Sou do tempo, logo após o 25 de Abril e durante o PREC, em que a esquerda radical e o PCP, face à resistência do PS em aderir a concepções não democráticas do regime, tentavam, por todos os meios, criar aquilo que ficou conhecido na História (talvez com mais propriedade na "petite histoire"), com algum humor à mistura, como o PBX, sigla do "Partido Berdadeiramente Xuxialista". Isto é, aquele que, sem qualquer independência ideológica e/ou programática, aderisse acriticamente a uma espécie de frente de esquerda liderada pelo PCP e destinada, tal como aconteceu em alguns países do leste europeu no pós-WWII, a tomar o poder.
Se como dizia Marx, a História se repete, primeiro como tragédia e depois como farsa, temos agora a direita radical a tentar criar o seu próprio PBX, isto é, um Partido Socialista sem qualquer tipo de autonomia ideológica e programática que alinhe, mesmo que com suaves críticas, mais ou menos inconsequentes, nas teses actualmente dominantes na direita europeia.
Os resultados, em ambos os casos, não deixariam de ter algumas semelhanças entre si. No primeiro, para além da perda total da democracia, teríamos o PS reduzido a uma espécie de partido satélite do PCP, um género de Demokratische Bauernpartei Deutschlands da antiga RDA; no segundo, uma castração da democracia, com a marginalização de 20% do eleitorado, o fim do enquadramento institucional da contestação e do movimento sindical, assegurados pelo PCP, e a "pasokização" do PS.
Como sempre aconteceu desde o 25 de Abril, independentemente dos compromissos a assumir poderem ser concluídos à esquerda ou à direita, e independentemente também das opções ideológicas de cada um (eu incluído), um Partido Socialista forte e independente é condição essencial para uma sobrevivência saudável do regime. O resto é miopia política.
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