- O PS é contra a cobrança de taxas no Multibanco. Trata-se de uma afirmação popular, como tal destinada a render uns "votozitos", já que toda a gente, excepto naturalmente os banqueiros e seus representantes, não quererá ver o seu orçamento sobrecarregado com mais gastos, acrescendo que os Bancos não serão hoje - e com razão - as instituições mais populares no mundo civilizado. Mas, claro, convém lembrar que estamos ainda perante o que se pode chamar de "uma vaga ideia", apenas uma hipótese catapultada para a actualidade por um Fórum TSF onde um assunto deste tipo rende sempre popularidade fácil. Que um partido de governo, como o PS, venha de imediato a terreiro por aquilo que quase se pode considerar ainda um "não-assunto", já só a mais despudorada "caça ao voto" pode explicar.
- O PS defende a demissão de Nuno Crato. Certo, estamos perante talvez o mais radical e "revolucionário" dos ministros deste governo, com uma agenda ideológica marcada que tem tudo para correr mal - ou até muito mal. Mas faz sentido, não estando em causa razões como a sua idoneidade (não atentou nem mostrou desrespeito pelo Estado Democrático, não mentiu ao Parlamento, não consta tenha cometido ou se suspeite tenha cometido ilegalidades graves no passado ou na sua vida "civil" - digamos assim -, com repercussões na sua vida política, etc), pedir a demissão de um ministro de um governo legitimamente eleito apenas por discordância com a sua linha política? Até porque, ao contrário do que aconteceu com Passos Coelho, Crato nunca escondeu ao que vinha e dedicou até vários anos a anunciá-lo. Cavaco Silva, por exemplo, no "caso das escutas", conspirou e atentou contra o governo legítimo da República, o que é de gravidade extrema, e infelizmente nunca vi o PS pedir a sua demissão.
- O PS é favorável a uma comissão de inquérito aos estaleiros de Viana do Castelo, aderindo assim à proposta do PCP. Certo: todos temos dúvidas, muitas ou poucas, sobre o modo como se processou a gestão da empresa e sobre as decisões que conduziram à actual situação. E, como é evidente, é a Assembleia da República o local adequado para que tudo se esclareça. Mas, devo dizer, aqui concordo com a posição do PSD: se estamos ainda em pleno processo de audições, porque não se aguarda a sua conclusão, para depois, caso exista matéria que o justifique, se decidir sobre a necessidade ou não da referida comissão? É este o procedimento normal, não é assim?
Bom, serve todo este "arrazoado" para concluir que, infelizmente, o PS parece estar sem estratégia, como que encurralado, decidindo assim atirar a tudo o que mexe com esperança tal o possa salvar. Até poderá resultar, e pode ser que o PS consiga assim chegar ao governo em 2015. Mas o problema, num país em que os cidadãos desconfiam (ou até pior do que isso) dos partidos e dos políticos, o pior, dizia, virá depois.
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