Pensava que já tinha visto tudo. De um "Dia Seguinte" onde dirigentes desportivos demonstram a sua mediocridade e vistas curtas, a um abjecto "Prolongamento" onde um político, um cirurgião e um empresário/jornalista/"entertainer" oferecem ao país um espectáculo degradante. No meio, um "Trio de Ataque" onde, apesar de um ténue esforço de dois dos participantes para assumirem uma muito pequena dose de isenção, se discute tudo menos o que realmente interessa no futebol. Confesso os meus pecados: já tentei ver, mas ao fim de cinco minutos, irritado, mudei de canal, não fosse perder o controlo e partir a televisão. Também já sabia daqueles intermináveis directos sobre coisa nenhuma, idas e vindas de "claques", escoltadas pela polícia, e opiniões de adeptos mais ou menos enfurecidos e acéfalos. Também os espaços de "Opinião Pública" e os inquéritos aos quais cada um responde de acordo com a sua preferência clubística. Mas nos últimos tempos tivemos mais: na TVI, para além de um programa "contentinho de si próprio" ("Mais Futebol") e que se pretende "engraçadote", mas que não chegando ao ponto de ser visível pelo menos não ofende demasiado, um espaço ("Contragolpe") onde gente rasca e ordinária, com os quais teria vergonha de ser visto na rua não fosse já me ter deixado há longo tempo de tais pruridos, esgrime(?), em alta berraria, argumentos(?) como se estivesse num combate de "catch as catch can" do velho Parque Mayer de antanho. Na SIC lá continua o inenarrável Rui Santos e as suas teorias da conspiração, acompanhado por alguém que admiro e respeito como jogador (Manuel Fernandes) mas que nunca demonstrou capacidades para mais, e um tal António Oliveira, apenas o pior seleccionador da moderna História do Futebol Português. Um dia destes, Toni regressado ao Iraque (ou ao Irão, tanto faz: as palavras que utilizei para com Manuel Fernandes ajustam-se ao que penso sobre Toni), estava também por lá Abel Xavier, cujo perfil e afirmações recentes me dispenso de comentar. Para tornar tudo ainda pior, o SLB-SCP foi adiado, deixando aquele género de gente a falar sem assunto, o que, tendo em atenção o que costumam discutir, não os deve ter incomodado demasiado. Assim vai o futebol nas televisões, salvando-se o esforço da SportTV e do seu "Resultado Final" e a inteligência e conhecimentos de Carlos Daniel na "Grande Área". Convenhamos que quem gosta de futebol - do jogo, do espectáculo, da gestão dos clubes e da indústria - tem mais do que razões para se sentir envergonhado. E os jornalistas?
2 comentários:
Às vezes apetece ser cínico: mas não está isso ao nível do futebol que temos? Ou, extrapolando: não está isso ao nível da vida pública que temos?
Apesar de tudo, acho que a vida pública ainda está um "degrauzinho" acima.
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