Ok, o povo português deixou quase pacatamente que o governo vendesse a EDP e a REN a um mesmo Estado estrangeiro, onde não existe qualquer liberdade, nem sequer de iniciativa ou empresarial, e agora revolta-se quanto à venda no estrangeiro de uma colecção de obras de Miró. Que tenho eu a dizer a esta argumentação? Que ainda bem que se revolta pela venda de um património artístico, de obras de um grande pintor do século XX, pois tal significa que, apesar dos esforços em contrário deste governo, ainda lhe resta alguma sensibilidade, alguma dignidade aristocrática e não está reduzido a uma qualquer espécie de untermensch unicamente destinada à subsistência enquanto for capaz de produzir. Neste caso, o povo demonstrou bem não merecer o governo que tem nem a tentativa deste para transformar a política e a governação numa tarefa digna do "Manelinho" dos livros da Mafalda.
Já agora: sim, Joan Miró era catalão e não tinha qualquer ligação a Portugal. Mas Hieronymus Bosch também não era português, não consta alguma vez por cá tenha passado e espero ninguém se lembre um dia de ir às Janelas Verdes e decida leiloar "As Tentações de Santo Antão". Se, in illo tempore, o racional tivesse sido o mesmo, onde estaria hoje o quadro de Bosch?
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