sexta-feira, dezembro 13, 2013

A entrevista(?) de Passos Coelho

Mais do que a uma entrevista, que nenhuma questão de actualidade justificava (mesmo o OE quase não foi abordado), Passos Coelho e o governo tiveram ontem direito a um gigantesco "tempo de antena", oferecido pela TSF e pela TVI e proporcionado por dois jornalistas demasiado dóceis que actuaram mais como "régisseurs" de pista de um qualquer circo pretensioso, quais Mr. François França dando as "entradas" para que o "verdadeiro artista" pudesse brilhar, do que como gente que pretende dignificar-se e à sua profissão. Sendo a TVI e a TSF empresas privadas, embora no caso da TSF tenha hoje em dia dúvidas sobre o grau de tutela exercido pelo Estado angolano, estão ambas no seu pleníssimo direito, embora mande o rigor que se designe cada coisa pelo nome que melhor a defina. E chamar entrevista (e, já agora, jornalismo) àquilo a que assistimos, devo dizer me parece francamente exagerado. Enfim... são estes os tempos que vivemos.

Já agora: a única novidade digna desse nome foi termos ficado a saber que Passos Coelho gostaria de "amarrar" o CDS a uma coligação para as próximas eleições, "armadilhando" assim Paulo Portas (irrevogavelmente) e o seu partido à actual governação. Para os que tinham dúvidas - e eu nunca as tive - está bem à vista o que Portas ganhou com a sua demissão "irrevogável" e com a sua "promoção" e a do seu partido no seio do actual governo. Foi buscar lã e saiu "peladinho". Digamos que não foi mal feito.

4 comentários:

Vic disse...

Meu caro
Sempre tive em grande consideração a qualidade do jornalismo feito na TSF (na TVI nem tanto) mas no último sábado, tive a sorte (ou o azar) de ver o Paulo Baldaia no Eixo do Mal da Sic Notícias, e confesso que fiquei perplexo. É que mesmo o Pedro Marques Lopes que é um PSD confesso (embora nos últimos tempos tenha passado a adoptar uma posição muito a la Pacheco Pereira) não seria capaz de defender este governo como o Paulo Baldaia.
Portanto, a actuação dele ontem, nada me surpreendeu já. O problema é que me deixou de pé atrás em relação à informação praticada na TSF e pôs em causa uma crença que eu tinha na estação, o que me deixou de certo modo triste.
Da Judite de Sousa, não esperava mais. Penso que em anteriores entrevistas já tinha dado sinais de ser demasiado simpática para os entrevistados.
De qualquer forma, aquelas entrevistas parecem-me quase sempre de "encomenda", portanto, o que não nos ilude, não nos pode desiludir. Foi uma hora e tal de uma mão cheia de nada.

Abraço

JC disse...

A qualidade do jornalismo e da informação da TSF tem vindo a deteriorar-se nos últimos tempos. Para além de acordar habitualmente com o noticiário das 20.30h, já só oiço o "Bloco Central" (c/ os Pedros, Adão e Silva e Marques Lopes) e, por vezes, as intervenções de Freitas Lobo no "Jogo Jogado", já que o outro comentador (João Rosado) é deprimente. E devo dizer-lhe, e isto independentemente das suas posições políticas, nunca tive Paulo Baldaia em boa conta. Aliás, o processo estende-se a todo o grupo Controlinveste, já que o DN (do JN nem vale a pena falar), dirigido por alguém medíocre como João Marcelino, está em processo de tablóidização. Enfim...

Vic disse...

Os programas do Carlos Vaz Marques também são de grande qualidade (aliás, o Governo Sombra é dos melhores exercícios radiofónicos - agora também televisivos - que se fazem por cá (Ricardo Araújo Pereira e Pedro Mexia são uma lufada de ar fresco no panorama intelectual português), tal como as intervenções de Fernando Alves.
De resto, também pouco mais ouço já. O Jogo Jogado também ouço sempre, e aprecio o Freitas Lobo, embora me pareça que nos últimos tempos a sua visão do futebol se tenha teorizado demais. Talvez por isso, tenha também desaparecido um pouco de outros palcos onde se fala de futebol a sério.
Já agora, e sabendo que não é um adepto de programas de TV do género Dia Seguinte, proponho-lhe dar uma mirada no Trio de Ataque, agora composto por Jorge Gabriel (SCP), Miguel Gudes (FCP) e João Gobern (SLB). Embora por vezes se caia como noutros programas do género, em discussões desinteressantes, penso que João Gobern e Jorge Gabriel têm intervenções assertivas e desapaixonadas, nunca passando a imagem do adepto faccioso. Dentro do que a TV nos oferece, não deixa de ser uma opção a ter em conta.

Um abraço

JC disse...

1. Sim, concordo c/ o que diz sobre o Carlos Vaz Marques.
2. Continuo a achar que o Freitas Lobo sabe falar de futebol, embora goste mais dele na análise do que como comentador dos jogos na TV.
3. Não consigo ver o Trio de Ataque. Ao fim de 5' começo a ficar irritado. Apenas vejo o "Resultado Final", na SportTV, com Freitas Lobo e Pedro Henriques (o ex-jogador)e "Grande Área", às 3ªs feiras na RTPInfo,e apenas por causa do Carlos Daniel, que sabe de bola e tb sabe pensar. O resto... bah!...