Notas sobre a sondagem da Aximage:
- Independentemente das suas qualidades e da imagem que consegue projectar, o "score" de António Costa deve-se também ao efeito positivo da "novidade", do contraste, mais a mais quando chega a uma liderança reforçada pelas "primárias" e derrotando um inexpressivo Seguro. Tenderá a sofrer algum desgaste e, assim, Costa e o PS terão alguma dificuldade em subir, ou até mesmo em manter até às eleições, o "score" agora conseguido.
- Espantam-me os valores obtidos por um "Bloco de Esquerda" em desagregação e a voltar ao radicalismo da extrema-esquerda do PREC. Custa-me a acreditar venha a conseguir, em futuras legislativas, sequer metade da percentagem alcançada nesta sondagem. Disso poderá vir a depender também o futuro resultado do PS, que tem aí um "source of business" a explorar.
- Mesmo sabendo da tradicional fidelidade do eleitorado do PCP, do seu "núcleo duro", em que medida os votantes ocasionais do partido (que existem) se deixarão atrair pelo PS de Costa, por Marinho e Pinto ou pelo "Livre"?
- É provável que os "efeitos" Costa e "primárias" estejam a influenciar, no curto-prazo, a diminuição da abstenção. Serão esses efeitos sustentáveis? Tenho dúvidas.
- As pré-campanha e campanha - penso - tenderão a favorecer Marinho e Pinto, pelo que a tendência será para fazerem crescer os escassos 1.1% agora alcançados. Onde irá buscar os seus votos? O PS que se cuide.
- Em que medida algum aligeiramento da "austeridade", principalmente entre os pensionistas, e uma eventual remodelação governamental, com a saída dos ministros mais impopulares, irão beneficiar PSD e CDS? De notar que apesar do "furacão" Costa, o PSD, mais do que o CDS, consegue resistir sem grandes perdas.
- De notar o valor de 52.6% de intenções de voto em António Costa, o parece indiciar que Costa é bem mais abrangente do que o partido que lidera, o que já tinha sido comprovado nas últimas autárquicas. Algo que ambos, o PS e António Costa, deverão ter em conta ao delinearem a sua estratégia.
Conclusão: Demasiadas dúvidas, ainda, e uma só certeza: António Costa vale bem mais do que o partido e o efeito conjugado "Costa/primárias" mudou radicalmente as intenções de voto no PS em Outubro de 2014, o que, a ser aproveitado, pode vir a criar uma dinâmica de vitória. Mas estamos a falar de Outubro de 2014 e falta quase um ano para as legislativas num cenário de enorme volatilidade política e partidária.
Sem comentários:
Enviar um comentário