Numa selecção devem sempre jogar "os melhores", aqueles que, a cada momento, estejam em melhor forma? Bom, independentemente do carácter subjectivo e redutor (os melhores para fazerem o quê, para jogarem de que modo?) subjacente à definição de "os melhores" (e já não é pouca coisa), convém lembrar que uma selecção quase não tem tempo para treinar e é no treino que se implementam princípios e modelos de jogo; "automatismos", se quisermos utilizar o termo mais habitual. Ora isso é impossível se, a cada momento, o seleccionador optar por esses tais "melhores", a não ser que, em vez de uma equipa, prefira ter um amontoado de 11, 14 ou 23 jogadores num conjunto sem qualquer nexo. Por isso, em qualquer selecção com um mínimo de ambições existe sempre um "núcleo duro", que forma a estrutura da equipa, ao qual, "au fur et à mesure", se vão juntando alguns, poucos, que vão dando provas de qualidade de jogo e maturidade competitiva para poderem constituir uma opção que comprovadamente possa acrescentar valor ao colectivo. Aliás, não é por acaso que as selecções que assentam a sua estrutura num clube - no modo como esse clube joga -, como foi o caso da Espanha nos últimos ano e é agora o caso desta Alemanha, um género de Bayern "reforçado", têm normalmente maiores possibilidades de êxito. O mesmo aconteceu, aliás, no já muito longínquo 1966 com a selecção portuguesa, formada na base do SLB, e, em menor escala, com a selecção de 2004, baseada no FCP de Mourinho.
Por isso mesmo, mais do que "os melhores", devem jogar aqueles que "dêem mais garantias" a quem os dirige, isto é, aqueles que, pela sua qualidade técnica, maturidade e capacidade competitiva, pela sua experiência em determinado contexto colectivo e competitivo, melhor e de forma mais qualificada possam pôr em prática uma ideia de jogo previamente definida a assimilidada. Ora se Paulo Bento cometeu erros na abordagem dos jogos com a Alemanha e com os USA - e já aqui e aqui os nomeei, depois do primeiro jogo e antes do segundo - não se poderá alguma vez dizer que não seguiu, na lógica das suas convocatórias, um padrão adequado ao que acima descrevo, tendo juntado ao tal "núcleo duro" jogadores que tinha vindo a integrar gradualmente, tais como William Carvalho, André Almeida, Éder e Rafa e tendo incluído na lista dos 30 alguns outros nomes (João Mário, André Gomes, Ivan Cavaleiro, Anthony Lopes, etc). O resto, o que se diz por aí, com algumas notáveis excepções como esta, é um misto lamentável e explosivo de ignorância e do populismo do mais desbragado. "Vão-se catar"!
Sem comentários:
Enviar um comentário