A primeira consequência da discordância entre Passos Coelho e Paulo Portas sobre o modo como se processou a demissão "irrevogável" deste último é, claro, mais uma humilhação infligida a este último. Mas é também claro que este autêntico "lavar de roupa suja", não afectando a solidez da coligação governamental (os casamentos duram para sempre quando, mesmo apesar de um eventual ódio, não existe melhor opção do que partilhar a casa comum), não deixa de causar algum embaraço entre PSD e CDS e, pior, de transmitir ao respectivo eleitorado potencial uma imagem negativa, de alguma fragilidade, o que se pode revelar decisivo para o resultado das legislativas. Digamos que até aqui tudo é demasiado óbvio. O pior, o pior ainda, é que é preciso ir um pouco mais longe e constatar que tudo isto não deixa de se reflectir na imagem que a chamada "classe política" e a própria política, no seu conjunto, projectam nos cidadãos, infantilizando-as e reduzindo a política, não a um confronto de ideologias e conceitos de vida, que se materializam nas propostas de governação, mas a uma actividade onde o que está essencialmente em causa são "tricas", "casos", desaguisados pessoais, vinganças mesquinhas, zangas de comadres e "tutti quanti". Digamos que é demasiado mau e com atitudes deste tipo a coligação até pode estar a prestar, no curto-prazo e para quem tem vistas curtas, um excelente serviço ao PS - e Passos Coelho, para gáudio dos seus apaniguados, um bom serviço ao PSD. Mas o que acontece, acima de tudo e na realidade, é que PSD e CDS estão, com este tipo de atitudes perigosamente perto do grau zero da política, a prestar um péssimo serviço ao país, do qual, da direita à esquerda, ninguém sai ileso. E por isso mesmo é bom que a oposição, antes de não resistir a entrar no jogo do "maledicência", perca alguns minutos a pensar no assunto .
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