Soares perdeu eleições, Sá Carneiro perdeu eleições, Churchill perdeu eleições, Mitterrand perdeu e eleições. Só Salazar, Tomás e Caetano nunca as perderam porque verdadeiramente nunca as disputaram. E, no entanto, nem Soares, nem Sá Carneiro, nem Churchill, nem Mitterrand se demitiram dos respectivos partidos sempre que as perderam. Bem pelo contrário: voltaram a candidatar-se e até ganharam. Não entendo - aliás, nunca entendi - esta"norma", recentemente inventada, de que quem perde eleições deve demitir-se, assim um pouco como os treinadores de futebol de antigamente (hoje, já nem no futebol é assim).
Sinal da infantilização da política? Sim, talvez, mas também de uma doença mais profunda que vai minando a democracia: a desideologização dos grandes partidos, transformados em "catch all parties", puras máquinas de angariação de votos, e a fulanização que lhe está associada. A continuarem assim, mais valia, um pouco à semelhança do que acontece nos USA, estes partidos tornarem-se de certa forma inorgânicos, sem um líder reconhecido, nomeando um candidato a primeiro-ministro, escolhido em primárias, antes de cada eleição.
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