quarta-feira, junho 11, 2014

O que penso do Mundial

Devo dizer que estou longe e ser um "fanático" dos Mundiais. Em primeiro lugar porque estou longe de me entusiasmar com o futebol de selecções. Cada vez mais, o futebol é um confronto global de ideias e modelos de jogo e de treino, tácticas estudadas com máximo rigor, métodos de gestão e modelos de negócio, filosofias e culturas de organizações, estilos de comunicação e liderança, e é este conjunto de factores que vai contribuindo para que nos apaixonemos cada vez mais pelo jogo. Ora, no seu conjunto, isto está longe de acontecer em equipas (selecções) onde os jogadores são "pescados" em vários clubes (muitas vezes rivais entre si), cada um desses clubes com as sua própria cultura, quase não tendo oportunidade de treinar em conjunto e sem tempo para apreenderem o que quer que seja de novos modelos de jogo, organização e liderança - quando eles existam, o que não é fácil de acontecer em grupos formados de modo quase "ad hoc" e para períodos de tempo curtos. Apenas aqui e ali, quando a base de uma selecção é formada por jogadores maioritariamente oriundos de um só clube (ou tal aconteça com os seus jogadores-chave), como aconteceu com a Espanha/Barça ou, de forma um pouco menos evidente, com a Itália/Juve dos últimos anos, se torna possível fugir significativamente a esta lógica. Acresce que se há alguns anos os Mundiais constituíam oportunidade privilegiada para ver em acção alguns dos melhores jogadores do mundo, hoje em dia eles "entram-nos pela casa dentro" quase todos os dias da semana.

Por outro lado, com a sobrecarga dos jogos realizados durante a época, muitos dos melhores jogadores chegam aos Mundiais em má forma ou, por lesões motivadas por uma época longa, dele estão ausentes. Por último, e já não falando na histeria patrioteira que costuma grassar um pouco por todo o lado, com especial destaque para as televisões deste país, para ser franco e honesto muitos dos jogos, pelo menos na primeira fase, não interessam mesmo a quase ninguém, sendo esse quase composto exclusivamente pelos nacionais dos respectivos países. Por exemplo, alguém perde tempo a ver um México-Camarões, um Irão-Nigéria, um Costa do Marfim-Japão ou até um Suiça-Equador, para me ficar apenas pelos primeiros cinco dias? Pouca gente, mesmo, se excluirmos os respectivos nacionais. Compreendo, aceito e até concordo a FIFA, com os Mundiais de 32 selecções, tenha como intenção promover o futebol em alguns países onde ele esteja ainda numa fase de conquista de popularidade, mas para os espectadores do primeiro-mundo do futebol são estes jogos o preço a pagar. Mas adiante.

Posto isto, que dizer? Que lá irei ver os principais jogos, com interesse mas sem demasiada paixão, até mesmo com algum desprendimento, sendo claro que, adepto de Paulo Bento pela sua competência, sentido profissional e personalidade vincada, desejo a melhor sorte à selecção portuguesa, pela qual irei torcer. Mas sem exageros e longe, muito longe, do sofrimento, das palpitações e suores frios com que assisto a alguns jogos do meu "Glorioso". A época, essa começa a 10 de Agosto.  

1 comentário:

Anónimo disse...

Nem mais.

A histeria mediatica que pulula, sobretudo nas TV´s de canal aberto é um verdadeiro atentado à inteligência.
Felizmente existe o cabo e o glorioso.

Cumprimentos