Paulo Bento chegou à FPF pouco depois do início do apuramento para o Europeu de 2012, em situação muito difícil para uma selecção que tinha conseguido apenas um ponto em seis possíveis (empate em casa com Chipre e derrota na Noruega). Qualificou a equipa para a fase final e, depois, num grupo de extrema dificuldade, com Alemanha, Holanda e Dinamarca, todos eles ex-campeões europeus (e da era moderna, não dos tempos da "bola quadrada"), chegou aos quartos-de-final e meias-finais, sendo eliminado na marcação de "pontapés da marca de grande penalidade" pela campeã do Mundo, da Europa e futura bi-campeã, que golearia a Itália na final (4-0). Foi um excelente resultado obtido com o pior conjunto de jogadores dos últimos 25 anos. Terei de recuar aos "seabrinhas", do período pós-Saltillo, para encontrar pior plantel.
Depois viria a conseguir o apuramento para o actual Mundial, naquilo que podemos considerar "serviços mínimos", um "suficiente menos", mas mesmo assim um resultado que cumpria com os objectivos. Não vai agora a selecção portuguesa cumprir os tais "serviços mínimos" apurando-se para os 1/8 de final num grupo que até nem era dos mais complicados, mas o mesmo acontecerá com a Espanha, a Inglaterra (ambos apurados para o Mundial sem recurso ao "play-off") e os que, entre os europeus, mais adiante ainda veremos. E o mesmo aconteceu com a França, campeã do Mundo em título, em 2002 (um empate e duas derrotas com zero golos marcados). Aliás, convém aqui lembrar a tradicional dificuldade das selecções europeias nos Mundiais disputados fora do seu continente, onde apenas a Espanha ganhou numa competição quando os efeitos "jet lag" e climatérico não estavam presentes (África do Sul).
Responsabilidades de Paulo Bento? Sim, numa má abordagem ao jogo com a Alemanha, tentando jogar "de igual para igual", com "pressão alta" e a linhas demasiado subidas, quando a constituição da equipa e o adversário recomendariam o contrário. Sem essa má escolha talvez a derrota tivesse sido menor ou até o empate tivesse sido possível. Má escolha de jogadores? Mas alguém é capaz de afirmar, com honestidade e pensando com o cérebro e não com outras partes do corpo menos adequadas a tal função, que Adrien, Cédric e Quaresma (os habitualmente citados; não me lembro de mais ninguém) poderiam ter feito a diferença? Responsabilidade nas demasiadas lesões musculares e numa deficiente adaptação às condições climatéricas? Sou leigo na matéria, mas penso o mesmo acontecerá com 99.999% dos que por aí oiço com opinião definitiva sobre o assunto. Aguardo as equipas médica e técnica da selecção se pronunciem.
Tendo isto em atenção, deve Paulo Bento continuar como seleccionador? Estando de fora, francamente, não vejo porque não nem onde a FPF poderá conseguir melhor opção: Del Bosque, com outras obrigações, e Roy Hodgson, podendo a FA contar com outros recursos financeiros, vão também eles continuar. Não sejamos "mais papistas do que o Papa" e preparemos racionalmente o futuro, deixando-nos de populismos e dos tradicionais "oito/oitocentismos" bacocos. Certo?
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