro ou fora do plantel, uma alternativa a Pizzi. Este dá o que pode, mas não me parece ser o suficiente.

quarta-feira, maio 06, 2015

4ªs feiras, 18.15h (121) - Western (XV)

"The Tall Stranger", de Thomas Carr (1957)
Filme completo c/ legendas em português

A "roupa suja" Coelho/Portas, a política e a oposição

A primeira consequência da discordância entre Passos Coelho e Paulo Portas sobre o modo como se processou a demissão "irrevogável" deste último é, claro, mais uma humilhação infligida a este último. Mas é também claro que este autêntico "lavar de roupa suja", não afectando a solidez da coligação governamental (os casamentos duram para sempre quando, mesmo apesar de um eventual ódio, não existe melhor opção do que partilhar a casa comum), não deixa de causar algum embaraço entre PSD e CDS e, pior, de transmitir ao respectivo eleitorado potencial uma imagem negativa, de alguma fragilidade, o que se pode revelar decisivo para o resultado das legislativas. Digamos que até aqui tudo é demasiado óbvio. O pior, o pior ainda, é que é preciso ir um pouco mais longe e constatar que tudo isto não deixa de se reflectir na imagem que a chamada "classe política" e a própria política, no seu conjunto, projectam nos cidadãos, infantilizando-as e reduzindo a política, não a um confronto de ideologias e conceitos de vida, que se materializam nas propostas de governação, mas a uma actividade onde o que está essencialmente em causa são "tricas", "casos", desaguisados pessoais, vinganças mesquinhas, zangas de comadres e "tutti quanti". Digamos que é demasiado mau e com atitudes deste tipo a coligação até pode estar a prestar, no curto-prazo e para quem tem vistas curtas, um excelente serviço ao PS - e Passos Coelho, para gáudio dos seus apaniguados, um bom serviço ao PSD. Mas o que acontece, acima de tudo e na realidade, é que PSD e CDS estão, com este tipo de atitudes perigosamente perto do grau zero da política, a prestar um péssimo serviço ao país, do qual, da direita à esquerda, ninguém sai ileso. E por isso mesmo é bom que a oposição, antes de não resistir a entrar no jogo do "maledicência", perca alguns minutos a pensar no assunto . 

segunda-feira, maio 04, 2015

Ben E. King (Setembro 1938 - Abril 2015) - IV

The Drifters - "Save The Last Dance For Me" (1960)

A greve dos pilotos: para além da propaganda

Em face do unanimismo propagandísta reinante e da muita demagogia que tem presidido ao debate, tenho tentado manter em relação à greve dos pilotos da TAP, acusados, à esquerda, de - oh, pecado capital! - querem ser capitalistas e, à direita, de quererem "destruir" a TAP, esquecendo o governo que quase tudo tem feito para vender ao desbarato e a estados ditatoriais e/ou cleptocráticos estrangeiros empresa públicas estratégicas (e eu sou dos que não considero a TAP estratégica sendo por isso sou favorável à respectiva privatização), em face disso, repito, tenho tentado manter em relação à greve dos pilotos um distanciamento que considero saudável, e até asséptico. Aliás, devo dizer que sempre que vejo demasiado unanimismo em relação a qualquer matéria, principalmente na política, a minha primeira reacção é desconfiar e procurar o "outro lado das coisas". Feitios, ou opção precavida de quem se fez adulto nos anos sessenta da contestação.

Tendo dito disto, não vou negar a muita razão que possa estar do lado dos que estão contra a greve, embora seja conveniente não esquecer que a intransigência dos pilotos e a reacção "dura" do governo servem "às mil maravilhas" as intenções políticas propagandísticas da coligação e suas opções para a empresa (vender depressa e sem grandes preocupações com o "day after", como tem acontecido até aqui em casos semelhantes). Aliás, sou dos que acha que a opção "assanhada" do governo contra uma greve impopular da qual até se vai servir para justificar a mais do que esperada venda por baixos valores da companhia aérea, tem mais que ver com objectivos de propaganda e de ganho de dividendos políticos do que com preocupações face ao futuro da TAP, justificando mesmo um qualquer plano alternativo, proposto pelos sectores mais radicais da direita, de fecho da companhia e da sua substituição por uma outra de dimensões bem mais reduzidas, um género de TAP(b).

Falta, no entanto, analisar uma questão importante: porque, independentemente das razões que possam ou não assistir aos pilotos, recolhe a greve tamanha unanimidade junto da "vox populi"? Esqueçam os que pensam tal se deve, fundamentalmente, a razões de ordem política, mesmo em função dos factores emocionais, de amor e ódio, que comandam as reacções dos portugueses perante uma empresa (a TAP) que sempre consideraram como sendo "sua" - o que, aliás, sempre foi da conveniência do poder político. O que está aqui maioritariamente em causa é, mais uma vez, o ódio e a inveja que a maioria dos cidadãos nutre pelos que consideram "ricos e poderosos", os "privilegiados", neste caso na figura de uma profissão bem paga, considerada de "elite" e com um estilo de  vida ainda visto pela maioria como "glamouroso", que lhes permite o acesso fácil a viagens, bens de luxo e por aí fora (dispenso-me de nomear). Este é o "caldo de cultura" que, em última análise, gera o unanimismo vigente. E para tal "caldo de cultura", confesso, mesmo podendo considerar a greve tem pouca razão de ser, não estou disposto a contribuir.

domingo, maio 03, 2015

Ben E. King (Setembro 1938 - Abril 2015) - III

The Drifters - "Dance With Me" (1959)

2 notas 2 sobre o GVFC - SLB de ontem

  1. Sulejmani pode não ser tão desequilibrador como o é, ou tenta ser, por vezes Ola John. Pode não ter a capacidade finalizadora que vimos em Talisca na fase inicial do campeonato. Mas, em contrapartida, sabe "jogar à bola", percebe o que é o colectivo e os movimentos de uma equipa de futebol. Digamos que, em melhor ou pior forma, sabe normalmente o que anda a fazer em campo. Ora isso, excepto para os génios, é quase sempre fundamental numa equipa que se quer de topo. Ontem, foi-o mais uma vez.
  2. Viram aquele segundo golo do SLB? O de Jonas? Aquilo chama-se técnica de remate e prova que técnica, no futebol, não é só a capacidade de "drible" e de conseguir fintar cinco adversários numa "cabine telefónica". Fora outro, que não Jonas, e a bola teria ido "para o pinhal", ou tinha saído uma "charutada" para a bancada. Para mim, pelo gesto técnico irrepreensível e de dificílima execução, foi o momento do jogo.

Matiné de Domingo (109)

"Faraon" (aka "Pharaoh"), de Jerzy Kawalerowicz (1966)
Filme completo c/ legendas em inglês